29 março2016, Sputnik Brasil http://br.sputniknews.com
(Rússia)
Em seu mais recente artigo, o analista de geopolítica internacional Pepe Escobar analisa o atual cenário político do Brasil à luz da influência externa sobre o país. Para ele, tanto o Brasil, como a Rússia, estão sob ataque do que o autor chama de ‘Guerra Híbrida’, uma mistura de ‘revolução colorida’ com ‘guerra não-convencional.
Para o
analista, a matriz ideológica e o modus operandi das ‘revoluções coloridas’ –
como as manifestações na Ucrânia — hoje são uma questão de domínio
público. Não tanto o conceito de Guerra Não-convencional.
Este conceito foi explicitado no Manual de Forças Especiais de Guerra
Não-convecional (2010) da seguinte forma: “A intenção dos esforços dos Guerra
Não Convencional dos EUA é explorar uma vulnerabilidade de hostis poderes
políticos, militares, econômicos e psicológicos, através do desenvolvimento e
sustentação de forças de resistência para realizar os objetivos estratégicos
dos EUA… Para o futuro próximo, as forças americanas estarão
predominantemente envolvidas operações irregulares de guerra
não-convencional".
Escobar argumenta que os poderes "hostis" são classificados
não só no sentido militar; qualquer Estado que
se atreve a desafiar qualquer
parte significativa da ordem mundial centrada em Washington -- desde o Sudão
até a Argentina — pode ser marcado como "hostil".
“As
ligações perigosas entre revoluções coloridas e a Guerra Não-convencional agora
floresceram plenamente como uma Guerra Híbrida. Uma revolução colorida não é
nada mais do que a primeira fase do que se torna a Guerra Híbrida. E Guerra
híbrida pode ser interpretada essencialmente como uma militarização da teoria
do caos — um conceito absoluto dos militares dos EUA (‘a política é a
continuação da guerra por meios linguísticos’)”, diz ele.
Escobar esclarece que um dos objetivos centrais da tese da Guerra
Híbrida é "perturbar projetos transnacionais multipolares através de
conflitos de identidade provocados externamente (étnicos, religiosos,
políticos, etc.) através de um alvejado Estado transitório".
De acordo com o analista, o grupo BRICS é um dos alvos primários da
Guerra Híbrida. Entre algumas das razões citadas, se encontram o impulso para o
comércio em suas próprias moedas, ignorando o dólar norte-americano; a criação
do banco de desenvolvimento do BRICS; a declarada direção para uma integração
da Eurásia, etc.
Sendo assim, Pepe Escobar diz que uma estratégia precisava ser
desenvolvida contra cada um dos principais atores do BRICS, sendo a única
contrapartida real de poder à hegemonia norte-americana.
“Tudo foi jogado
contra a Rússia – desde sanções até a completa demonização, desde um ataque à
sua moeda até a uma guerra nos preços do petróleo, incluindo até mesmo
tentativas (patéticas) de iniciar uma revolução colorida nas ruas de Moscou.
Para um nó mais fraco do BRICS, uma estratégia mais sutil teria de ser
desenvolvida. O que nos leva à complexidade da Guerra Híbrida aplicada à atual
desestabilização político-econômica do Brasil”, argumenta o analista.
“Não é à toa que São Paulo se transformou no epicentro da Guerra híbrida
contra o Brasil. São Paulo, o mais rico estado brasileiro, também abriga a
capital econômica e financeira da América Latina, trata-se do nó fundamental de
uma interligada estrutura de poder nacional e internacional.
De acordo com ele, “o sistema financeiro global centrado em Wall
Street — que governa praticamente todo o Ocidente — simplesmente não
poderia permitir uma soberania nacional em plena expressão de um grande ator
regional como o Brasil”.
“Então, em junho de
2013, Edward Snowden vazou essas práticas notórias de espionagem da NSA. No
Brasil, a NSA estava toda sobre a Petrobras. E, de repente, do nada, um juiz
regional, Sergio Moro, com base em uma única fonte — um operador de câmbio
no mercado negro — tinha acesso a um grande documento de despejo da
Petrobras”, continua Escobar.
Para ele, este foi o primeiro passo da Guerra Híbrida contra o Brasil,
revelando o modus operandi das ‘revoluções coloridas’ — a luta contra a
corrupção e "em defesa da democracia".
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