O governo moçambicano, em parceria com a sociedade civil sob coordenação da SANTAC – Rede da África Austral contra o Tráfico e Abuso de Menores, lançou formalmente esta semana em Maputo a campanha Nacional Contra o Tráfico Humano, intitulado “Basopa Moçambique”, antes, durante e depois do Mundial 2010.
12 maio 2010/Notícias
Governos e diferentes organizações da sociedade civil temem que o enorme fluxo de pessoas para a África do Sul e a sinuosa magnitude do evento como o Mundial 2010 poderá aumentar o abuso sexual, a exploração e o tráfico de crianças.
Uma avaliação do impacto do Mundial de futebol conduzido por uma organização sul-africana denominada Molo Songolo, apoiada pela Fundação HIC e pela SANTAC, indica que o evento poderá criar condições para o aumento da procura de serviços sexuais, de trabalhos baratos e exploráveis, que vão levar crianças a serem forçadas a trabalhar em vários sectores legais e ilegais, de menores abandonadas e sem supervisão, como escolas que serão fechadas durante o evento, por um período de seis semanas.
O lançamento desta campanha vai culminar com a realização da primeira das oito acções de capacitação de quadros do Governo a nível dos municípios e direcções provinciais da Acção Social, Educação, Saúde, Justiça, Interior, Juventude e Desportos, bem como do Turismo.
A formação tem como objectivo dotar os participantes de ferramentas e habilidades para replicar o programa em todo o país de forma a reforçar a capacidade de prevenção e de resposta local ao problema do tráfico humano, sobretudo de mulheres e crianças.
No quadro desta campanha, vão ser lançados dentro de dias, sports publicitários em diferentes órgãos de comunicação social, desde televisivos, radiofónicos e jornais, para chamar à atenção do público e em especial da camada vulnerável sobre a problemática do tráfico de pessoas.
Em entrevista ao “Notícias”, a directora executiva da SANTAC, Margarida Guitunga, revelou que pelo menos 300 pessoas ligam diariamente para a linha “Fala Criança”, procurando ajuda e aconselhamento sobre situações de abuso sexual dos seus familiares ou tráfico humano.
Não precisou o número de pessoas traficadas, nem abusadas sexualmente em todo o país, mas citou um estudo lançado recentemente na África do Sul sobre o tráfico humano na região, que reconhece a fraqueza em termos de dados estatísticos quando se trata deste tipo de assuntos.
Para além da linha telefónica, as autoridades moçambicanas em coordenação com as organizações não-governamentais que trabalham nesta área, criaram alguns centros de trânsito para crianças recuperadas das mãos dos traficantes. Nestes centros, os menores passam por um processo de reintegração social.
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