Maputo, 26 fevereiro 2008
Uma lei de simplificação dos actuais moldes de pagamento de impostos pelos pequenos contribuintes deverá ser aprovada até finais do próximo mês pelo Conselho de Ministros, para posterior submissão à Assembleia da República. Segundo o Ministro das Finanças, Manuel Chang, a aprovação deste dispositivo legal, cujo processo de elaboração se encontra em fase avançada, se insere no quadro dos esforços tendentes ao alargamento da base tributária.
Falando na localidade de Chidenguele, em Gaza, à margem do II Seminário Nacional sobre a Execução da Política Fiscal, Chang precisou que a nova lei pretende simplificar as formas de pagamento para que os pequenos contribuintes reconheçam a obrigatoriedade de contribuir para a receita do Estado, ao contrário do que acontece actualmente.
“Neste momento achamos que eles (os pequenos contribuintes) têm dificuldades de perceber e interpretar os procedimentos actuais de pagamento de impostos. Queremos que todos percebam e sintam a necessidade de contribuir para a receita do Estado, a qual será aplicada nos objectivos de erradicação da pobreza”, referiu Manuel Chang.
Segundo o ministro, outra forma de alargar a base tributária passa pela criação de condições para o aumento de actividades económicas, daí que o governo, no seu todo, esteja empenhado em acções tendentes à facilitação da criação de empresas, independentemente da origem do investimento (nacional ou estrangeiro).
A necessidade de simplificação de procedimentos para o pequeno contribuinte ocupou parte considerável dos debates do Seminário Nacional sobre a Execução da Política Fiscal, com o presidente da Autoridade Tributária de Moçambique (AT), Rosário Fernandes, a apelar para o envolvimento de todos os actores na elaboração da lei.
Rosário Fernandes entende que a elaboração desta legislação pressupõe trabalhos enérgicos com todas as sensibilidades relevantes, envolvendo órgãos locais e governos provinciais, antes da submissão, em tempo útil, do projecto, ao Conselho de Ministros para efeitos de aprovação.
“Cobrar impostos não é tarefa fácil. O nosso comportamento perante o contribuinte deve ser de modéstia, zelo, profissionalismo, dedicação, integridade e respeito estrito à lei, como está plasmado no projecto de código de conduta da Autoridade Tributária”, disse Rosário Fernandes no fim do seminário.
Refira-se que quando das acções tendentes ao incremento de receitas do Estado, cujas metas previstas para 2007 foram superadas em mais de 800 milhões de meticais, o Governo e parceiros de cooperação internacional dizem ter chegado o momento de o país deixar de ser “paraíso” fiscal para megaprojectos, sobretudo os referentes à exploração de recursos naturais.
A ideia é que os incentivos fiscais não continuem a ser concedidos aos mega-projectos nos mesmos níveis como vinha sendo, porque Moçambique se encontra hoje num estágio diferente em termos de desenvolvimento e estabilidade política e macroeconómica. É preciso que estes megaprojectos contribuam para o Orçamento do Estado.
Entretanto, o seminário dedicou especial atenção também ao processo de integração regional, em que a Autoridade Tributária tem um papel importante no controlo das importações livres de direitos aduaneiros, com a entrada em vigor, em Janeiro, da zona de Comércio Livre na SADC.
Neste contexto, a reunião de Chidenguele recomendou a necessidade de se continuar a dar cumprimento integral dos acordos firmados, determinando com exactidão o impacto do comércio livre sobre a receita fiscal. (Notícias)
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