26 maio 2010/Vermelho http://www.vermelho.org.br
Milhares de pessoas encheram as ruas de Buenos Aires nesta terça-feira (25), nos eventos em comemoração pelo Bicentenário da Revolução de Maio, que abriu o caminho para a independência da Argentina, em 1816. "Querímaos um bicentenário diferente, popular, com o povo nas ruas. Faz apenas 27 anos que temos uma democracia continuada", disse a presidente Cristina Kirchner.
O último dia das comemorações contou com a presença do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o da Bolívia, Evo Morales; o do Chile, Sebastían Piñera; o do Equador, Rafael Correa; o do Paraguai, Fernando Lugo; o do Uruguai, José Mujica; e o da Venezuela, Hugo Chávez. Também compareceram os ex-governantes de Honduras, Manuel Zelaya, e do Panamá, Martín Torrijos.
No ato central, Cristina convocou os argentinos a superarem as diferenças e a participarem da construção do país. "Convoco todos os argentinos a construírem um país no qual todos possamos nos sentir parte dele, não só porque se está no governo, mas porque soubemos superar diferenças e construir um projeto estratégico que nos guie", disse a presidente, depois de inaugurar a Galeria dos Patriotas Latino-americanos na Casa Rosada.
Cristina revelou que desde que assumiu o poder, em dezembro de 2007, seu governo estava "quase obsessivo" com o Bicentenário. Ela agradeceu aos cidadãos por seu "patriotismo, alegria e sentido cívico" com os quais participaram dos eventos. "Nosso povo está melhor que há 100 anos", disse Cristina, que lembrou que "não existiam direitos sociais e a atividade sindical era proibida" e que seu país não podia eleger seus governantes "livre e democraticamente".
"Temos identidade, temos paixão pela verdade, pela Justiça", ressaltou a presidente, que foi aos eventos nesta terça com um vestido branco e um casaco azul, as cores da bandeira argentina. Cristina quis comemorar o Bicentenário com a inauguração da Galeria de Patriotas Latino-americanos, da qual fazem parte de Simón Bolívar a José de San Martín, passando por Ernesto Che Guevara, Salvador Allende, Juan Domingo Perón e Evita. As imagens refletiam que outra história está sendo escrita na Argentina. São rostos impensáveis na historiografia oficial da América Latina há apenas alguns anos.
Horas antes do discurso presidencial, a cúpula da Igreja Católica fez chamados à unidade, na catedral de Buenos Aires, com a presença de dirigentes da oposição, e na basílica de Nossa Senhora de Luján (padroeira da Argentina), com a participação da presidente e de seu governo. Os pedidos da Igreja foram feitos em um momento de conflito político entre a presidente e o prefeito de Buenos Aires, o conservador Mauricio Macri, que se traduziu, ontem à noite, na ausência de Cristina na reabertura do Teatro Colón, na cidade.
No entanto, os argentinos demonstraram estar acima das tensões políticas e o enfrentamento entre o governo nacional e o da Prefeitura da capital não conseguiu estragar a festa para os mais de um milhão de pessoas que foram às ruas para comemorar o 200º aniversário da Revolução de Maio.
Recebida pelos líderes convidados, Cristina conseguiu a duras penas abrir passagem em meio à multidão nos arredores da Casa Rosada, para assistir ao espetáculo de luz e som projetado na fachada do edifício, reproduzindo cenas da história argentina.
A festa continuou com o desfile dos 200 anos, um espetáculo musical comandado pelo grupo Fuerzabruta, com mais de 2 mil participantes entre atores e técnicos, e de fogos de artifício. De volta à Casa Rosada, Cristina ofereceu um jantar a 200 convidados, entre os quais os líderes de outros países, governadores, parlamentares, dirigentes sindicais, empresários, cientistas, atletas e representantes do setor de cultura.
"No centenário, queríamos nos parecer com a Europa e, não, sermos nós mesmos. Trouxemos um membro da Casa Real da Espanha. Hoje, ao contrário - apesar do respeito com a Espanha -, estamos aqui com quem abonou a América com suas ideias, seu sangue, seus ideais, que defendeu a liberdade para a igualdade", disse Cristina.
Dirigindo-se aos governantes presentes, ela declarou: se alguém olhar para nós, verá diferençãs de origem, mas um só objetivo - que os povos, as sociedades tenham mais liberdade, igualdade, uma distribuição mais equitativa da riqueza, mais educação e saúde". A presidente também agradeceu a todos os presentes o apoio unânime em sua reivindicação de soberania nas Ilhas Malvinas. (Com agências)
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