3 março 2015, Pátria
Latina http://www.patrialatina.com.br (Brasil)
Por Emir Sader, no site Carta Maior
A direita – midiática, empresarial, partidária, religiosa – entra
em pânico quando imagina que o Lula possa ser o candidato mais forte para
voltar a ser presidente em 2018. Depois de ter deixado escapar a possibilidade
de vencer em 2014, com uma campanha que trata de colocar o máximo de obstáculos
para o governo de Dilma – em que o apelo a golpe e impeachment faz parte do
desgaste –, as baterias se voltam sobre o Lula.
De que adiantaria ajudar a condenar a Dilma
a um governo sofrível,
se a imagem do Lula só aumenta com isso? Como, para além das denuncias falsas
difundidas até agora, tratar de desgastar a imagem de Lula? Como, se a imagem
dele está identificada com todas as melhorias na vida da massa da população?
Como se a projeção positiva da imagem do Brasil no mundo está associada à imagem
de Lula? Como se a elevação da auto estima dos brasileiros tem a ver
diretamente com a imagem de Lula?
Mas, quem tem tanto medo do Lula? Por que o ódio ao Lula? Por que
esse medo? Por que esse ódio? Quem tem medo do Lula e quem tem esperanças nele?
Só analisando o que ele representou e representa hoje no Brasil para
entendermos porque tantos adoram o Lula e alguns lhe têm tanto ódio.
Lula deu por terminados os governos das elites que, pelo poder das
armas, da mídia, do dinheiro, governavam o pais só em função dos seus
interesses, para uma minoria. Derrotou o candidato da continuidade do FHC e
começou uma serie de governos que melhoraram, pela primeira vez, de forma
substancial, a situação da massa do povo brasileiro.
Quem se sentiu afetado e passou a odiar o Lula? As elites politicas
que se revezavam no governo do Brasil há séculos. Os que sentiram duramente a
comparação entre a formas deles de governar e a de Lula. Sentiram que o Brasil
e o mundo se deram conta de que a forma de Lula de governar é a forma de
terminar com a fome, com a miséria, com a desigualdade, com a pobreza, com
exclusão social. Eles sofrem ao se dar conta que governar para todos,
privilegiando os que sempre haviam sido postergados, é a forma democrática de
governar. Que Lula ganhou apoio e legitimidade, no Brasil, na América Latina e
no mundo justamente por essa forma de governar.
Lula demonstrou, como ele disse, que é possível governar sem
almoçar e jantar todas as semanas com os donos da mídia. Ele terminou seu
segundo mandato com mais de 80% de referências negativas na mídia e com mais de
90% de apoio. Isso dói muito nos que acham que controlam a opinião publica e o
pais por serem proprietários dos meios de comunicação.
Lula demonstrou que é possível – e até indispensável – fazer
crescer o pais e distribuir renda ao mesmo tempo. Que uma coisa tem a ver
intrinsecamente com a outra. Que, como ele costuma dizer, “O povo não é
problema, é solução”. Dinheiro nas mãos dos pobres não vai pra especulação
financeira, vai pro consumo, para elevar seu nível de vida, gerando empregos,
salários, tributação.
Lula mostrou, na pratica, que o Brasil pode melhorar, pode diminuir
suas desigualdades, pode dar certo, pode se projetar positivamente no mundo, se
avançar na superação das desigualdades – a herança mais dura que as elites
deixaram para seu governo. Para isso precisa valorizar seu potencial, seu povo,
elevar sua auto estima, deixar de falar mal do país e de elogiar tudo o que
está lá fora, especialmente no centro do capitalismo.
Lula fez o Brasil ter uma política internacional de soberania e de
solidariedade, que defende nossos interesses e privilegia a relação solidaria
com os outros países da America Latina, da África e da Ásia.
Lula foi quem resgatou a dignidade do povo brasileiro, de suas
camadas mais pobres, em particular do nordeste brasileiro. Reconheceu seus
direitos, desenvolveu politicas que favoreceram suas condições de vida e uma
recuperação espetacular da economia, das condições sociais e do sistema
educacional do nordeste.
Lula é odiado porque deveria dar errado e deixar em paz as elites
para seguirem governando o Brasil por muito tempo. Um ódio de classe porque ele
é nordestino, de origem pobre, operário metalúrgico, de esquerda, líder máximo
do PT, que deu mais certo do que qualquer outro como presidente do Brasil.
Odeiam nele o pobre, o nordestino, o trabalhador, o esquerdista. Odeiam nele a
empatia que ele tem com o povo, sua facilidade de comunicação com o povo, a
popularidade insuperável que o Lula tem no Brasil. O prestígio que nenhum outro
político brasileiro teve no mundo.
A melhor resposta ao ódio ao Lula é sua consagração e consolidação
como o maior líder popular da historia do Brasil. A força moral das suas
palavras – que sempre tentam censurar. Sua trajetória de vida, que por si só é
um exemplo concreto de como se pode superar as mais difíceis condições e se
tornar um líder nacional e mundial, se se adere a valores sociais, políticos e
morais democráticos.
Quem odeia o Lula, odeia o povo brasileiro, odeia o Brasil, odeia a
democracia.
O Lula é a maior garantia da democracia no Brasil, porque sua vida
é um exemplo de prática democrática. O amor do povo ao Lula é a melhor resposta
ao ódio que as elites têm por ele.
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