12 março
2015, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
O MST emitiu nesta quarta-feira (12) uma nota
ao povo brasileiro sobre as ameaças que circulam na internet contra o dirigente
nacional do movimento, João Pedro Stédile. Nesta terça-feira (11) o guarda
municipal de Macaé, Paulo Mendonça, publicou em sua conta pessoal no Facebook um anúncio onde pede
“Stédile vivo ou morto” e oferece recompensa de R$10 mil. A incitação
ao crime foi encaminhada às autoridades pertinentes.
Leia na íntegra a
carta do MST:
NOTA AO POVO BRASILEIRO
Circula pelas redes sociais da internet um anúncio que pede “Stedile vivo ou morto”. Apresentando-o como líder do MST e “inimigo da Pátria”, o autor oferece uma recompensa de R$ 10 mil para quem atender o seu pedido. Em outras palavras, está incentivado e prometendo pagar para matar uma pessoa, no caso João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST.
NOTA AO POVO BRASILEIRO
Circula pelas redes sociais da internet um anúncio que pede “Stedile vivo ou morto”. Apresentando-o como líder do MST e “inimigo da Pátria”, o autor oferece uma recompensa de R$ 10 mil para quem atender o seu pedido. Em outras palavras, está incentivado e prometendo pagar para matar uma pessoa, no caso João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST.
Há indícios que a ação criminosa partiu da conta pessoal no facebook de Paulo
Mendonça, guarda municipal de Macaé (RJ). E foi, imediatamente, reproduzida
pela maioria das redes sociais que
Já foram tomadas as providências, junto às autoridades, para que o autor do cartaz e todos os que estão fazendo sua divulgação, com o mesmo propósito, sejam investigados e responsabilizados criminalmente, uma vez que são autores do crime de incitação à pratica de homicídio.
Mas o panfleto é
apenas um reflexo dos setores da elite brasileira que estão dispostos a
promover uma onda de violência e ódio, com o intuito de desestabilizar o
governo e retomar o poder, de onde foram afastados com a vitória petista nas
urnas em 2002.
Para estes setores não há limites, nem sequer bom senso. Recusam-se a aceitar a vontade da população manifestada no processo democrático de eleger seus governantes.
Deixam-se levar por instintos golpistas, embalados pelo apoio e a conivência da mídia conservadora e anti-democrática. Usam a retórica do combate a corrupção e da necessidade de afastar os que consideram estar destruindo o país, para flertar com a ruptura democrática. Posam de democráticos esquecendo que os governos da ditadura militar também diziam ser.
São os mesmo que cometeram, impunemente, o crime de lesa-pátria com a política de privatizações, na década de 1990.
O panfleto, e o que se vê nas ruas e redes sociais, é reflexo, sobretudo, de uma mídia partidarizada, que manipula, distorce e esconde informações, ao mesmo tempo que promove o ódio e o preconceito contra os que pensam diferente. O teólogo Leonardo Boff tem razão quando responsabiliza a mídia, conservadora, golpista, que nunca respeitou um governo popular, pela dramaticidade da crise política instalada no país. E corajosamente nomina os promotores do caos em que querem jogar o país: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo e a perversa e mentirosa revista Veja.
Um poder midiático que tem a capacidade de sequestrar partidos políticos e setores dos poderes republicanos.
Essa mídia, órfã de ética e de responsabilidade social, é que forma seus leitores com a mentalidade do autor que fez o criminoso cartaz sobre Stedile. É quem alimenta as redes sociais com os valores mais anti-sociais e incivilizatórios.
Os tucanos, traindo sua origem socialdemocrata, fazem oposição ao governo alimentando um ódio coletivo inicialmente restrito à classe alta, mas agora espraiado em todos os segmentos sociais, contra um partido político e a presidenta eleita. Imaginam que serão beneficiados com o caos que querem instalar, envergonhando, com essa política rasteira, os seus que os antecederam.
Um monstro foi criado pela forma como os tucanos escolheram fazer oposição ao governo petista e pela irresponsabilidade da mídia empresarial. A violência e o ódio estão se naturalizando pelas ruas. Essa criatura já escolheu suas vítimas primeiras: os casais homossexuais e seus filhos, os imigrantes, pobres das periferias, dirigentes de movimentos populares e militantes políticos de esquerda. Mas não raras vezes, essas criaturas, sempre ávidas de violência e intolerância, não poupam sequer seus criadores e os que hoje os acompanham.
Haverá uma longa jornada para superar as dificuldades criadas pelos que se opõe a construir um país socialmente justo, democrático e igualitário.
A começar por uma profunda reforma política, que nos leve a uma nova Assembleia Nacional Constituinte, exclusiva e soberana. É preciso taxar as grandes fortunas e enfrentar o poder dos rentistas e do sistema financeiro. Batalhas tão urgentes e necessárias quanto as de enfrentar o desafio de democratizar comunicação para assegurar, igualmente, a liberdade de expressão e o direito à informação, direitos bloqueados pelo monopólio da comunicação existente no país.
Somente assim, os saudosistas dos governos ditatoriais serão derrotados, e o povo terá a consciência de que defender o pais é lutar pela democracia, e não o contrário, como imagina hoje o autor do cartaz criminoso.
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST
São Paulo, 12 de março de 2015
Leia também
Grupo ameaça Stédile: “vivo ou morto, R$10 mil de recompensa”
Do Portal Vermelho
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Brasil/Grupo
ameaça Stédile: “vivo ou morto, R$10 mil de recompensa”
11 março
2015, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
O guarda municipal de Macaé, a 180 quilômetros da
capital carioca, Paulo Mendonça, compartilhou em sua conta pessoal no Facebook
um anúncio onde pede “Stédile vivo ou morto”, com recompensa de R$ 10 mil. A
imagem é acompanhada de um discurso de ódio contra os movimentos sociais,
imigrantes e governos progressistas. O guarda pede ajuda dos “militares de
carreira e oficiais do nosso querido Exército” para combater o dirigente
nacional do MST, João Pedro Stédile.
Com devaneios
incoerentes, o guarda coloca no mesmo grupo o povo cubano, os imigrantes
haitianos, o crime organizado paulistano, os partidos políticos de esquerda e
os movimentos sociais.
Segundo ele, há uma “ordem do PCC (organização criminosa intitulada Primeiro Comando da Capital)” para que “cubanos e a haitianos” queimem ônibus na capital paulista no domingo (15) para desviar a atenção da manifestação contra a presidenta Dilma, e vai ainda mais longe: garante que tudo é orquestrado por João Pedro Stédile.
A perseguição a Stédile foi impulsionada, segundo o guarda, pelas amplas manifestações que o MST vem fazendo nas últimas semanas. Milhares de mulheres camponesas têm ocupado empresas multinacionais ligadas ao agronegócio em diversos estados para reivindicar direito à produção saudável e soberania alimentar.
Paulo Mendonça é enfático ao exigir um golpe militar “para defender o povo brasileiro”, o mesmo argumento usado pelos setores reacionários da sociedade durante o golpe militar de 1964 contra o presidente João Goulart. “O povo que irá às ruas [no dia 15] está disposto ao enfrentamento, está na hora de o Exército sair dos quartéis e proteger o povo pois esta é uma das obrigações do Exército, pois estamos com grupos de paramilitares cubanos e haitianos, envolvidos nos grupos do PT e MST”.
O discurso de ódio disseminado na internet contra os movimentos sociais e os partidos de esquerda vem crescendo, sempre baseado na intolerância e ignorância. É comum ver ataques desrespeitosos na página oficial do MST. No entanto, os ataques não estão só na internet, há casos de violência física e moral por cunho ideológico.
Recentemente uma família teve a casa invadida em Chapecó, no interior de Santa Catarina, por ter colocado bandeiras do MST na varanda; o humorista Gregório Duvivier foi hostilizado em um restaurante por “ser petista”. Esses são apenas casos que ganharam repercussão nacional, mas há outros.
“Contra partidos e contra tudo que está aí”, esse setor reacionário não propõe e não agrega ao cenário político, apenas ataca e desqualifica. Não há argumentos sólidos contra o MST, ou outros movimentos sociais, sequer contra os partidos políticos, apenas palavras chave que são mudadas conforme a ocasião para incitar a violência. É comum que “Venezuela”, “ditadura” e “baderneiros” sejam usados na mesma frase, normalmente seguida de um pedido de golpe militar.
Segundo ele, há uma “ordem do PCC (organização criminosa intitulada Primeiro Comando da Capital)” para que “cubanos e a haitianos” queimem ônibus na capital paulista no domingo (15) para desviar a atenção da manifestação contra a presidenta Dilma, e vai ainda mais longe: garante que tudo é orquestrado por João Pedro Stédile.
A perseguição a Stédile foi impulsionada, segundo o guarda, pelas amplas manifestações que o MST vem fazendo nas últimas semanas. Milhares de mulheres camponesas têm ocupado empresas multinacionais ligadas ao agronegócio em diversos estados para reivindicar direito à produção saudável e soberania alimentar.
Paulo Mendonça é enfático ao exigir um golpe militar “para defender o povo brasileiro”, o mesmo argumento usado pelos setores reacionários da sociedade durante o golpe militar de 1964 contra o presidente João Goulart. “O povo que irá às ruas [no dia 15] está disposto ao enfrentamento, está na hora de o Exército sair dos quartéis e proteger o povo pois esta é uma das obrigações do Exército, pois estamos com grupos de paramilitares cubanos e haitianos, envolvidos nos grupos do PT e MST”.
O discurso de ódio disseminado na internet contra os movimentos sociais e os partidos de esquerda vem crescendo, sempre baseado na intolerância e ignorância. É comum ver ataques desrespeitosos na página oficial do MST. No entanto, os ataques não estão só na internet, há casos de violência física e moral por cunho ideológico.
Recentemente uma família teve a casa invadida em Chapecó, no interior de Santa Catarina, por ter colocado bandeiras do MST na varanda; o humorista Gregório Duvivier foi hostilizado em um restaurante por “ser petista”. Esses são apenas casos que ganharam repercussão nacional, mas há outros.
“Contra partidos e contra tudo que está aí”, esse setor reacionário não propõe e não agrega ao cenário político, apenas ataca e desqualifica. Não há argumentos sólidos contra o MST, ou outros movimentos sociais, sequer contra os partidos políticos, apenas palavras chave que são mudadas conforme a ocasião para incitar a violência. É comum que “Venezuela”, “ditadura” e “baderneiros” sejam usados na mesma frase, normalmente seguida de um pedido de golpe militar.
A ignorância e a violência desenfreada deste setor é o que alavanca as manifestações de ódio. Fruto de uma manipulação constante da mídia e de páginas de origem duvidosa na internet, eles estão prontos para ir à guerra contra tudo que se pareça com organização política ou social.
Do Portal Vermelho
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