quarta-feira, 8 de agosto de 2007

COMENTARIO / TIMORENSES CONTRA OCUPAÇÃO AUSTRALIANA

A justa razão da abertura da “caça” aos aussies *

Ana Loro Metan / timor-lorosae-nacao / 8 Agosto 2007

Medo da violência? se não tivessemos enfrentado os ocupantes indonésios não teríamos país para agora outros quererem entregar a outros ocupantes!

Consumou-se a tomada de posse do novo governo com vestes antigas, já conhecidas e predestinadas a causarem maiores divisões na nossa tão conturbada sociedade. As manifestações de contestação à decisão presidencial não param, sendo de temer que recrudesçam e adquiram dimensões preocupantes, trazendo-nos mais medos e instabilidades, para além de estarem a demonstrar ao mundo que afinal os timorenses não se sabem entender entre eles e que só são exemplares quando enfrentam um inimigo comum, como foi o caso com os indonésios.

Como em quase tudo, existe uma perspectiva positiva e é bem provável que os timorenses voltem a unir-se num objectivo comum quando perceberem que estamos a ser invadidos e recolonizados, sendo desta vez o que ocorre e se nos mete pelos olhos dentro, da responsabilidade de todos que têm passado estes anos, ditos de independência, a dobrar a coluna vertebral ao governo australiano – mais visivelmente – e ao dos Estados Unidos da América, perdendo indecentemente a sua verticalidade.

Já há uns tempos que começa a dar para percebermos que a hostilidade em relação aos militares australianos que estão a ocupar o nosso país, em regime de exclusividade, ocorre e agora ainda mais se torna claro que é cada vez mais nossa vontade que eles aprendam o significado dos nossos termos “surco” e “bahona” e assim nos desapareçam das vistas – porque no coração nunca estiveram nem vão estar. Os “ataques” dos jovens contestatários que de disparate em disparate vão fazendo das suas, por vezes muito feias e injustificadas acções, não devem ser confundidas com o sentimento que os timorenses têm em relação aos militares e governantes australianos.

As pedradas de que têm sido vítimas os nossos ocupantes sofisticadamente armados assim como as viaturas da ONU que presumivelmente transportam uns quantos australianos têm por objectivo pô-los daqui para fora! A “guerra” é com a Austrália e isso está claro. O comportamento da Austrália em relação ao nosso país tem sido vergonhoso.

Sabemos, todos nós sabemos, que neste momento a Austrália está roubar-nos milhares e milhares de dólares enquanto escrevo ou vocês lêem e que nada é feito para terminar com este saque vergonhoso. Sabemos sobre a ascendência que Howard tem sobre Ramos Horta e Xanana Gusmão, entre outros, e até nos estaríamos nas tintas para que assim fosse se eles não fossem presidente e primeiro-ministro deste dito país. Eles dirão sempre que não, claro está, mas cada vez se assemelham mais a governadores lambe-botas dos governantes de um país que tem semeado tempestades e colhido as vastas – no nosso caso - vantagens nos pequenos países da região. Se Horta não se sente um pau-mandado nas mãos de Howard o que é que se sente? Se não concorda porque é que diplomaticamente não lhes dá a entender? Timor-Leste tem inúmeros aliados, democráticos, que não terão rebuço em nos ajudar se Howard nos chantagear. Só há que dizê-lo.

Que veio Howard fazer a esta “colónia” antes do dito PR anunciar a sua decisão em relação à indigitação do primeiro-ministro? Não quereria Horta indigitar quem a Fretilin indicasse, Estanislau da Silva, porque a AMP estava irredutível, intolerante e antidemocrática – tendo isso feito perceber a Xanana – e Howard veio cá dizer que “is impossible, my friend”? Porquê o beija-mão ao invasor? Ou não será invasão um australiano primeiro-ministro decidir aparecer de surpresa num território supostamente independente, um país soberano?

Receio da violência? Pois, nós também, mas se assim tivéssemos agido com os indonésios ainda não tínhamos país e aqueles que o querem vender não teriam essa oportunidade. Será bom que Horta pense nisso em vez de andar pelas meias-tintas e a carregar “uma cruz de pau-ferro”!

* Aussies = australianos

Nenhum comentário: