6 outubro
2015, ODiario.infohttp://www.odiario.info (Portugal)
Há 40 anos acontecia a
chamada Operação Condor. Foi esta
uma aliança político-militar entre os países do Cone Sul, região composta pelas
zonas austrais da América do Sul (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e
Uruguai), com o objectivo maior de reprimir os opositores aos regimes militares
instalados desde os anos 1960. Acção liderada por militares da América Latina,
com a ajuda da CIA, orquestrou perseguições, sequestros, atentados e
assassínios.
Cerca de 150
representantes de entidades e organizações de direitos humanos e vítimas das
ditaduras latino-americanas, instaladas nos anos de 1960-1980 se reuniram em
Brasília, para debater os avanços e retrocessos após 40 anos da Operação
Condor. O encontro gerou um debate sobre
políticas públicas em torno da defesa da verdade, da memória e da justiça na
região.
Cerca de
45 organizações de movimentos sociais em torno da luta pela verdade, memória,
justiça e reparação nos países que fazem parte do Mercosul participaram do
debate.
Isto
porque há 40 anos acontecia a chamada Operação Condor. Esta foi uma aliança
político-militar entre os países do Cone Sul, região composta pelas zonas
austrais da América do Sul (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e
Uruguai), com o objetivo maior de reprimir os opositores aos regimes militares
instalados desde
as anos 1960. Foi criada por iniciativa do governo chileno e
durou até a redemocratização, na década de 1980. Foi uma ação liderada por militares
da América Latina, com a ajuda da Agência Central de Inteligência (CIA) dos
Estados Unidos, que orquestravam perseguições, sequestros, atentados e
assassinatos.
A meta era
eliminar os líderes de esquerda nos países do Cone Sul e reagir à Olas
(Organização Latino-Americana de Solidariedade), criada por Fidel Castro,
ex-presidente de Cuba. Foi batizada com o nome do Condor, uma ave típica dos
Andes, que representa astúcia.
Segundo
Paulo Abrão, secretário-executivo do Instituto de Políticas Públicas em Direitos
Humanos (IPPDH) do Mercosul, encontro propôs um espaço de articulação e
oportunidade para que as organizações e entidades que trabalham com a promoção
dos direitos humanos pudessem apresentar sugestões de políticas regionais a
serem implementadas pelos países do Mercosul, de forma integrada e visando à
preservação da memória. “É um encontro para a afirmação da cooperação regional
entre os nossos países, em favor da defesa dos direitos humanos, como uma
espécie de um anti-condor, que, no passado, representou uma operação para a
repressão aos direitos humanos”, explica Abrão.
Ainda de
acordo com o secretário-executivo do IPPDH, a Operação Condor permitiu que os
países do Cone Sul fizessem um intercâmbio de informações, que construiu ações
de perseguição e extermínio de todas as pessoas que pensavam e faziam oposição
aos governos daquele período, desrespeitando os direitos fundamentais das
pessoas. “As forças de segurança diplomática não tinham na sua base fundamental
os princípios dos direitos humanos”, conta Abrão.
Cerca de
45 organizações de movimentos sociais em torno da luta pela verdade, memória,
justiça e reparação nos países que fazem parte do Mercosul participaram do
debate. Alberto Carlos “Betinho” Dias Duarte, representante dos Amigos do
Memorial da Anistia do Brasil; Galo Reinaldo Bogarín Alén, do Centro de Estudos
Paraguaios Antonio Guash (Cepag); Myrian Angélica González Vera, do Centro de
Documentação e Estudos do Paraguai; Maria Stella Cáceres, presidente da
Fundação Celestina Perez de Almada, do Paraguai; Jair Lima Krischke, presidente
do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil, Monica Venegas, da
Comissão pela Justiça e pela Verdade de Venezuela; e Alexandre Penha, diretor
dos Direitos Humanos do Itamaraty [Brasil], foram alguns dos participantes.
O evento
foi organizado pelo IPPDH e pela Unidade de Apoio à Participação Social (UPS)
do Mercosul, em cooperação com a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça,
a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Paulo Abrão afirma ainda o evento foi importante porque a sociedade caminha para consolidar a região do Mercosul como um território onde o valor da democracia é cada vez mais afirmado. “É importante conhecermos as formas como os países se articularam e cooperaram no passado para que nós tenhamos as capacidades, no presente, de instituir fortalezas que nos ajudem a evitar a repetição dessa barbárie”, afirmou.
O encontro
resultou em propostas, que serão levadas à próxima Reunião de Altas Autoridades
em Direitos Humanos (RAADH), do Mercosul, que acontecerá em novembro deste ano,
em Assunção [Paraguai].
Entre as
proposições está a construção de medidas regionais para que os lugares de
memória sejam preservados. Os antigos centros de tortura serão identificados e
resignificados como lugares de repúdio a crimes contra a humanidade.
Foi
defendido pela procuradora da República e presidenta da Comissão Especial sobre
Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos, Eugênia
Gonzaga, que o Supremo Tribunal Federal (STF) faça a revisão da Lei de Anistia,
para que os agentes do Estado sejam responsabilizados pelos crimes e violações
de direitos humanos cometidos durante o regime militar.
Além
disso, os participantes também deverão acompanhar as ações judiciais que dizem
respeito à Operação Condor, que tramitam no Chile, na Argentina e na Itália.
Esse processo vai gerar as primeiras condenações do mais alto escalão de
elaboração do Plano Condor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário