sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Correios de Moçambique: resposta a uma exigência do mercado postal moderno


O serviço Post-Bus, lançado semana finda em Maputo pela Empresa Pública Correios de Moçambique, vai acelerar cada vez mais o transporte de passageiros e bens ligando todas as capitais provinciais, exceptuando Lichinga, no Niassa, numa nova exigência do mercado postal moderno.

O facto traduz esforços do Conselho de Administração e da massa laboral daquela instituição subordinada ao Ministério dos Transportes e Comunicações com a finalidade de diversificar a carteira de actividades afins e permitir o reposicionamento daquela instituição.

Tal enquadra-se na nova dinâmica imposta pelo desenvolvimento económico e social do país e
pelas exigências do mercado postal moderno. Trata-se do serviço Post-Bus que faz parte do programa aprovado pelo Conselho de Ministros, contendo um conjunto de projectos contemplados no Plano Estratégico de Reestruturação da área, visando a sua modernização.

Basicamente, pretende-se transportar simultaneamente carga, mercadoria, malas de correios e, como forma de rentabilizar o serviço e fazer a cobertura dos custos das operações, vai levar também passageiros a nível nacional.

Num investimento na ordem de 65 milhões de meticais foram adquiridos sete autocarros, igual número de atrelados de carga e mais três viaturas (4x4).

Os machimbombos, com capacidade de transportar 70 passageiros e munidos dos respectivos atrelados com oito toneladas de carga diversa cada, vão efectuar inicialmente as rotas Maputo-Beira, Maputo-Quelimane, Maputo-Tete, Beira-Tete, Quelimane-Beira, Quelimane-Nampula e Nampula-Pemba com fortes perspectivas da sua expansão para as zonas recônditas deste vasto e belo território.

Consequentemente, e através do sistema moderno de gestão da frota, venda electrónica de bilhetes de passageiros e serviço a bordo característico, espera-se seguramente oferecer um serviço de qualidade aos utentes.

Isto vai permitir também a exploração de novas oportunidades no quadro da logística global, contribuindo significativamente para a melhoria da eficiência na prestação de serviços postais.

Todavia, com o advento das mudanças conjunturais no plano económico nacional e internacional nas últimas décadas, o mercado postal tem sido profundamente marcado por múltiplas transformações, conforme reconhece o Presidente do Conselho de Administração dos Correios de Moçambique, Luís Rego.

Neste contexto, assiste-se à entrada de novos operadores e da utilização em massa das novas tecnologias, factos que contribuíram para a alteração do quadro do esquema de trabalho previamente esboçado, constituindo, assim, oportunidades para a sua modernização e crescimento.

Rego perspectiva mesmo que com este esforço a instituição vai continuar a manter-se no mercado, desempenhando o seu papel social e empresarial, em prol do desenvolvimento do país.
Apesar do decrescimento de correspondências a nível mundial, a fonte descreve que o nível de bens e serviços duma forma geral tende a crescer, sendo uma boa oportunidade para a área tornar-se num dos operadores incontornáveis na área de logística.

O facto enquadra-se no conjunto de esforços, sendo de destacar a criação do Correio Expresso de Moçambique (CORRE), a introdução da nova imagem, a restauração paulatina da rede de estações de Correios, entre outros.

Ainda no quadro da modernização continua a procura de mais parceiros, desta feita para os projectos imobiliários, Gráfica Postal, Banco Postal, Transferência Electrónica de Fundos, bem como a identificação de outras iniciativas.

Impacto do novo serviço
O lançamento deste serviço representa, para o administrador do pelouro das Finanças no Conselho de Administração dos Correios de Moçambique, Valdemar Jessen, o fim de um processo bastante difícil que consistiu na identificação de um projecto na preparação dos estudos de viabilidade que se mostram fiáveis, daí a aceitação pelo parceiro Millennium-bim em financiar.

Ele entende que o passo a seguir será mais difícil, em que há oportunidade de mostrar ao povo moçambicano que pode ter fé neste serviço abraçado por este ramo, enviando os postais como encomendas, cartas e outros bens para todas as províncias, tendo em conta que o transporte será terrestre. Mas isto, na sua óptica, não significa que se vai deixar de fazer a utilização de meios aéreos.

Jessen apontou ainda que esta frota de sete autocarros vai fazer a ligação interprovincial, melhorando significativamente a qualidade de distribuição e entrega dos objectos postais.
Além de CORRE, introduzido nos últimos três anos, o lançamento de Post-Bus é, para ele, um culminar do alcance de mais um objectivo como a realização de um Banco Postal, aproveitando as vastas infra-estruturas que o sector tem pelo país.

Para o efeito, anunciou que já foi identificado um parceiro, enquanto as estações postais serão reabilitadas à medida que for implementado o projecto. Por exemplo, anotou que a nível das capitais provinciais, praticamente todas as estações estão a ser recuperadas paulatinamente para acomodar os passageiros como salas de espera.

Mercado actual exige mudanças
O mercado postal perpassa mudanças constantes e profundas, o que requer que o sector se adapte, quer na sua forma de organização, quer no seu funcionamento para acompanhar estas mudanças, num mercado cada vez mais exigente e diversificado.

Este posicionamento pertence ao Ministério dos Transportes e Comunicações, reconhecendo que a nível organizacional tem testemunhado as várias transformações que ocorreram a partir dos anos 80, com a separação dos Correios das Telecomunicações, ao que se seguiu, nos anos 90, a sua transformação em Empresa Pública.

Para o Secretário Permanente do pelouro, Pedro Inglês, os Correios de Moçambique têm personalidade jurídica própria, autonomia administrativa, financeira e patrimonial, requisitos fundamentais para explorar todas as sinergias possíveis e potencialmente capazes de catapultar o seu crescimento.

Por isso, a nível de funcionamento, torna-se um grande desafio para a instituição encontrar mecanismos próprios de reposicionamento e da sua actuação no mercado, tendo em conta a prestação do Serviço Postal Universal, geração de receitas capazes de suportar as despesas, pagar impostos ao Estado bem assim, gerar mais empregos e deste modo contribuir para o desenvolvimento socioeconómico do país.

De facto, estes desafios exigem o desenvolvimento de um conjunto de esforços, quer sejam internos quanto externos, de modo a tornar a instituição viável e capaz de se posicionar comparativamente no mercado.

Para alcançar este desiderato, deve ser criado e diversificado o seu “portfólio” de actividades, aproximar-se do público, aproveitando as oportunidades que o mercado oferece na área da logística, com a exploração dos recursos naturais no país e não só.

Estas transformações devem conferir um domínio diversificado e imprimir um maior dinamismo e inovação na sua forma de actuação no mercado. Com a introdução desse serviço de logística, para o Ministério dos Transportes e Comunicações implica, ao mesmo tempo, reforçar a sua capacidade técnica a nível operacional e de recursos humanos para prestar serviços de melhor qualidade e competitivo.

As comunicações estão a evoluir de forma acelerada, o mercado postal está cada vez mais exigente e a concorrência a exigir novas formas de actuação. “Por isso assistimos, a nível mundial, à liberalização dos mercados, ao crescimento da concorrência, à exigência dos utentes e ao avanço, quase que astronómico, das Tecnologias de Informação e Comunicação, cujos efeitos fazem com que as mensagens físicas sejam progressivamente substituídas por electrónicas”.

Pedro Inglês acentuou que o novo serviço Post-Bus traz mais uma oportunidade para crescer, mas também exigirá do sector uma nova postura, atitude, maneira de ser e de estar no mercado e também novas formas de satisfazer as necessidades dos cidadãos.

Para tudo, acredita que inicia assim uma nova era rumo à modernização na melhoria dos serviços postais e à participação activa na era de transporte. Encorajou ao Conselho de Administração e a todos os trabalhadores a continuarem com este espírito criativo e inovador, procurando reforçar a materialização de projectos de suporte que possam contribuir para a sustentabilidade financeira da Empresa Correios de Moçambique a médio e longo prazos.

O governante recordou que a amplitude das mudanças exige recursos que até hoje não estavam ao alcance do sector. Por isso, saudou a parceria estabelecida com o Millennium-bim para a materialização desta iniciativa que decorre de resultados auditoriais que espelham que os Correios de Moçambique são elegíveis a financiamentos bancários.

“Adquirimos estes autocarros e estamos orgulhosos por este feito, mas apelamos que sejam bem utilizados e conservados. O nosso desejo é que esta frota venha a crescer amanhã e que o transporte de bens e de pessoas venha a beneficiar também à população em zonas mais distantes do país, aproveitando a restauração e desenvolvimento das vias de acesso e da economia local” – sublinhou.

Reafirmou a esperança de que resultados deste serviço respondam aos desafios da logística da economia nacional para a criação de outras oportunidades que permitam melhorar cada vez mais a imagem da instituição e dos serviços prestados ao cidadão.

Horácio João

Nenhum comentário: