A privatização das empresas estatais e unidades de produção levado a cabo durante a implementação do Programa de Reabilitação da Economia (PRE) é apontado como um dos factores que contribui para o declínio da indústria transformadora no país.
6 maio 2010/Notícias
Segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria Química e Afins (SINTIQUIAF) foi depois da adopção deste procedimento que muitas destas empresas começaram a fechar as suas portas e outras deixaram de produzir o seu produto principal.
Como consequência da implementação deste programa, milhares de trabalhadores foram colocados no desemprego e grande parte destas unidades fabris foram transformadas em armazéns e outras ainda, vandalizadas tendo se transformado em ruínas.
Esta é uma das notas tiradas da monitoria do processo de privatizações apresentada no primeiro dia da reunião nacional de reflexão sobre a situação da indústria nacional, nos sectores Químico, Borracha, Papel, Gráfico, Têxtil, Vestuário e Calçado que, junta sindicalistas, empregadores e membros do Governo.
A secretaria-geral do SINTIQUIAF, Jéssica Gune, disse que estes factos todos têm contribuído para que a economia nacional vá perdendo competitividade em comparação com alguns países vizinhos.
“Algumas indústrias eram únicas e de referência a nível nacional, como é o caso da Mabor, Vidreira de Moçambique, Fapel que pura a simplesmente faliram, fecharam as suas portas e deixaram de produzir”, afirmou Gune, acrescentando que o encerramento destas unidades deu lugar a importação de todos os produtos que as fábricas produziam.
Na sua apresentação Jéssica Gune disse que o ramo gráfico que aparentava transparecer alguma estabilidade sofre dos mesmos problemas que afectam as outras. Os clientes têm dito que estas prestam mau serviço e praticam altos preços em comparação com algumas empresas estrangeiras do mesmo ramo. Segundo ela, por causa disso nove empresas foram encerradas e 572 trabalhadores ficaram desempregados.
Mesma situação verifica-se nas indústrias têxtil, vestuário, couro e calçado que em tempos já tornaram o país numa referência mundial sendo que actualmente este ramo já não se faz sentir mesmo a nível nacional.
“Este sector ficou com doze grandes empresas encerradas e como resultado disso um total de 7369 trabalhadores foram despedidos”, disse.
Para fazer face a este cenário, o SINTIQUIAF defende o empoderamento da indústria nacional e reabertura das fábricas encerradas em consequência do processo de privatizações.
“Também queremos demonstrar que o sindicato não está apenas para assistir os trabalhadores na resolução de conflitos laborais e negociação para melhoria das condições de vida, como também para garantir a manutenção dos postos de trabalho, o que só é possível com uma indústria estável”, acrescentou.
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