Luanda, 23 agosto 2008 - O ministro da Cultura, Boaventura Cardoso, afirmou hoje, sábado, em Luanda, ser necessário mais interacção entre as instituições que tratam da temática do comércio de escravos e o resto da sociedade, a fim de garantir maior divulgação das suas actividades.
"Para contribuir no alcance desse objectivo, o Ministério da Cultura tem preconizado novas estratégias para o projecto a rota do escravo no sentido de dar maior divulgação das suas actividades e para que haja maior interacção entre as instituições", adiantou Boaventura Cardoso.
Na declaração a propósito do Dia Internacional em Memória do Tráfico de Escravos e sua Abolição, que se assinala hoje, o governante frisa que o resultado do processo interactivo será, certamente, o maior e melhor conhecimento do problema, permitindo uma maior consciencialização para a luta contra os problemas do mundo contemporâneo.
"Estou a referir-me a questões do tráfico e exploração de menores, discriminação racial, xenofobia, entre outros. Recordar o 23 de Agosto de 1791 significa honrar os nossos antepassados, vítimas da barbárie do comércio negreiro e em sua memória perspectivar e edificar uma sociedade que reconheça a pluralidade cultural e étnica que tenha como horizonte o bem-estar social e a democracia", avançou.
A data, adiantou o ministro, deve servir para a tomada de consciência das violações dos direitos humanos existentes no mundo de hoje, solidarizando-se com as vítimas e procurar as formas para a sua erradicação.
Segundo o governante, Angola vive hoje uma etapa da sua história caracterizada pela consolidação da paz, da democracia, da estabilidade económica e do desenvolvimento, cujo fim é a valorização do homem angolano em todas as suas facetas.
"Esse processo de valorização resulta de uma estratégia que concebe a sociedade angolana como um todo indivisível, onde os direitos e deveres são aplicáveis a todos os cidadãos, garantindo a ausência de discriminação racial, social, sexual, religiosa, política", disse.
Boaventura Cardoso adiantou ainda ser necessário manter viva a memória do tráfico negreiro e da escravidão para que fique claro, para a actual e as gerações vindouras, que uma "sociedade justa" só é possível a partir de um ideal de inclusão do ser humano sem qualquer tipo de restrição.
A celebração desta data, segundo Boaventura Cardoso, simboliza as diferentes manifestações e formas de luta contr o comércio negreiro e a sua eliminação.
"Uma honra, porque significa ter a possibilidade de prestar homenagem a milhões de compatriotas vítimas da maior violação dos direitos humanos que a história conhece, e uma responsabilidade porque significa compromisso com a sociedade de manter viva essa memória e de utiliza-la para evitar fenómenos semelhantes revestidos com novas formas e para ajudar a manter a paz e a unidade nacional", asseverou.
A importância da data, acrescentou, não se encerra apenas na memória das vítimas do tráfico, ela se estende as preocupações do quotidiano nacional onde ainda se pode verificar seres humanos a sofrerem por causa da fome, guerra e de novas formas de exploração.
O dia 23 de Agosto foi adoptado pela UNESCO, como o Dia Internacional da Memória do Tráfico de Escravos e da sua Abolição, na sua 150ª sessão do Conselho Executivo de 1996, com o objectivo de homenagear os escravos na luta pela sua liberdade.
O dia 23 de Agosto recorda a insurreição que começou na noite do dia 22 para o dia 23 de Agosto de 1791, na ilha de São Domingos (hoje dividida entre o Haiti e a República Dominicana), liderada por Toussant Louverture. (AngolaPress)
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