sábado, 14 de março de 2015

Brasil/MST emite nota ao povo brasileiro sobre ameaças contra Stédile

12 março 2015, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

O MST emitiu nesta quarta-feira (12) uma nota ao povo brasileiro sobre as ameaças que circulam na internet contra o dirigente nacional do movimento, João Pedro Stédile. Nesta terça-feira (11) o guarda municipal de Macaé, Paulo Mendonça, publicou em sua conta pessoal no Facebook um anúncio onde pede “Stédile vivo ou morto” e oferece recompensa de R$10 mil. A incitação ao crime foi encaminhada às autoridades pertinentes. 


Leia na íntegra a carta do MST: 

NOTA AO POVO BRASILEIRO 

Circula pelas redes sociais da internet um anúncio que pede “Stedile vivo ou morto”. Apresentando-o como líder do MST e “inimigo da Pátria”, o autor oferece uma recompensa de R$ 10 mil para quem atender o seu pedido. Em outras palavras, está incentivado e prometendo pagar para matar uma pessoa, no caso João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST. 

Há indícios que a ação criminosa partiu da conta pessoal no facebook de Paulo Mendonça, guarda municipal de Macaé (RJ). E foi, imediatamente, reproduzida pela maioria das redes sociais que
diariamente destilam ódio contra os movimentos populares, migrantes, petistas e agora, especialmente, contra a presidenta Dilma Rousseff. São as mesmas redes sociais, em sua maioria, que estão chamando a população para os atos do dia 15/3, para exigir a saída de Dilma do cargo de Presidenta da República, eleita legitimamente em 2014.
 
Já foram tomadas as providências, junto às autoridades, para que o autor do cartaz e todos os que estão fazendo sua divulgação, com o mesmo propósito, sejam investigados e responsabilizados criminalmente, uma vez que são autores do crime de incitação à pratica de homicídio.

Mas o panfleto é apenas um reflexo dos setores da elite brasileira que estão dispostos a promover uma onda de violência e ódio, com o intuito de desestabilizar o governo e retomar o poder, de onde foram afastados com a vitória petista nas urnas em 2002.
 
Para estes setores não há limites, nem sequer bom senso. Recusam-se a aceitar a vontade da população manifestada no processo democrático de eleger seus governantes. 

Deixam-se levar por instintos golpistas, embalados pelo apoio e a conivência da mídia conservadora e anti-democrática. Usam a retórica do combate a corrupção e da necessidade de afastar os que consideram estar destruindo o país, para flertar com a ruptura democrática. Posam de democráticos esquecendo que os governos da ditadura militar também diziam ser. 

São os mesmo que cometeram, impunemente, o crime de lesa-pátria com a política de privatizações, na década de 1990. 

O panfleto, e o que se vê nas ruas e redes sociais, é reflexo, sobretudo, de uma mídia partidarizada, que manipula, distorce e esconde informações, ao mesmo tempo que promove o ódio e o preconceito contra os que pensam diferente. O teólogo Leonardo Boff tem razão quando responsabiliza a mídia, conservadora, golpista, que nunca respeitou um governo popular, pela dramaticidade da crise política instalada no país. E corajosamente nomina os promotores do caos em que querem jogar o país: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo e a perversa e mentirosa revista Veja. 

Um poder midiático que tem a capacidade de sequestrar partidos políticos e setores dos poderes republicanos. 

Essa mídia, órfã de ética e de responsabilidade social, é que forma seus leitores com a mentalidade do autor que fez o criminoso cartaz sobre Stedile. É quem alimenta as redes sociais com os valores mais anti-sociais e incivilizatórios. 

Os tucanos, traindo sua origem socialdemocrata, fazem oposição ao governo alimentando um ódio coletivo inicialmente restrito à classe alta, mas agora espraiado em todos os segmentos sociais, contra um partido político e a presidenta eleita. Imaginam que serão beneficiados com o caos que querem instalar, envergonhando, com essa política rasteira, os seus que os antecederam. 

Um monstro foi criado pela forma como os tucanos escolheram fazer oposição ao governo petista e pela irresponsabilidade da mídia empresarial. A violência e o ódio estão se naturalizando pelas ruas. Essa criatura já escolheu suas vítimas primeiras: os casais homossexuais e seus filhos, os imigrantes, pobres das periferias, dirigentes de movimentos populares e militantes políticos de esquerda. Mas não raras vezes, essas criaturas, sempre ávidas de violência e intolerância, não poupam sequer seus criadores e os que hoje os acompanham. 
Haverá uma longa jornada para superar as dificuldades criadas pelos que se opõe a construir um país socialmente justo, democrático e igualitário.
 
A começar por uma profunda reforma política, que nos leve a uma nova Assembleia Nacional Constituinte, exclusiva e soberana. É preciso taxar as grandes fortunas e enfrentar o poder dos rentistas e do sistema financeiro. Batalhas tão urgentes e necessárias quanto as de enfrentar o desafio de democratizar comunicação para assegurar, igualmente, a liberdade de expressão e o direito à informação, direitos bloqueados pelo monopólio da comunicação existente no país. 

Somente assim, os saudosistas dos governos ditatoriais serão derrotados, e o povo terá a consciência de que defender o pais é lutar pela democracia, e não o contrário, como imagina hoje o autor do cartaz criminoso. 

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST 
São Paulo, 12 de março de 2015 

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Grupo ameaça Stédile: “vivo ou morto, R$10 mil de recompensa”

Do Portal Vermelho

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Brasil/Grupo ameaça Stédile: “vivo ou morto, R$10 mil de recompensa”

11 março 2015, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

O guarda municipal de Macaé, a 180 quilômetros da capital carioca, Paulo Mendonça, compartilhou em sua conta pessoal no Facebook um anúncio onde pede “Stédile vivo ou morto”, com recompensa de R$ 10 mil. A imagem é acompanhada de um discurso de ódio contra os movimentos sociais, imigrantes e governos progressistas. O guarda pede ajuda dos “militares de carreira e oficiais do nosso querido Exército” para combater o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile. 


Com devaneios incoerentes, o guarda coloca no mesmo grupo o povo cubano, os imigrantes haitianos, o crime organizado paulistano, os partidos políticos de esquerda e os movimentos sociais.

Segundo ele, há uma “ordem do PCC (organização criminosa intitulada Primeiro Comando da Capital)” para que “cubanos e a haitianos” queimem ônibus na capital paulista no domingo (15) para desviar a atenção da manifestação contra a presidenta Dilma, e vai ainda mais longe: garante que tudo é orquestrado por João Pedro Stédile. 

A perseguição a Stédile foi impulsionada, segundo o guarda, pelas amplas manifestações que o MST vem fazendo nas últimas semanas. Milhares de mulheres camponesas têm ocupado empresas multinacionais ligadas ao agronegócio em diversos estados para reivindicar direito à produção saudável e soberania alimentar. 

Paulo Mendonça é enfático ao exigir um golpe militar “para defender o povo brasileiro”, o mesmo argumento usado pelos setores reacionários da sociedade durante o golpe militar de 1964 contra o presidente João Goulart. “O povo que irá às ruas [no dia 15] está disposto ao enfrentamento, está na hora de o Exército sair dos quartéis e proteger o povo pois esta é uma das obrigações do Exército, pois estamos com grupos de paramilitares cubanos e haitianos, envolvidos nos grupos do PT e MST”. 

O discurso de ódio disseminado na internet contra os movimentos sociais e os partidos de esquerda vem crescendo, sempre baseado na intolerância e ignorância. É comum ver ataques desrespeitosos na página oficial do MST. No entanto, os ataques não estão só na internet, há casos de violência física e moral por cunho ideológico. 

Recentemente uma família teve a casa invadida em Chapecó, no interior de Santa Catarina, por ter colocado bandeiras do MST na varanda; o humorista Gregório Duvivier foi hostilizado em um restaurante por “ser petista”. Esses são apenas casos que ganharam repercussão nacional, mas há outros. 

“Contra partidos e contra tudo que está aí”, esse setor reacionário não propõe e não agrega ao cenário político, apenas ataca e desqualifica. Não há argumentos sólidos contra o MST, ou outros movimentos sociais, sequer contra os partidos políticos, apenas palavras chave que são mudadas conforme a ocasião para incitar a violência. É comum que “Venezuela”, “ditadura” e “baderneiros” sejam usados na mesma frase, normalmente seguida de um pedido de golpe militar. 

A ignorância e a violência desenfreada deste setor é o que alavanca as manifestações de ódio. Fruto de uma manipulação constante da mídia e de páginas de origem duvidosa na internet, eles estão prontos para ir à guerra contra tudo que se pareça com organização política ou social. 

Do Portal Vermelho


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