10 maio 2010/Rádio Moçambique
Ponte da Unidade, que liga Moçambique e Tanzânia, vai ser inaugurada esta quarta-feira pelos chefes de Estado moçambicano, Armando Guebuza, e tanzaniano, Jakaya Kikwete, quatro anos após o início das obras.
A infra- estrutura, erguida sobre o Rio Rovuma, entre o norte de Moçambique e o sul da Tanzânia, tem 720 metros de comprimento e uma largura de 13,5 metros, contando com duas faixas de rodagem.
As obras, cujo plano inicial apontava para uma duração de apenas três anos, custaram 25 milhões de dólares e estiveram a cargo de uma construtora da China, país que financiou a empreitada.
A Ponte da Unidade, um sonho dos falecidos Presidentes de Moçambique, Samora Machel, e da Tanzânia, Julius Nyerere, ganhou esse nome para simbolizar a ligação histórica entre os dois países.
A Tanzânia de Julius Nyerere foi determinante na luta de libertação de Moçambique do colonialismo português, pois albergou a sede e as bases militares da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na luta contra a administração colonial, até à proclamação da independência, a 25 de Julho de 1975.
Audácia ditou a construção da “Ponte da Unidade”
O presidente do Conselho de Administração do Fundo Nacional de Estradas, Francisco Manuel Pereira, defende a necessidade de se rever os princípios que determinam a viabilidade para a construção de determinadas infra-estruturas em África no geral, e em Moçambique em particular.
Aliás, disse Pereira, foi precisamente essa visão e audácia do governo que permitiu a construção da Ponte Armando Guebuza, que liga a região sul e norte de Moçambique, bem como a “Ponte da Unidade”, sobre o Rio Rovuma, que liga Moçambique e a Tanzânia, e cuja inauguração oficial terá lugar na quarta-feira.
Pereira falava Domingo, em Pemba, capital da província nortenha de Cabo Delgado, a um grupo de jornalistas que se deslocou àquele ponto do país para cobrir o evento.
Sobre a viabilidade da Ponte da Unidade Nacional, cujo pedido de financiamento foi rejeitado pelo governo japonês, alegando a sua inviabilidade pelo facto de não se registar um volume de tráfego que justifique tamanho investimento naquela região, Pereira insiste ter sido uma decisão correcta de ambos os governos, moçambicano e tanzaniano, de avançar com o projecto.
Refira-se que a construção foi financiada pelo erário público de Moçambique e Tanzânia, tendo os custos sido repartidos equitativamente.
Segundo Pereira, os consultores que elaboraram o estudo de viabilidade encomendado pelo governo japonês, e por outros parceiros de cooperação a quem Moçambique e Tanzânia solicitaram apoios, pecaram pelo facto de terem usado modelos económicos clássicos para a avaliação do referido projecto, limitando-se apenas a concluir que “não haveria transito suficiente para justificar o investimento”.
“Afinal o que é que vem antes é o tráfego ou infra-estruturas?”, questionou Pereira, para de seguida argumentar que nos países desenvolvidos, usando os princípios de economia clássica, primeiro aguarda-se pelo tráfego e só depois é que aparecem as infra-estruturas.
“Isto é, o tráfego começa a funcionar e só depois é que melhoram as infra-estruturas, construindo estradas, pontes, viadutos e etc.… mas no nosso caso é diferente. Nós temos que provocar o tráfego, senão vamos ficar amarrados por círculo infernal vicioso… não há tráfego porque não há infra-estruturas e não há infra-estruturas porque não há tráfego…”, acrescentou.
“Essa é a grande discussão que nós temos com os nossos parceiros de desenvolvimento. Porque eles sempre optam pelo sistema clássico, que não serve no nosso país e em Africa”, repisou.
Por isso, Pereira defende que a melhor forma de romper esse círculo vicioso é a decisão do Executivo de Guebuza de apostar na construção de infra-estruturas, “porque o tráfego não cresce com a mesma velocidade como na Europa ou nos Estados Unidos”.
Para melhor elucidar os seus argumentos, Pereira cita como exemplo a construção da Ponte Armando Guebuza, que já está a estimular o desenvolvimento na região de Caia, onde começam a surgir os hotéis, estalagens e outras actividades económicas.
De acordo com Pereira, a primeira versão de um estudo de estudo de viabilidade realizado por uma empresa sueca entre 1999 e 2000 referia que a ponte sobre o Zambeze só seria viável depois de 20 anos.
“Nós dissemos que é impossível, não aceitamos isso”, disse.
Como forma de provar o contrário, o Governo moçambicano introduziu uma série de outros indicadores, fora do modelo da economia clássica, tais como a soberania, reforço da unidade nacional, o factor cheias que forçava a busca de rotas alternativas através do Malawi e Zimbabwe, tendo-se concluído que o projecto seria viável cinco anos mais tarde, ao invés dos 20 anos inicialmente previstos pela empresa de consultoria sueca.
“Se nós tivéssemos usado os modelos da economia clássica só em 2015 ou 2020 é que começaríamos a obra (Ponte Armando Guebuza). Este é que o maior problema de um país como nosso, bem como qualquer outro país africano”, vincou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário