Praia, 1 fevereiro 2008 - O grupo de empresários norte-americanos de ascendência cabo-verdiana pertencente à Capeverdean American Business Organization (CABO) vai financiar a deslocação a Cabo Verde da réplica do navio negreiro “Amistad”, que deverá chegar às águas territoriais do arquipélago entre 27 e 29 de Fevereiro deste ano.
Este grupo, composto por cerca de 20 empresários que se encontram há cerca de uma semana de visita a Cabo Verde, esteve reunido quarta-feira, na Praia, com o ministro cabo-verdiano da Cultura, Manuel Veiga, a quem comunicou esta decisão de participar nas despesas da vinda a Cabo Verde da réplica da embarcação apreendida a 26 de Agosto de 1839 em águas territoriais dos Estados Unidos com um grupo de escravos revoltosos a bordo.
A réplica do Amistad está a realizar uma viagem de 16 meses que a levará a passar por países da Europa, de África e das Caraíbas, antes de retornar à costa leste dos Estados Unidos, numa reedição científica do histórico triângulo da escravatura existente até ao século XIX.
A escala em Cabo Verde acontecerá depois de o navio deixar a Serra Leoa e de uma estada no Senegal na ilha de Gorée, para contactos com a história e a importância desta ilha no comércio transatlântico de escravos.
Em recentes declarações à rádio Voz d’América (VOA), Clifton Graves Junior, vice-presidente da Amistad Americas’ Atlantic Freedom Tour, entidade que organiza a viagem, disse esperar que a escala científica da embarcação venha a dar um novo impulso à candidatura da Cidade Velha ao estatuto de Património Cultural da Humanidade.
"Como sabe, a maioria das pessoas conhecem muito pouco sobre o grande legado histórico de Cabo Verde, pelo que existe uma certa depreciação do papel do arquipélago na historiografia mundial e em particular no comércio transatlântico de escravos. Com a nossa visita a esse porto, esperamos poder contribuir para chamar a atenção do mundo - e dos Americanos em particular - para o legado histórico dessas ilhas”, afirmou.
A viagem, concebida como um projecto científico, partiu desde a cidade de New Haven, no Estado norte-americano de Connecticut em Junho de 2007, e prevê a escala em quase 20 portos que tiveram um importante papel no passado histórico referente à escravatura e que hoje são também “responsáveis” pela herança política, económica e social da cultura africana em todo o mundo.
A bordo da embarcação seguem cientistas dos Estados Unidos que pretendem com esta iniciativa reeditar a trajectória feita pelos escravos que assumiram o controlo, em 1839, do navio espanhol La Amistad, depois de este ter zarpado de Cuba com os escravos levados por mercadores portugueses, que por sua vez os tinham capturado na costa da Serra Leoa.
Inicialmente, tinha previsto atracar em Cabo Verde apenas para uma escala técnica, mas graças à intervenção de elementos afectos à candidatura da Cidade Velha a Património da Humanidade levou a uma reestruturação do programa da viagem da réplica do Amistad.
A escala do navio na ilha de Santiago vai ser aproveitada para a realização de um programa que visa, essencialmente, envolver amplamente a população daquela localidade, através de visitas de estudo ao navio que resultarão em trocas de informação, pesquisas e estudos científicos. (AngolaPress)
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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Empresários apoiam escala de réplica de navio negreiro em Cabo Verde
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