Macau, China, 17 maio 2010 – Portugal e a China têm vindo a estreitar laços a nível económico e político, mas o seu potencial ainda está por explorar, defende o investigador do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS) Paulo Gorjão.
Em artigo publicado após a recente visita do ministro português dos Negócios Estrangeiros a Pequim, Paulo Gorjão defende que a China “vai ter uma relevância política e diplomática cada vez maior na diplomacia portuguesa”.
“Embora o mesmo não se possa dizer da China, pelo menos não na mesma escala, ainda assim parece que Portugal também vai tornar-se num parceiro cada vez mais importante para a China nos próximos anos”, afirma.
Uma medida da importância que a China atribui a Portugal, que é actualmente um dos poucos países considerados parceiro estratégico na Europa e com o qual não há contencioso, será a sequência da visita de Estado que o presidente chinês, Hu Jintao, vai fazer a Lisboa no segundo semestre de 2010.
A última visita foi feita por Jiang Zemin em Outubro de 1999, ainda na esteira da transferência da administração de Macau para a China.
“Será que depois da visita de Hu serão necessários mais dez anos para haver uma visita de Estado? É improvável, tendo em conta as actuais tendências políticas e económicas de crescente proximidade entre os países”, afirma Gorjão.
Em Pequim, o ministro português Luís Amado encontrou-se com o vice primeiro-ministro Li Keqiang, com o seu congénere Yang Jiechi e com o ministro do Comércio, Chen Deming, tendo sublinhado a importância que o mercado chinês pode ter para as empresas portuguesas.
“O comércio bilateral aumentou substancialmente nos últimos anos. (…) Mas, realmente, as exportações portuguesas para a China poderiam crescer muito mais, se houvesse uma estratégia coordenada”, afirma Paulo Gorjão.
Entre 2002 e 2009 o peso das exportações portuguesas para a China subiu de 0,29 por cento do total para 0,76 por cento do total. A China passou de 28º a 16º maior mercado para as exportações portuguesas.
As importações subiram de 0,81 por cento para 2,40 por cento, tornando a China no nono maior exportador para Portugal.
“Hoje, a relevância da China como parceiro económico é indiscutível. Além disso, a tendência mostra que as trocas económicas entre os dois países vão continuar a crescer nos próximos anos”, afirma o investigador do IPRIS.
Portugal tem vindo a esforçar-se por diversificar os seus mercados de exportação, actualmente concentrados na Europa.
Salvo “circunstâncias imprevisíveis”, a China deverá tornar-se em breve um dos dez maiores mercados para as exportações portuguesas, defende Gorjão. (macauhub)
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