Maputo, 3 Agosto 2007 - Os governos africanos e seus parceiros devem investir mais no ensino técnico vocacional e superior, como primeiro passo em direcção ao reforço da capacidade das instituições do continente, reconhecendo que o ensino primário, só, não fornece respostas aos problemas do mundo contemporâneo. Esta tese é defendida pelo académico Olu Ajakaiye, do Consórcio Africano para a Investigação Económica, que ontem dissertou sobre as experiências recentes de desenvolvimento económico na China, Índia, Malásia e Coreia do Sul, no âmbito do II Fórum Pan-Africano de Desenvolvimento de Capacidades, que hoje termina na cidade de Maputo.
Segundo Ajakaiye, as experiências daqueles países asiáticos mostram claramente a importância do investimento no indivíduo, através de uma educação abrangente. Com efeito, de acordo com a fonte, aqueles países começaram por investir no ensino primário obrigatório e gratuito, passando depois para o secundário e formação vocacional. À medida que as economias progrediam, os investimentos foram concentrados no ensino superior e na investigação e desenvolvimento.
Entretanto, segundo Ajakaiye, desde princípios da década de 1980 que os governos africanos e seus parceiros vêm dando especial atenção ao ensino primário, situação reforçada pelas próprias Metas de Desenvolvimento do Milénio (MDM), que realçam aquele nível de ensino, deixando transparecer a ideia de que o ensino superior e a investigação são um luxo. Só recentemente é que o Banco Mundial e alguns parceiros começaram a apelar para um maior investimento no ensino superior e na investigação em África, havendo correntes que defendem a sua inclusão nas MDM.
Ajakaiye defende que o reforço das capacidades em África implica, também, uma abordagem regional que associe as instituições nacionais e os indivíduos envolvidos na investigação e formação superior, numa rede de jovens talentos de vários países. Tal abordagem deve igualmente constituir uma oportunidade para se tirar o máximo proveito possível dos conhecimentos técnicos em África e noutras regiões. Além disso, segundo a fonte, uma abordagem regional dos problemas não só é mais barata, como também reduz os riscos de fuga de quadros.
“Mais do que isso, uma abordagem regional organizada pode tornar mais atraente o regresso ao continente daqueles que se formaram no estrangeiro e na diáspora africana”, sublinhou.
Relativamente a esta possibilidade, o académico Mike Obadan, da Fundação Africana para o Desenvolvimento de Capacidades, que dissertou sobre o aproveitamento das capacidades e recursos humanos na diáspora como agentes do desenvolvimento em África, considera que, mesmo que o ambiente sociopolítico e económico não incentivem o regresso de um número significativo de africanos na diáspora, pelo menos vai contribuir para afrouxar ou travar a emigração e promover a retenção e o aproveitamento das capacidades existentes nos diversos países do continente. (Noticias)
Nenhum comentário:
Postar um comentário