16 abril 2014, Правда.Ру, Pravda.ru
http://www.pravda.ru (Россия, Rússia)
A situação na Ucrânia mudou rapidamente, para pior.
Dois candidatos à presidência, do leste do país, foram atacados
ontem pelos fascistas de Kiev ('camisas marrons'). Mikhail Dobkin escapou só
com tinta e farinha jogados contra ele, mas há notícias de que um guarda-costas
foi ferido. E Oleg Tsarev, severamente espancado, salvou-se por um triz de ser
linchado por gente do Setor Direita. Mas nada disso impedirá o "ocidente
democrático" de concluir que as eleições sempre serão "livres e
democráticas". Um grupo de ativistas do Setor Direita cercou o prédio do
Parlamento em Kiev, acusaram o regime atualmente no poder de indecisão e incompetência
por ainda não terem atacado o leste da Ucrânia. O Setor Direita quer armas para
"fechar a fronteira com a Rússia e dar cabo da insurreição no leste".
Depois de
algumas negociações, deram ao suposto "presidente" o prazo de 24
horas para aceitar todas as suas exigências. Iulia Tymoshenko parecia
apavorada; parece que declarou que o Setor Direita deve assumir imediatamente o
poder.
Agora já não há
dúvidas de que começou a operação "antiterroristas". Várias cidades e
pelo menos um aeroporto no leste foram atacadas por forças pró-regime de Kiev.
Há notícias de combates em vários pontos da região. Enquanto isso, EUA e União
Europeia preparam nova rodada de sanções contra... Já adivinharam: contra a
Rússia. Lavrov, ministro de Relações Exteriores da Rússia, disse que, se o
regime de Kiev usar de violência, as conversações marcadas para 5ª-feira, em
Genebra, serão inúteis. Putin telefonou a Obama e eles tiveram o que os
diplomatas descrevem como "franca e animada troca de ideias". Está
confirmado: o vídeo do suposto "Tenente-coronel russo" é falso. Foi
feito por membro do Partido UDAR de Klitchko.[1]Parece que depois de alguns
dias de confusão e caos, o regime de Kiev e seus patrocinadores ocidentais
resolveram tentar resolver o problema pela força bruta.
A estratégia
maximalista de "sem conversas; só violência" faz pleno sentido com a
prática usual dos EUA e o currículo dos neonazistas de Kiev. Por alguns dias,
houve indícios de que
talvez pudesse acontecer alguma negociação real. Mas
agora parece que já descartaram a ideia, a favor de ataque violento.
Ah, sim, claro!
A recente visita do diretor da CIA a Kiev (já admitida pelo governo dos EUA)
absolutamente nada teve a ver com isso. Claro. Com certeza.
Agora, muito
dependerá da força com que os fascistas contem, para esse ataque.
Pessoalmente, duvido muito que o objetivo de pacificar o leste da Ucrânia seja alcançável. Os doidos podem derrubar uma cidade, ou duas, mas a possibilidade de derrotar todas é meta praticamente inexequível - sobretudo se tiverem de avançar de cidade a cidade, com o tempo correndo.
Além do mais, e
ainda que o Kremlin não deseje ser posto nessa situação, tenho certeza de que
os militares russos intervirão, caso o banho de sangue se torne massivo.
Estou começando
a ter a sensação de que os militantes do 1% ocidentais concluíram que uma
guerra civil na Ucrânia e/ou uma intervenção russa pode ser melhor opção que
uma Ucrânia democrática e federalizada.
Dentro da
lógica e do sistema de valores distorcidos deles, podem estar certos: há cada
dia mais sinais de que um referendo ou qualquer chance democrática possa ser
usado para que o leste da Ucrânia separe-se do país. E assim, pela via
anglo-sionista tradicional, concluíram: "se não pode ser minha, queimamos
tudo."
A ideia de que a Ucrânia se possa converter em outro Afeganistão, contudo, é extremamente simplória. O Afeganistão era país unido exclusivamente em torno de uma força: o ódio ao ocupante estrangeiro.
Além do mais,
as tropas soviéticas que lutaram lá estavam oficialmente cumprindo seu
"dever internacionalista", não estavam defendendo o próprio povo ou a
própria terra. Mesmo assim, a União Soviética ocupou, sim, todo o Afeganistão,
o que significa ocupar vasta área hostil. Estou absolutamente convencido de que
os russos não organizarão operação militar para parar no rio Dniepr (e quem, na
Rússia ou no leste da Ucrânia, precisa condenar-se a viver "sob o mesmo
teto", com nazistas galegos banderistas?!).
Por fim, e ao
contrário do mito dominante, os militares soviéticos foram bastante bem
sucedidos no Afeganistão, e só saíram de lá porque Gorbachev e o povo russo
entenderam que seria sem sentido, além de absolutamente imoral, invadir outro
país. Em outras palavras, os soviéticos saíram do Afeganistão por uma
questão política, não pelo valor da resistência afegã, que não conseguiu
manter-se nem três anos em Cabul depois da saída dos soviéticos.
Na Ucrânia,
diferente do Afeganistão, tudo que os militares russos terão de fazer é varrer
as forças envolvidas na repressão contra o leste; e deixar que os locais
assumam o comando. Não é muito diferente do que os russos fizeram na Geórgia:
eliminaram as forças armadas georgianas, ajudaram o pessoal de Ossetia Sul e
Abkhazia a organizar-se, retiraram-se e reconheceram a soberania das duas repúblicas.
Outra via
possível para os militares russos é engajar-se em ataque curto, mas potente,
contra instalações chaves e unidades envolvidas no golpe contra o leste da
Ucrânia e, na sequência, deixar que os locais organizem sua "República de
Donetsk", ou "Novorossia"[2] ou seja lá o nome que queiram dar,
e reconhecer o novo estado independente. Nenhuma dessas alternativas era
sequer remotamente possível no Afeganistão. Portanto, a conversa de "um
novo Afeganistão para a Rússia" não passa de delírio desejante que as
elites ocidentais inventaram para elas mesmas.
A próxima
semana será crucial, e o resultado do conflito será decidido, provavelmente,
nos próximos dias. Permaneçam sintonizados.
Saudações.[assina]
The Saker (SITREP), 15/4/2014, 10h54 ESTThe Vineyard of the
Sakerhttp://vineyardsaker.blogspot.com.br/2014/04/Ucrânia-sitrep-april-15-1054-est-sharp.html
[1]
[1]
Trad.
Google, em http://translate.google.com/translate?sl=de&tl=en&js=y&prev=_t&hl=en&ie=UTF-8&u=http%3A%2F%2Fwww.schweizmagazin.ch%2Fnachrichten%2Fausland%2F19003-Ukraine-ARD-Video-mit-russischem-Soldaten-ein-Fake.html&edit-text= [2] http://en.wikipedia.org/wiki/Novorossiya
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