18 março 2015, Redecastorphoto http://redecastorphoto.blogspot.com
(Brasil)
17/3/2015, Yves Smith*, Naked
Capitalism
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Aqui quem lhes
fala é Yves. A história principal apareceu no Financial Times, “Europeus
desafiam EUA e unem-se ao novo Banco de Desenvolvimento liderado pela China”.
Principais parágrafos do artigo:
França, Alemanha
e Itália todos concordaram em acompanhar a Grã-Bretanha e unir-se ao banco de
desenvolvimento internacional liderado pela China, segundo declararam
funcionários europeus, o que é duro golpe contra os esforços dos EUA, que tanto
se esforçou para manter os principais países ocidentais fora da nova
instituição (...)
A decisão dos
três governos europeus veio depois que a Grã-Bretanha anunciou, semana passada,
que se unirá ao Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, BAII [orig.
Asian Infrastructure Investment Bank, AIIB] com capital de US$ 50 bilhões,
rival potencial do Banco Mundial
comandado por Washington. (...)
O AIIB, que foi
lançado formalmente, ano passado, pelo presidente Xi Jiping da China, é um dos
elementos da empreitada para criar novas instituições econômicas e financeiras
que ampliarão a influência internacional chinesa. Foi questão sempre central na
crescente oposição entre China e EUA, na disputa pelo controle das vias
econômicas e rotas comerciais na Ásia para as próximas décadas (...).
A Grã-Bretanha
conta com estabelecer-se como principal destino das dos investimentos chineses,
e funcionários britânicos não dão sinais de qualquer arrependimento. Um deles
sugeriu que as críticas que estavam sendo feitas pela Casa Branca não passaria
de caso clássico de ‘uvas verdes’: “Não conseguem que o Congresso aprove a
associação com o banco chinês, por mais que a associação interesse aos EUA.
Grã-Bretanha, Austrália, Nova
Zelândia, Cingapura e Índia já assinaram. Quem será o próximo? Coreia do Sul?
Esta semana,
dois dos principais aliados dos EUA – dois dos “Cinco Olhos” –
atropelaram os pedidos dos EUA e uniram-se ao banco de desenvolvimento chinês
(...) novo concorrente do FMI e do Banco Mundial controlados pelos EUA (antes,
um terceiro membro dos “Cinco Olhos” – a Nova Zelândia – já se havia associado
ao banco chinês.)
Esta semana,
especificamente, Grã-Bretanha e Austrália incorporaram-se ao banco de
desenvolvimento chinês.
[A decisão da
Grã-Bretanha de unir-se ao banco chinês de desenvolvimento foi tomada], de
fato, praticamente sem qualquer consulta ou discussão com os EUA.
Temos graves
desconfianças dessa recorrente acomodação com a China, que não nos parece a
melhor maneira de enfrentar uma potência emergente.
Fundamentalmente,
Washington encara a aventura chinesa como desafio declarado às instituições do
pós-guerra, que são lideradas pelos EUA e, em menos extensão, pelo Japão, e o
governo Obama já está pressionando seus aliados para que não participem (...)
***
Coreia do Sul e
Austrália, dois países que contam com a China como principal parceiro
comercial, consideraram seriamente a associação, mas ainda não se decidiram em
grande parte por conta dos reiterados pedidos de Washington, inclusive apelo
especial, feito pelo presidente Obama, diretamente ao presidente da Austrália.
Zero Hedge já
avisava, semana passada:
Em rápida
sequência, Austrália e Coreia do Sul provavelmente embarcarão na empreitada
chinesa, e, quando acontecer, o estigma que os EUA criaram em torno do tal
banco já terá desaparecido completamente (se é que já não desapareceu), abrindo
a porta para que outros “aliados” dos EUA embarquem também ao lado da China (...).
A decisão tomada
pelo governo Abbott de incorporar-se ao banco regional chinês (...) é mais uma
derrota para a diplomacia norte-americana na Ásia.
***
O movimento
de Camberra segue de perto decisões semelhantes tomadas por
Grã-Bretanha, Singapura, Índia e Nova Zelândia.
Que ninguém se engane: tudo
isso representa derrota colossal para a diplomacia incompetente, sem foco,
canhestra do governo Obama para a Ásia.
***
Depois disso, o
governo Abbott já não manifesta absolutamente qualquer boa vontade subjetiva em
relação ao governo dos EUA.
É visão da qual partilham
muitos dos aliados dos EUA.
***
O governo dos
EUA não teve nem presença continuada, nem prontidão tática, nem boa-vontade
suficiente ou os necessários contatos para convencer Canberra, ou outros
aliados, em questões não essenciais.
***
Atualmente, o prestígio dos
enviados dos EUA na Ásia depende, desproporcionalmente, dos militares
norte-americanos.
Os EUA
descuidaram e trataram muito mal seus aliados; resultado disso, Washington tem
hoje menos influência que antes.
A saga do Banco da China é
praticamente caso exemplar, a ser estudado, do fracasso da política exterior do
governo dos EUA.
***
Obama trata mal os aliados e,
resultado disso, perde a influência que teria sobre eles e, depois, sempre se
mostra surpresíssimo com o resultado.
***
O consenso é que a Casa Branca
é insular, isolada, autorreferente, focada só na imagem pessoal do presidente e
impressionantemente ineficaz na política exterior.
*Yves Smith passou mais de 25 anos na indústria de serviços
financeiros e atualmente dirige a Aurora Advisors, empresa de
consultoria sediada em New York, especializada em consultoria de
finanças corporativas e serviços financeiros. Sua experiência inclui trabalho
na Goldman Sachs (em finanças corporativas), McKinsey & Co. e Sumitomo Bank
(como chefe de fusões e aquisições). Yves já escreveu para várias publicações
nos EUA e na Austrália, incluindo The New York Times, The
Christian Science Monitor, Slate, The Review Conference
Board, Institutional Investor, The Daily Deal e
na Australian Financial Review. É graduada no Harvard College e no Harvard
Business School. Anima o blog Naked Capitalism desde
2006.
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