sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Brasil/PASTORAL DA JUVENTUDE RURAL MOTIVA JOVENS A CONTINUAR NO CAMPO

Reportagem: Patrícia Benvenuti | duração: 4'38" | tamanho: 817 Kb

Agência Chasque / http://www.agenciachasque.com.br


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Porto Alegre (RS) - A Pastoral da Juventude Rural (PJR) comemora, em 2008, 25 anos de atividades. Os trabalhos da organização iniciaram no município de Três Passos, na região Noroeste do Rio Grande do Sul, liderados por um grupo de jovens que lutavam contra o êxodo rural, especialmente da juventude. A partir do dia 2, cerca de 500 jovens vão estar acampados em comemoração aos 25 anos da PJR. No dia 5, eles vão participar da 31ª Romaria da Terra, também em Três Passos. A edição deste ano da Romaria traz o tema Juventude, Luta e Resistência em Defesa da Vida. A seguir, a integrante da equipe de formação da PJR, Bruna Garbin, fala sobre as dificuldades do jovem no campo e os desafios da Pastoral para os próximos anos.

Quais os maiores problemas do jovem no campo hoje?

O grande problema é que o jovem no campo hoje não tem muito lugar. Os jovens com os quais a gente trabalha são jovens de famílias de pequenos agricultores. Então essas famílias não dão muita perspectiva de futuro para os jovens, porque em geral os pais não têm muita terra, então seus filhos são levados a sair de casa por não ter muito espaço para trabalhar, quando eles se tornarem adultos. Outra coisa é que tudo os influencia a sair é o pouco entretenimento, a cultura que se dá hoje no campo. A gente não dá muito espaço para esses jovens terem cultura no campo. Outro fator também é a educação. A educação dessa juventude, até um determinado ponto, se dá no interior. Depois grande parte tem que ir para a cidade para estudar. Então, são fatores que os levam a saírem da roça.

O agronegócio e o latifúndio vêm prejudicando a permanência do jovem no campo?

Com certeza, porque o latifúndio e a monocultura não dão espaço para que muita gente fique no campo. Então, não tendo espaço para eles ficarem, a única solução ou alternativa que eles vêem é sair do campo.

O que ainda atrai o jovem para continuar no meio rural?

No campo se tem uma vida melhor, pela questão de que no campo se tem mais qualidade nos seus alimentos, e no campo a gente não tem problemas de assalto, todos esses problemas que a cidade grande traz. Outro fator que leva os jovens a permanecerem é a relação que eles têm com a terra, de cultivar, de plantar, de mexer mesmo com a terra.

Como manter esses jovens no campo?

Eu acho que a juventude precisa mais do que nunca de reforma agrária porque se não ela não vai ter espaço nenhum para ficar no campo. Os movimentos sociais vêm fazendo um trabalho muito importante pela permanência no campo, como o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Movimento Sem Terra (MST), assim como outros movimentos do campo. E a sociedade também tem que se mexer e tem que denunciar essas coisas e achar soluções, porque se a gente deixar tudo na mão do governo as coisas não saem do lugar.

Como a Pastoral trabalha para melhorar a condição de vida desses jovens?

A Pastoral trabalha com os grupos de jovens e tenta buscar essa conscientização. Leva os jovens a olhar com mais carinho para o lugar onde eles vivem e também a estudarem a realidade, qual a realidade em que se está hoje e qual a posição que nós, enquanto juventude, frente a essa realidade. E, nessa conscientização, leva a juventude a fazer ações concretas.

Quais as principais atividades da Pastoral?

As principais atividades da Pastoral são na área da formação de jovens, desde a formação de pequenos grupos que se encontram em cada comunidade do interior, até nas formações regionais, onde são vários grupos e vários municípios. E na formação estadual, onde a gente pega grupos e regiões de todo o Estado e dá alguns dias de formação, que é uma formação mais contínua. E também formação nacional. Então são níveis de formação que levam a pessoa a crescer pessoalmente.

Quais os desafios da Pastoral para os próximos anos?

O grande desafio da Pastoral nesses próximos 25 anos é de expandir o seu trabalho para mais regiões, porque a gente diz que no campo não se tem muitos jovens, mas tem ainda muito jovem no campo. E um dos limites da Pastoral é chegar, se não a todos, a uma grande maioria dos jovens. Esse é um grande desafio a gente levar o nosso trabalho para mais gente, para mais lugares.

Conversamos com a integrante da equipe de formação da PJR, Bruna Garbin, sobre as dificuldades da permanência do jovem no meio rural e a importância da Pastoral junto a essa juventude.

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