1º. outubro
2014, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
Diferente de Marina e Aécio, Dilma já afirmou que tem lado e está
com os trabalhadores.
A cerca de uma semana das eleições e com seus
candidatos perdendo nas pesquisas, o sistema financeiro age com chantagem
contra a presidenta Dilma. Isso ficou evidente depois de uma subida histórica
da bolsa na sexta-feira (26), movida por boatos estrategicamente plantados que
davam conta de uma pesquisa de intenção de voto que colocaria a candidata dos
banqueiros Marina Silva à frente de Dilma, e de uma suposta “bomba” que
apresentaria uma revista especializada em factoides.
Proporcional à subida foi a queda do índice Bovespa na
No mês de setembro, as baixas chegam a 12%. O dólar, por sua vez, valorizou-se 9% sobre o real nas últimas quatro semanas. Os pessimistas continuam jogando e projetam que os próximos pregões da Bovespa fiquem abaixo dos 45 mil pontos.
Boataria corre solta
Como um cenário de alta e queda pode alterar tão rapidamente a partir de um boato que contraria a realidade política, já que a campanha de Dilma tem ampliado a vantagem sobre seus adversários nas últimas semanas e, portanto, não há nenhuma novidade a ponto de explicar tal grau de irracionalidade do mercado? A explicação está na chantagem.
A imprensa pessimista tenta acobertar o ataque especulativo dando um caráter de “fato” resultante das condições da economia brasileira e do “medo” diante do que eles chamam de “incertezas” da política econômica do governo Dilma.
No entanto, essa mesma Bovespa catapultou os índices, chegando a ultrapassar os 60 mil pontos, para inflar a candidatura de Marina Silva assim que ela entrou na disputa eleitoral e saíram as primeiras pesquisas de intenção de voto. A candidata estava em empate técnico no primeiro turno com Dilma e, segundo pesquisas, venceria no segundo.
Agora, com as contradições de Marina cada vez mais escancaradas pela candidata Dilma, aumentando a sua rejeição nas pesquisas, e com Aécio Neves sem demonstração de forte recuperação, o mercado financeiro joga as suas fichas no cassino especulativo.
Dilma é adversária e não candidata do sistema financeiro
André Biancarelli, professor do Instituto de Economia da Unicamp, diretor-executivo do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon-IE/Unicamp), afirma que o mercado financeiro age assim contra a presidenta Dilma porque ela contraria os interesses do setor.
“O fato de ter uma candidata que explicitamente acusa a outra de ser a representante dos banqueiros e que diz que a prioridade do seu governo vai ser o emprego e não o mercado financeiro é sintomático de uma economia que está muito menos vulnerável à ação desses agentes do que estava em 2002”, destacou o economista, referindo-se à mesma ação do capital especulativo durante a primeira eleição de Lula em 2002.
Segundo ele, operadores menos precavidos chegam a afirmar claramente que “pelo jeito Dilma vai ser eleita mesmo” e, portanto, “tem que fazer pressão, quase que terrorista, porque ela só vai ceder na base da ameaça”.
“Jogam com ameaças futuras de maneira
absolutamente chantagiosa. Do ponto de vista da economia real, o cenário é de
baixo crescimento, mas de clara recuperação no ano que vem. Não há um
desequilíbrio na economia brasileira sequer comparável ao que tínhamos em
2002”, disse o economista. Ele completa: “Não há uma crise contratada e
absolutamente incontornável. Acredito que passada as eleições, as coisas devem
melhorar bastante, ao contrário do que diz esse ‘pessimismo militante’ que quer
influenciar”.
Especulação eleitoral
Sobre a queda da bolsa, Biancarelli não tem dúvidas: “O que aconteceu na sexta-feira [26] é claramente um movimento de especulação eleitoral das mais cristalinas. Disseminou-se um boato de que a Dilma iria cair nas pesquisas, que haveria uma notícia que acabaria com a candidatura da Dilma e muita gente ganhou dinheiro. Afinal, quando a bolsa cai ou sobe muita gente ganha, o que demonstra a miopia desse setor com relação à realidade política. É um cassino e tem gente que cai muito bem nesses boatos”, pontuou.
O economista destaca ainda que o setor não é imune ao processo eleitoral, mas não afetaria tanto se os interesses não fossem tão latentes. “O mercado tem uma candidata, ou melhor, nesse caso tem uma adversária com capacidade de contrariar seus interesses”, argumentou ele referindo-se a Dilma.
Biancarelli lembrou das eleições de 2002, em que os porta-vozes do mercado financeiro diziam que Lula representava um perigo para o Brasil. “Depois, nas eleições de 2006 e 2010, se passou sem esses problemas. Na política macroeconômica ele fez um governo menos ousado do que o mercado dizia”, resgatou.
Já o governo Dilma, disse ele, fez uma tentativa de mexer mais na política macroeconômica. “Acabou retrocedendo, principalmente no que se refere à questão das taxas de juros. Mas criou-se uma espécie de consenso de que a Dilma é excessivamente intervencionista.”
Motivos
O economista avalia que o esforço do governo Dilma em reduzir a taxa de juros e, posteriormente, transformar esse esforço numa diretriz política para outras ações da economia foi o fiel da balança. “A diretriz seria reduzir a taxa de rentabilidade da economia, que é extraordinariamente alta no Brasil. As taxas de remuneração decorrem de um patamar muito alto da taxa de juros de títulos públicos. As taxas de remuneração implícita nos contratos de concessão feitos nos anos 1990, por exemplo, eram extraordinariamente altas. Ao sinalizar com uma taxa de juros pública mais baixa e a manutenção desse patamar de rentabilidade com o dinheiro parado mais baixo, o Banco Central mostrou que o esforço era de mudar. De mudar o custo do dinheiro não aplicado em atividades produtivas no Brasil.”
Especulação eleitoral
Sobre a queda da bolsa, Biancarelli não tem dúvidas: “O que aconteceu na sexta-feira [26] é claramente um movimento de especulação eleitoral das mais cristalinas. Disseminou-se um boato de que a Dilma iria cair nas pesquisas, que haveria uma notícia que acabaria com a candidatura da Dilma e muita gente ganhou dinheiro. Afinal, quando a bolsa cai ou sobe muita gente ganha, o que demonstra a miopia desse setor com relação à realidade política. É um cassino e tem gente que cai muito bem nesses boatos”, pontuou.
O economista destaca ainda que o setor não é imune ao processo eleitoral, mas não afetaria tanto se os interesses não fossem tão latentes. “O mercado tem uma candidata, ou melhor, nesse caso tem uma adversária com capacidade de contrariar seus interesses”, argumentou ele referindo-se a Dilma.
Biancarelli lembrou das eleições de 2002, em que os porta-vozes do mercado financeiro diziam que Lula representava um perigo para o Brasil. “Depois, nas eleições de 2006 e 2010, se passou sem esses problemas. Na política macroeconômica ele fez um governo menos ousado do que o mercado dizia”, resgatou.
Já o governo Dilma, disse ele, fez uma tentativa de mexer mais na política macroeconômica. “Acabou retrocedendo, principalmente no que se refere à questão das taxas de juros. Mas criou-se uma espécie de consenso de que a Dilma é excessivamente intervencionista.”
Motivos
O economista avalia que o esforço do governo Dilma em reduzir a taxa de juros e, posteriormente, transformar esse esforço numa diretriz política para outras ações da economia foi o fiel da balança. “A diretriz seria reduzir a taxa de rentabilidade da economia, que é extraordinariamente alta no Brasil. As taxas de remuneração decorrem de um patamar muito alto da taxa de juros de títulos públicos. As taxas de remuneração implícita nos contratos de concessão feitos nos anos 1990, por exemplo, eram extraordinariamente altas. Ao sinalizar com uma taxa de juros pública mais baixa e a manutenção desse patamar de rentabilidade com o dinheiro parado mais baixo, o Banco Central mostrou que o esforço era de mudar. De mudar o custo do dinheiro não aplicado em atividades produtivas no Brasil.”
Segundo ele, a economia não está nos seus melhores momentos, principalmente no que diz respeito ao ritmo de crescimento, contas públicas e taxa de inflação. “Mas outros governos terminaram em condições muito piores. Do ponto de vista do crescimento certamente tem influência muito grande a trajetória da economia internacional, o que não significa que não houve erros na condução da política econômica”, pontuou Biancarelli.
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