quarta-feira, 30 de abril de 2014

Moçambique/Género e desenvolvimento: protocolo da SADC continua um desafio

29 Abril 2014, Jornal Noticias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

O governo e a sociedade civil devem trabalhar numa agenda comum que conduza à definição de acções concretas visando o alcance das 28 metas do Protocolo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre Género e Desenvolvimento.

A aposta, segundo a Ministra da Mulher e Acção Social, Iolanda Cintura, é superar os desafios ainda existentes, entre os quais o aumento dos serviços de saúde para a mulher e o combate à violência.


Iolanda Cintura que falava ontem na abertura da II Cimeira sobre Género e Desenvolvimento, a decorrer em Maputo, apontou como desafios para o alcance das metas, o aumento da presença da mulher nos órgãos de poder e tomada de decisão a todos os níveis, o alcance da paridade em áreas chaves, maior acesso à educação e aos recursos produtivos.

É objectivo da Cimeira que se realiza sob o lema “50/50 até 2015: Exigindo uma agenda após 2015 forte”, reflectir sobre as boas práticas no âmbito da implementação do protocolo sobre Género e Desenvolvimento da SADC.

A Ministra realçou que o Protocolo é um dos instrumentos internacionais que, de forma evolutiva, apresenta metas concretas para a materialização da igualdade de género nos países membros da SADC até 2015, sendo por isso, uma referência para a definição de prioridades e desenho de iniciativas programáticas neste domínio.

Recordou que desde que o país assinou o Protocolo em 2008 e ratificou em 2010, foram desenhadas várias estratégias para o seu cumprimento, onde os progressos são visíveis, sobretudo na integração dos assuntos de género em diferentes sectores e ainda na materialização das metas do Protocolo.

“Hoje notámos com satisfação uma melhoria no acesso da mulher à educação e formação; participação da mulher nos órgãos de poder e tomada de decisão; acesso ao emprego; a iniciativas que promovem o seu empoderamento económico em igualdade de circunstâncias com os homens.

Segundo a Ministra, foram registados igualmente avanços no combate à violência baseada no género; no acesso da mulher aos cuidados de saúde e à informação.

Por sua vez, a Directora Executiva da Gender Links, a organização não governamental que organiza a cimeira, disse que o encontro irá também passar em revista o grau de execução de acções que contribuam para a agenda pós-2015, quando faltam 16 meses para a verificação do alcance dos compromissos feitos pelos estados membros no âmbito da implementação das 28 metas do Protocolo.

Alice Banze recordou que o Protocolo tem 28 metas e 11 áreas temáticas nomeadamente direitos constitucionais e legais; participação e representação; educação e formação; empoderamento económico; violência baseada no género; saúde; HIV/SIDA; media; paz e resolução de conflitos; implementação; género e mudança climáticas.

Indicou como desafios, o facto de cinco países da SADC ainda terem cláusulas “atrasadas”, a reducada representação de mulheres no Parlamento angolano de 38% para 34%. A prevalência de todas as formas de violência contra a mulher, especialmente violência física e sexual, continua a ser alta, apesar de quadros legais.

Como sucesso, a Directora da Gender Links apontou o facto de em 2013, o Zimbabwe ter adoptado uma nova Constituição na qual as activistas do género estimam que alcançaram 75% das suas exigências. Com 49% de mulheres no Governo local, Lesoto tem a mais alta proporção de mulheres em qualquer área de tomada de decisão política na SADC.

Considerou que alguns países, como Moçambique ainda tem oportunidades de alcançar a igualdade de género, nas áreas de governação e política, tendo em conta às eleições gerais deste e próximo ano.

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