domingo, 24 de fevereiro de 2008

OPERAÇÃO CONDOR: NOVOS DOCUMENTOS DIVULGADOS

23 fevereiro 2008 / Blog Vio O Mundo / http://www.viomundo.com.br

São Paulo - A investigação italiana que mobiliza os leitores de Veja é a falcatrua patrocinada por Diogo Mainardi, Janaína Santos e assemelhados - que, como afirma Luís Nassif em sua série investigativa, são "cavalgados" por Daniel Dantas e seus interesses econômicos.
Pouco se fala, no Brasil, de uma investigação fartamente documentada, que resultou no indiciamento de 138 militares do Chile, Brasil, Argentina, Uruguai, Peru e Paraguai, acusados de participar da Operação Condor, que tinha como objetivo prender e sumir com militantes esquerdistas durante os anos 70. O indiciamento, apresentado em dezembro do ano passado pela juíza Luisianna Figliolia, refere-se ao desaparecimento de 25 latinoamericanos que tinham dupla cidadania, ou seja, também era italianos.
Hoje, o Arquivo de Segurança Nacional da Universidade George Washington publicou documentos detalhando a colaboração entre as polícias secretas do Peru, da Bolívia e da Argentina para seqüestrar, torturar e "permanentemente desaparecer" com militantes em Lima, em junho de 1980.
De acordo com os documentos, uma autoridade americana em Buenos Aires informou Washington que "os quatro argentinos serão detidos no Peru e depois expulsos para a Bolívia, de onde serão mandados para a Argentina". O telegrama foi enviado quatro dias depois que Esther Gianetti de Molfino, María Inés Raverta e Julio César Ramírez foram seqüestrados em Lima. Diz o mesmo texto: "Uma vez na Argentina, eles serão interrogados e permanentemente desaparecidos". O quarto acusado foi levado de Buenos Aires para Lima com o propósito de identificar os colegas e também sumiu.
A Operação Condor foi fundada por integrantes da polícia política do ditador Augusto Pinochet, do Chile. Ficou famosa quando agentes chilenos, com a ajuda do Paraguai, plantaram a bomba que matou o ex-embaixador chileno em Washington, Orlando Letelier, na capital americana, em setembro de 1976. No atentado também morreu o chileno-americano Ronni Moffitt.
O general peruano Enrique Morales Bermudez admite que autorizou o seqüestro dos integrantes do grupo armado Montoneros, mas nega o envolvimento do Peru na Operação Condor. Porém, num documento publicado hoje no site da universidade americana um relatório da CIA datado de 22 de agosto de 1978 descreve a operação como "um esforço de cooperação do serviços de inteligência e segurança de vários país sul americanos para combater o terrorismo e a subversão. Os membros originais são do Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Brasil e Bolívia. Peru e Equador recentemente se tornaram membros. Um documento da inteligência chilena confirma que o Peru formalmente se integrou à Operação Condor em março de 1978."Os brasileiros indiciados pela juíza italiana Luisanna Figliolia, acusados de participar em "desaparecimentos", são:
- General João Baptista Figueiredo — último presidente do regime militar (morto)
- General Walter Pires de Carvalho e Albuquerque — ex-ministro do Exército de Figueiredo (morto)
- General Octávio Aguiar Medeiros — ex-chefe do SNI (morto)
- General Euclydes Figueiredo Filho — irmão de João Baptista Figueiredo (morto)
- Coronel Carlos Alberto Ponzi — chefe da segunda seção do Estado-Maior (vivo)
- Agnello de Araújo Britto — ex-superintendente da Polícia Federal do Rio (não localizado)
- Edmundo Murgel — ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro (não localizado)
General Antônio Bandeira — ex-comandante do 3º Exército (morto)
- General Luiz Henrique Domingues — chefe do Estado-Maior do 3º Exército (não localizado)
- Coronel Luís Macksen de Castro Rodrigues — superintende da PF do Rio Grande do Sul (morto)
- João Leivas Job — ex-secretário de Segurança do RS (vivo)
- Átila Rohrsetzer — ex-diretor da Divisão Central de Informações (vivo)
- Marco Aurélio da Silva Reis — ex-delegado gaúcho (vivo)

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