23 março 2016, http://www.brasil247.com (Brasil)
Durante encontro com sindicalistas em São
Paulo, ex-presidente Lula disse que "não podemos aceitar o ódio que está
sendo destilado no nosso País"; "Não podemos nos dividir entre
vermelhos e verde-amarelos. Temos que nos dividir entre aqueles que querem o
pobre vá para a universidade, que o pobre saia da miséria, e os que não
querem", discursou; Lula disse que irá esperar "pacientemente" o
desfecho sobre sua posse como ministro da Casa Civil, mas assegurou que ajudará
a presidente Dilma a governar o País; "Se enganam aqueles que pensam que
eu só vou ajudar a Dilma se eu for ministro", afirmou; ao comentar a
divulgação de grampos de conversas privadas suas, declarou estar "enojado
com o comportamento de determinados setores de comunicação"; no ato,
sindicalistas das seis maiores centrais do País aprovaram manifesto contra o
golpe e em apoio a Lula
247 – Em discurso durante encontro com líderes sindicais
em São Paulo, na noite desta quarta-feira 23, o ex-presidente Lula ressaltou
que "não podemos aceitar o ódio que está sendo destilado nesse País",
criticou a divulgação dos grampos com versas privadas suas e afirmou que irá
esperar "pacientemente" o desfecho sobre sua posse como ministro da
Casa Civil, que foi suspensa pelo STF.
"Não podemos aceitar o ódio que está sendo destilado no nosso
País" discursou Lula. "Não podemos nos dividir entre vermelhos e
verde-amarelos. Temos que nos dividir entre aqueles que querem o pobre vá para
a universidade, que o pobre saia da miséria, e os que não querem",
defendeu, no ato realizado na Casa de Portugal, região central da capital
paulista.
Sem citar a TV Globo, Lula indicou que parte desse ódio visto atualmente
no País é estimulada pela emissora. "Esse ódio criado nesse país, nós
sabemos todo dia quando ligamos a televisão. Não é nenhuma dona de casa, nenhum
trabalhador, nenhuma empregada doméstica [que instiga o ódio]. Esse ódio é
quase que um ódio ideológico. 'Ah, temos que tirar a Dilma, temos que tirar o
Lula'", completou, mencionando em seguida o triplex de Paraty que seria da
família Marinho.
Lula também disse estar "enojado" com setores de comunicação
ao criticar a divulgação de grampos de conversas particulares suas. "Eu
estou enojado com o comportamento de determinados setores de comunicação",
disse. "Mas não tem problema, eu não farei o jogo rasteiro que eles faziam
comigo. O tempo vai se encarregar de dizer quem estava certo ou não. Eu só
queria que eles tivessem profundo respeito", completou.
Sobre a suspensão de sua posse como ministro, Lula ironizou a viagem do
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, para Portugal, onde
organizou um evento com os principais defensores do impeachment da presidente
Dilma Rousseff, como os senadores tucanos Aécio Neves e José Serra, além do
vice-presidente da República, Michel Temer. "O ministro Gilmar me cassou e
viajou para Portugal. Então vou esperar pacientemente. Mas se enganam aqueles
que pensam que eu só vou ajudar a Dilma se eu for ministro", disse Lula.
O ex-presidente contou que já havia recebido um convite de Dilma para
ser ministro em agosto do ano passado, mas não havia aceitado. "Ela já
tinha me chamado em agosto do ano passado, eu não quis. Eu sei da dificuldade
de um ex-presidente conviver com um presidente no mesmo espaço
geográfico", afirmou. Em seguida, contou ter aceitado o novo convite
"para andar por esse país", entre outros planos.
No ato, as seis maiores centrais sindicais do País aprovaram um
manifesto contra o golpe e em apoio a Lula, que foi entregue ao ex-presidente.
São elas: CUT, UGT, CTB, Força Sindical, CSB e NCST. Confira abaixo a íntegra
do manifesto:
Garantir a democracia brasileira e o respeito à
Constituição Cidadã Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe
A ameaça de golpe de quem quer rasgar a
Constituição está aprofundando a recessão econômica e aumentando o desemprego
no Brasil. Estão em sério risco à democracia, os direitos da classe
trabalhadora e a soberania nacional.
Para fazer frente a esta conjuntura, nós,
sindicalistas de diferentes tendências sindicais, reunidos neste ato,
manifestamos total solidariedade à presidente Dilma Rousseff, legitimamente
eleita pela maioria do povo brasileiro, e ao companheiro e ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, e exigimos a imediata efetivação de sua posse como
ministro chefe da Casa Civil.
Expressamos a convicção de que Lula, na
condição de maior líder político e popular do país, merece e goza da plena
confiança e solidariedade dos dirigentes e da classe trabalhadora brasileira e
irá contribuir de forma decisiva para solucionar a crise política e
institucional que perturba o Brasil.
Somente a via democrática, sem subterfúgios ou
à margem da Constituição, poderá criar as condições para a retomada do
crescimento e a geração de empregos no país.
O momento requer unidade e demanda repúdio a
atitudes antidemocráticas que, a pretexto do combate à corrupção, resultaram no
suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e na deposição de João Goulart, em 1964.
Forjada sua liderança política no movimento
sindical, Lula exerceu um governo marcado por importantes conquistas da classe
trabalhadora e do povo, entre as quais cumpre destacar:
A política de valorização do salário mínimo;
O arquivamento do projeto de reforma
trabalhista que estabelecia a prevalência do negociado sobre o legislado;
A legalização das centrais sindicais;
Os programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha
Vida.
Com notória habilidade de negociação, Lula,
como ministro-chefe da Casa Civil, poderá dialogar com as diversas forças
políticas do país, o que reforçará a preservação das conquistas sociais dos
últimos 13 anos. O ex-presidente poderá também dar sequência às propostas
inscritas no documento "Compromisso pelo Desenvolvimento", lançado
por sindicalistas e empresários em dezembro de 2015, como contribuição efetiva
para a retomada do crescimento econômico.
Por essas razões, dentre tantas outras que
levaram ao engrandecimento da nossa Nação, conclamamos a todos os cidadãos
brasileiros, sobretudo os trabalhadores, com serenidade e firmeza, defenderem a
nossa democracia, nossa Constituição e nossos direitos sociais duramente
conquistados.
São Paulo, 23 de março de 2016
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