8
outubro 2014, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz
(Moçambique)
O serviço Post-Bus, lançado semana finda em Maputo
pela Empresa Pública Correios de Moçambique, vai acelerar cada vez mais o
transporte de passageiros e bens ligando todas as capitais provinciais,
exceptuando Lichinga, no Niassa, numa nova exigência do mercado postal moderno.
O facto traduz esforços do Conselho de Administração e
da massa laboral daquela instituição subordinada ao Ministério dos Transportes
e Comunicações com a finalidade de diversificar a carteira de actividades afins
e permitir o reposicionamento daquela instituição.
Tal enquadra-se na nova dinâmica imposta pelo
desenvolvimento económico e social do país e
pelas exigências do mercado postal
moderno. Trata-se do serviço Post-Bus que faz parte do programa aprovado pelo
Conselho de Ministros, contendo um conjunto de projectos contemplados no Plano
Estratégico de Reestruturação da área, visando a sua modernização.
Basicamente, pretende-se transportar simultaneamente
carga, mercadoria, malas de correios e, como forma de rentabilizar o serviço e
fazer a cobertura dos custos das operações, vai levar também passageiros a
nível nacional.
Num investimento na ordem de 65 milhões de meticais
foram adquiridos sete autocarros, igual número de atrelados de carga e mais
três viaturas (4x4).
Os machimbombos, com capacidade de transportar 70
passageiros e munidos dos respectivos atrelados com oito toneladas de carga
diversa cada, vão efectuar inicialmente as rotas Maputo-Beira,
Maputo-Quelimane, Maputo-Tete, Beira-Tete, Quelimane-Beira, Quelimane-Nampula e
Nampula-Pemba com fortes perspectivas da sua expansão para as zonas recônditas
deste vasto e belo território.
Consequentemente, e através do sistema moderno de
gestão da frota, venda electrónica de bilhetes de passageiros e serviço a bordo
característico, espera-se seguramente oferecer um serviço de qualidade aos utentes.
Isto vai permitir também a exploração de novas
oportunidades no quadro da logística global, contribuindo significativamente
para a melhoria da eficiência na prestação de serviços postais.
Todavia, com o advento das mudanças conjunturais no
plano económico nacional e internacional nas últimas décadas, o mercado postal
tem sido profundamente marcado por múltiplas transformações, conforme reconhece
o Presidente do Conselho de Administração dos Correios de Moçambique, Luís
Rego.
Neste contexto, assiste-se à entrada de novos
operadores e da utilização em massa das novas tecnologias, factos que
contribuíram para a alteração do quadro do esquema de trabalho previamente
esboçado, constituindo, assim, oportunidades para a sua modernização e
crescimento.
Rego perspectiva mesmo que com este esforço a
instituição vai continuar a manter-se no mercado, desempenhando o seu papel
social e empresarial, em prol do desenvolvimento do país.
Apesar do decrescimento de correspondências a nível
mundial, a fonte descreve que o nível de bens e serviços duma forma geral tende
a crescer, sendo uma boa oportunidade para a área tornar-se num dos operadores
incontornáveis na área de logística.
O facto enquadra-se no conjunto de esforços, sendo de
destacar a criação do Correio Expresso de Moçambique (CORRE), a introdução da
nova imagem, a restauração paulatina da rede de estações de Correios, entre
outros.
Ainda no quadro da modernização continua a procura de
mais parceiros, desta feita para os projectos imobiliários, Gráfica Postal,
Banco Postal, Transferência Electrónica de Fundos, bem como a identificação de
outras iniciativas.
Impacto do novo serviço
O lançamento deste serviço representa, para o
administrador do pelouro das Finanças no Conselho de Administração dos Correios
de Moçambique, Valdemar Jessen, o fim de um processo bastante difícil que
consistiu na identificação de um projecto na preparação dos estudos de
viabilidade que se mostram fiáveis, daí a aceitação pelo parceiro
Millennium-bim em financiar.
Ele entende que o passo a seguir será mais difícil, em
que há oportunidade de mostrar ao povo moçambicano que pode ter fé neste
serviço abraçado por este ramo, enviando os postais como encomendas, cartas e
outros bens para todas as províncias, tendo em conta que o transporte será
terrestre. Mas isto, na sua óptica, não significa que se vai deixar de fazer a
utilização de meios aéreos.
Jessen apontou ainda que esta frota de sete autocarros
vai fazer a ligação interprovincial, melhorando significativamente a qualidade
de distribuição e entrega dos objectos postais.
Além de CORRE, introduzido nos últimos três anos, o
lançamento de Post-Bus é, para ele, um culminar do alcance de mais um objectivo
como a realização de um Banco Postal, aproveitando as vastas infra-estruturas
que o sector tem pelo país.
Para o efeito, anunciou que já foi identificado um
parceiro, enquanto as estações postais serão reabilitadas à medida que for
implementado o projecto. Por exemplo, anotou que a nível das capitais
provinciais, praticamente todas as estações estão a ser recuperadas
paulatinamente para acomodar os passageiros como salas de espera.
Mercado actual exige mudanças
O mercado postal perpassa mudanças constantes e
profundas, o que requer que o sector se adapte, quer na sua forma de organização,
quer no seu funcionamento para acompanhar estas mudanças, num mercado cada vez
mais exigente e diversificado.
Este posicionamento pertence ao Ministério dos
Transportes e Comunicações, reconhecendo que a nível organizacional tem
testemunhado as várias transformações que ocorreram a partir dos anos 80, com a
separação dos Correios das Telecomunicações, ao que se seguiu, nos anos 90, a
sua transformação em Empresa Pública.
Para o Secretário Permanente do pelouro, Pedro Inglês,
os Correios de Moçambique têm personalidade jurídica própria, autonomia
administrativa, financeira e patrimonial, requisitos fundamentais para explorar
todas as sinergias possíveis e potencialmente capazes de catapultar o seu
crescimento.
Por isso, a nível de funcionamento, torna-se um grande
desafio para a instituição encontrar mecanismos próprios de reposicionamento e
da sua actuação no mercado, tendo em conta a prestação do Serviço Postal
Universal, geração de receitas capazes de suportar as despesas, pagar impostos
ao Estado bem assim, gerar mais empregos e deste modo contribuir para o
desenvolvimento socioeconómico do país.
De facto, estes desafios exigem o desenvolvimento de
um conjunto de esforços, quer sejam internos quanto externos, de modo a tornar
a instituição viável e capaz de se posicionar comparativamente no mercado.
Para alcançar este desiderato, deve ser criado e
diversificado o seu “portfólio” de actividades, aproximar-se do público,
aproveitando as oportunidades que o mercado oferece na área da logística, com a
exploração dos recursos naturais no país e não só.
Estas transformações devem conferir um domínio
diversificado e imprimir um maior dinamismo e inovação na sua forma de actuação
no mercado. Com a introdução desse serviço de logística, para o Ministério dos
Transportes e Comunicações implica, ao mesmo tempo, reforçar a sua capacidade
técnica a nível operacional e de recursos humanos para prestar serviços de
melhor qualidade e competitivo.
As comunicações estão a evoluir de forma acelerada, o
mercado postal está cada vez mais exigente e a concorrência a exigir novas
formas de actuação. “Por isso assistimos, a nível mundial, à liberalização dos
mercados, ao crescimento da concorrência, à exigência dos utentes e ao avanço,
quase que astronómico, das Tecnologias de Informação e Comunicação, cujos
efeitos fazem com que as mensagens físicas sejam progressivamente substituídas
por electrónicas”.
Pedro Inglês acentuou que o novo serviço Post-Bus traz
mais uma oportunidade para crescer, mas também exigirá do sector uma nova
postura, atitude, maneira de ser e de estar no mercado e também novas formas de
satisfazer as necessidades dos cidadãos.
Para tudo, acredita que inicia assim uma nova era rumo
à modernização na melhoria dos serviços postais e à participação activa na era
de transporte. Encorajou ao Conselho de Administração e a todos os
trabalhadores a continuarem com este espírito criativo e inovador, procurando
reforçar a materialização de projectos de suporte que possam contribuir para a
sustentabilidade financeira da Empresa Correios de Moçambique a médio e longo
prazos.
O governante recordou que a amplitude das mudanças
exige recursos que até hoje não estavam ao alcance do sector. Por isso, saudou
a parceria estabelecida com o Millennium-bim para a materialização desta
iniciativa que decorre de resultados auditoriais que espelham que os Correios
de Moçambique são elegíveis a financiamentos bancários.
“Adquirimos estes autocarros e estamos orgulhosos por
este feito, mas apelamos que sejam bem utilizados e conservados. O nosso desejo
é que esta frota venha a crescer amanhã e que o transporte de bens e de pessoas
venha a beneficiar também à população em zonas mais distantes do país,
aproveitando a restauração e desenvolvimento das vias de acesso e da economia local”
– sublinhou.
Reafirmou a esperança de que resultados deste serviço
respondam aos desafios da logística da economia nacional para a criação de
outras oportunidades que permitam melhorar cada vez mais a imagem da
instituição e dos serviços prestados ao cidadão.
Horácio João
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