segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Moçambique/Educação deve reflectir integração regional - defendem investigadores africanos


4 agosto 2008/Jornal Noticias


A educação nos países da África Austral deve reflectir a integração regional sob a pena de todos os processos em curso não surtirem os efeitos desejados na melhoria das condições de vida dos povos. Esta ideia é defendida por cientistas sociais recentemente reunidos em Maputo, no âmbito da 7ª conferência da Sociedade de História e Educação Comparada da África Austral (SACHES). Com efeito, segundo defendem aqueles investigadores, é preciso que a educação se antecipe à globalização que até aqui está sendo vista essencialmente sob o ponto de vista economicista, ignorando a mudança que a educação poderia imprimir no modo de pensar a região e o continente duma forma geral.

O facto de a educação não estar ainda a avançar no âmbito da integração, segundo foi dito nas discussões em torno desta matéria é o facto de o ensino superior, secundário e primário não terem adoptado ainda o mesmo padrão. Reflecte-se ainda na falta de articulação entre um sistema educacional e outro, o que cria constrangimentos de vária ordem quando um cidadão tem que transitar dum país para o outro.

A abordagem dos participantes à conferência cingia-se nos aspectos ligados à educação, história e desenvolvimento em que se conclui que ainda não há uma cadeia de valor que faz com que os currículos aplicados num e noutro país sejam em grande medida diferentes e marcados por ropturas.

Patrício Sande, porta-voz do encontro, disse à nossa Reportagem que não faz sentido que se tenha avançado com a visão economicista da integração e tenha se ignorado um dos principais aspectos da integração em si mesma que é a educação.

“Não podemos estar deslocados do sistema. Deve haver reflexões conjuntas para que os sistemas de educação possam caminhar juntos, sem deixar de considerar as especificidades de cada país. Não faz sentido, atendendo à interacção existente que continuemos a leste no que diz respeito aos modelos de educação atendendo aos aspectos comuns”, disse o nosso interlocutor.

Uma das marcas do desajustamento entre países da região, reflecte-se nos períodos lectivos que são diferentes de país para país e até mesmo no sistema de créditos académicos.

Num painel dirigido à questão da xenofobia, os participantes consideraram que se trata de um problema transversal que a educação tem também algo a dizer.

Segundo defenderam, as ciências sociais, particularmente devem oferecer alternativas à sociedade buscando soluções culturalmente aceitáveis para uma sociedade sem violência, tolerante e que respeita os direitos humanos.

Compulsando sobre as raízes do problema, os participantes defenderam durante os debates que não se trata duma pura questão de vingança porque os estrangeiros roubam os postos de trabalho na África do Sul porque há segmentos de indivíduos que estando com ocupações bem remuneradas, devido ao seu grau académico e vivendo nas mesmas áreas, não chegaram a ser vítimas.

Defenderam que há questões criminais e oportunismo barato associados á falta de referências histórico-culturais.

“Os académicos devem encontrar mecanismos que propiciem a mudança. Se mantivermo-nos calados seremos cúmplices “, defenderam.

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