21 março 2016, ADITAL Agencia de
Información Fray Tito para América Latina (Brasil)
Tatiana Félix, Jornalista da Adital
Diante do atual cenário de intensas manifestações e de polarização
política no Brasil, instituições religiosas divulgam manifestos pedindo paz,
diálogo e discernimento para a garantia do processo democrático no país. A
Igreja Povo de Deus em Movimento (IPDM) ressalta a importância da defesa da
democracia e conclama o povo a "repudiar qualquer ato de intolerância e
ódio que está se espalhando sobre as nossas cidades, contra pessoas de
movimentos sociais e da esquerda, por insuflar uma convulsão social e a
barbárie”.
Em manifesto público, a IPDM pede que a população fique atenta às
verdadeiras vias de informação e justiça e condena o vazamento seletivo de
informações nos processos de investigação que envolvem suspeitos e réus de várias
vertentes políticas, na Operação Lava Jato. Critica a tentativa de se fazer
sensacionalismo visando a promover "um ou outro herói da nação”.
Neste sentido, faz um alerta sobre os movimentos que são favoráveis ao
impeachment da presidenta Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores –PT), já
que estes seriam patrocinados por "políticos de conhecida conduta de
perseguição aos direitos humanos”.
"Indicamos
o fortalecimento, nas ruas, das frentes nacionais de
mobilização do povo, conhecidas como Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil
Popular, bem como a 25ª Caravana dos Movimentos Sociais da Zona Leste para
Brasília. É por aí que lutaremos pela igualdade de mulheres, negros, indígenas
e pobres, por efetivação da educação, saúde, emprego e investimentos, em avanços
socioeconômicos que respeitem a terra, as brasileiras e os brasileiros”,
defende o IPDM.
Após a reunião do seu Conselho Permanente, nos últimos dias 08 a 10 de
março, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifesta-se, com
preocupação, sobre o 'grave momento' político pelo qual passa o país. Em nota,
a entidade afirma que "vivemos uma profunda crise política, econômica e
institucional que tem como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e
morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade”. De acordo com a
CNBB, "o momento atual não é de acirrar ânimos. A situação exige o
exercício do diálogo à exaustão. As manifestações populares são um direito
democrático que deve ser assegurado a todos pelo Estado. Devem ser pacíficas, com
o respeito às pessoas e instituições. É fundamental garantir o Estado
democrático de direito”.
Ressaltando a importância do diálogo, a Igreja Evangélica de Confissão
Luterana no Brasil (IECLB) declara, também em nota, que o diálogo é "um
dos componentes imprescindíveis para que a democracia cresça e floresça” e
lembra que a democracia foi conquistada "a duras penas”, no Brasil.
"Diálogo é a interação entre pessoas através da palavra. Porém,
acompanhando as notícias em nosso país, hoje, fica-se com a nítida impressão de
que estamos desaprendendo a dialogar. Há um clima de crescente tensão. Em lugar
da palavra, são colocados gritos, empurrões. Cresce o confronto a qualquer
custo. Será que estamos esquecendo o que conquistamos a duras penas?
Cansamo-nos da bendita oportunidade de viver a democracia que se constrói com
diálogo?”, questiona.
Já para a Igreja Episcopal Anglicana, as investigações de corrupção
devem ser enfrentadas com a lei e somente dentro dela, sem interferência de
segmentos empresariais, e a exarcebação de ânimos não deve ultrapassar os
limites das liberdades constitucionais, nem devem sofrer recuo.
"Interesses corporativos de órgãos da grande mídia não podem e não devem
ser ideologicamente seletivos e nem condenar, a priori, ninguém por causa de
seu perfil ideológico. A tentativa de desqualificar pessoas, como o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem provas concretas, bem como outras
pessoas com perfil político mais à esquerda, é uma nítida estratégia
corporativa, que não ajuda no processo de esclarecimento da verdade. Apenas
acentua o caráter político e agrava a tensão no meio da sociedade”, declara a
instituição.
Por fim, faz um apelo para que "se respeite o estado democrático de
direito e se evite qualquer manobra de desconstrução do resultado das urnas; e
se respeite a livre manifestação do pensamento dentro de padrões que não
contemplem o ódio e a violência contra pessoas e grupos”.
Diante do que chama de ‘polarização estimulada por uma mídia
partidarizada e tendenciosa’, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
(Conic) exorta o povo brasileiro a expressar, pacificamente, sua opinião e
posição sobre o momento, e evitar o incentivo e a prática de qualquer tipo de
violência e ilegalidade. "Precisamos, antes de tudo, preservar a nossa
jovem democracia, o Estado de direito e as conquistas sociais que a sociedade
brasileira alcançou nos últimos anos", defendeu.
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