12 março 2016, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil http://sn.ieab.org.br (Brasil)
Nesta postagem
Brasil/CNBB não aceita que aproveitem crise para dar golpe, diz bispo
Brasil/Em defesa da democracia brasileira -- Cáritas, CPT, Cimi, CPP, SPM
Considerando o ambiente político nacional e o clima de mobilizações
políticas destes últimos dias, desejo dirigir uma palavra pastoral a todas as
pessoas cidadãs de nosso país, prevenindo consequências cuja medida ainda não é
possível avaliar.
Desejo transmitir uma mensagem de esperança e confiança em nosso Deus
para que o diálogo respeitoso permaneça e as manifestações políticas aconteçam
com o respeito às leis e ao Estado democrático de Direito.
A exacerbação de ânimos não pode extrapolar os limites das liberdades
constitucionais, conquistados pelo povo brasileiro e que não devem sofrer
qualquer recuo. Estão em jogo dois projetos de sociedade: um que prega a
continuidade dos avanços dos direitos sociais da maioria do povo brasileiro e
outro que se constrói sobre pressuposto conservador, autoritário e que serve
apenas às elites e seus interesses.
Diante disso, as Igrejas do Brasil conclamam o povo brasileiro a
respeitar a legalidade republicana e democrática, construída a duras penas e
banhada pelo sangue de homens e mulheres que deram a sua vida a serviço das
causas libertárias de uma sociedade justa, inclusiva e pacífica…
As investigações de corrupção cometidas por agentes do Estado em todos
os poderes em conluio com segmentos empresariais são um atentado contra o povo
e devem ser enfrentados com a lei e somente dentro dela. São legítimas somente
quando existam provas concretas e quando garantem o direito à ampla defesa.
Interesses corporativos de órgãos da grande mídia não podem e não devem ser
ideologicamente seletivos e nem condenar a priori ninguém por causa de seu
perfil ideológico. A tentativa de desqualificar pessoas como a do ex-presidente
Lula, sem provas concretas, bem como a outras pessoas com perfil político mais
à esquerda, é uma nítida estratégia corporativa que não ajuda no processo de
esclarecimento da verdade. Apenas acentua o caráter político e agrava a tensão
no meio da sociedade.
Este é um processo global e latinoamericano que tem realizado mudanças
políticas conservadoras, em prejuízo da ampla maioria do povo e tem provocado
desastroso retrocesso político que nossa consciência evangélica não deve
tolerar.
Mas há algo que não deve ser esquecido: jamais deixemos que o ódio
prevaleça na militância política e em meio às tensões que vivemos nestes tempos
em nossa sociedade. O ódio será sempre um mal conselheiro. Firmeza de
convicções não pode ser instrumentalizada pela eliminação simbólica de nossos
opositores.
Portanto, dirijo uma palavra ao nosso povo anglicano, recomendando que
se observe o seguinte:
1.
Que se respeite o estado democrático de direito e se evite qualquer
manobra de desconstrução do resultado das urnas;
2.
Que se rechace qualquer tentativa de retorno ao autoritarismo e a
qualquer modelo que represente cerceamento dos direitos individuais e coletivos
conquistados;
3.
Que se respeite a livre manifestação do pensamento dentro de padrões que
não contemplem o ódio e a violência contra pessoas e grupos;
Que Deus nos abençoe e que sejamos capazes de defender com firmeza um
projeto de sociedade que traga consigo os valores da justiça e da paz! Um
projeto que beneficie toda a sociedade. Que haja mais amor e menos ódio!
Santa Maria, 12 de março de 2016
Do vosso Primaz,
++FRANCISCO
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Relacionada 1/2
Brasil/CNBB não aceita que aproveitem crise para dar golpe, diz bispo
20 março 2016, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
Dom Ailton Menegussi, bispo da Diocese de Crateús, rejeitou de forma enfática a tentativa golpista da oposição que investe contra a presidenta Dilma Rousseff. “Não aceitamos que partido político nenhum aproveite-se dessa crise para dar golpe no país”, disse, falando pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Segundo ele, nenhum bispo do Brasil concorda com corrupção e todos
apoiam que investigações sejam feitas, denúncias sejam apuradas e, “uma vez
provadas – não antes”, que se punam os culpados. “Mas os culpados não são desse
partido ou daquele só, não. Tem corrupto em tudo que é partido”, discursou, sob
palmas dos fiéis, em Tauá, no Sertão cearense.
O bispo afirmou ainda que “a corrupção não foi inventada de 15 anos para cá, não sejamos inocentes”. Para Menegussi, o que está acontecendo é que agora se está permitindo que “as coisas apareçam”.
“Não vamos apoiar troca de governo, de pessoas interesseiras, que querem se apossar porque são carreiristas. Tem muita gente posando de santinho, mas que nunca pensou em pobre. Fazem discurso bonito porque querem o poder. E com isso a CNBB não concorda”, criticou.
O religioso foi duro nas críticas à seletividade das denúncias. “Sabemos
que há um monte de processo contra outros políticos, que são engavetados, mas,
quando se trata de um governo que nasceu dos pobres, esse é criminoso. Nós não
pensamos assim”, disse.
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Relacionada 2/2
Brasil/Em defesa da democracia
brasileira -- Cáritas, CPT, Cimi, CPP, SPM
18 março 2016, ADITAL
Agência de Informação Frei Tito para América Latina (Brasil)
DOCUMENTO
Adital
"Assim também vós: por fora
pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de
hipocrisia e de iniquidade” (Mt, 23-28)
Neste momento em que vivenciamos
a ameaça de golpe sobre a democracia brasileira, não podemos permitir que as
conquistas democráticas e que os direitos civis, políticos e sociais sejam mais
uma vez afrontados pela forca da intolerância, do conservadorismo e da
violência, física e/ou institucional.
O golpe militar de 1964 imprimiu na sociedade brasileira
um quadro de pavor e sofrimento àqueles que lutavam por direitos e liberdades e
a todo povo brasileiro. Prisões arbitrárias, tortura e morte de
lideranças populares, estudantes, sindicalistas, intelectuais, artistas e
religiosos davam a tônica do estado de exceção que então se instalava.
Na nossa ainda jovem democracia, estamos
presenciando o mesmo discurso de combate à corrupção propagado pelos meios de
comunicação às vésperas do golpe de 1964. Mais uma vez a sociedade
brasileira corre o risco de vivenciar o mesmo cenário de horror e pânico. As
últimas ações de setores conservadores, incluindo os meios de comunicação,
repercutem nas ruas e geram um clima de instabilidade, violência e medo.
Diante do risco de aprofundamento
dessa situação e da quebra da ordem constitucional e social, a Cáritas Brasileira, a
Comissão Pastoral da Terra – CPT, O Conselho Indigenista Missionário – CIMI, o
Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP e o Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM
vêm a público manifestar preocupação com a grave crise. Queremos que todos
os fatos sejam apurados e que seja garantida a equidade de tratamento a todos
os denunciados nas investigações em curso no país, respeitando-se o
ordenamento jurídico brasileiro.
Tememos que os direitos
constitucionais dos jovens, das mulheres, dos sem-teto, das comunidades
tradicionais, dos povos indígenas, dos quilombolas e dos camponeses,
especialmente aos seus territórios, sejam ainda mais violentamente negados.
Reafirmamos nosso compromisso com
o combate à corrupção, resguardando que esse processo não represente retrocessos nas
conquistas e na garantia dos direitos historicamente conquistados pelo povo
brasileiro.
Brasília, 17 de março de 2016
Cáritas Brasileira
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP
Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM
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