10 outubro
2015, Oriente Midia http://www.orientemidia.org (Brasil)
Tradução Vila Vudu
8 outubro 2015
A Rússia não quer guerra contra a Turquia, então os generais russos conceberam
um plano simples, mas efetivo, para desencorajar a Turquia a tomar qualquer
atitude que possa levar a confronto entre os dois países. Semana passada,
aviões russos entraram por duas vezes no espaço aéreo turco. Os dois incidentes
causaram consternação em Ancara e puseram em fúria os líderes turcos. Nos dois
casos, oficiais russos imediatamente se desculparam pelas incursões, declararam
ambas não intencionais (“erros de navegação”) e prometeram tentar
empenhadamente evitar futuras intrusões. Então, aconteceu um terceiro
incidente, mais sério, que não foi erro: claramente, ali, os russos queriam
enviar uma mensagem ao presidente Erdogan da Turquia. Adiante um breve resumo
do que aconteceu, extraído de World
Socialist Web Site:
“Oficiais turcos denunciaram um terceiro incidente na 2ª-feira, quando um jato de combate MIG-29 não identificado manteve seu radar por quatro minutos e meio sobre oito jatos turcos F-16 que patrulhavam o próprio lado da fronteira, aparentemente em procedimento para abrir fogo” (“US, OTAN step up threats to Rússia over Síria“, World Socialist Web Site).
Que ninguém se engane. O único caso em que um piloto de combate adota esse protocolo é quando planeja derrubar avião inimigo. Foi recado, e por mais que tenha passado sem que os políticos e a mídia-empresa entendessem coisa alguma,
Parágrafo.
É bom exemplo de como a “prevenção” pode efetivamente prevenir conflitos, muito
mais que iniciá-los. Atirando por cima do teto turco, Moscou esvaziou o plano
de Erdogan de anexar parte do norte da Síria e ali declarar uma “zona segura”.
A Turquia terá de rasgar esse plano, porque já se deu conta de que qualquer
tentativa para tomar e ocupar território sírio desencadeará retaliação rápida e
forte, pelos russos. Vista sob essa luz, a incursão dos russos parece modo
extremamente efetivo de evitar guerra mais ampla, simplesmente porque os russos
telegrafaram aos potenciais adversários, para informar a eles o que podem e o
que não podem fazer. Dito em termos bem simples: Putin reescreveu as regras do
jogo na Síria, e Erdogan melhor fará se obedecer. Se não… Aqui, mais sobre a
Turquia, de Patrick Cockburn no The
Independent:
“Invasão
turca por terra, contra a Síria, embora ainda seja teoricamente possível, seria
agora mais arriscada, com aviões russos operando em áreas das quais mais
provavelmente os turcos poderiam lançar a incursão.
O perigo para os turcos é que agora estão com dois quase-estados curdos,
um na Síria e um no Iraque, junto às fronteiras sul. Pior, o quase-estado curdo
sírio (…) é governado pelo Partido da União Democrática [cur. PYD], que é o ramo sírio do
Partido dos Trabalhadores do Curdistão [cur. PKK],
que luta contra o estado turco desde 1984. Qualquer futura insurgência do PKK em áreas curdas no sudeste da Turquia
será fortalecida pelo fato de o PKK
ter seu próprio estado de fato.
Parece que os quatro anos de tentativas da Turquia para derrubar o presidente
Bashar al-Assad fracassaram. Ainda não se sabe com clareza o que o presidente
Erdogan da Turquia poderá fazer quanto a isso, porque o apoio da OTAN, nesse
estágio, já não passa de pura retórica. Quanto às relações da Turquia com a
Rússia, Erdogan diz que qualquer ataque contra a Turquia será ataque contra a
OTAN e que “se a Rússia perder amigo como a Turquia, com a qual já
cooperou em muitas questões, terá perdido muito.” Mas pelo menos na Síria, é a
Turquia que aparece no polo perdedor” (“Rússia
in Síria: Russian Radar Locks on to Turkish Fighter Jets“, The Unz Review)
Pobre Erdogan. Jogou os dados e… nada. Imaginou que conseguiria expandir seu talvez-império otomano na direção do norte da Síria, e agora seu sonho jaz em ruínas. Se enviar seus aviões de guerra para o norte da Síria e abertamente desafiar a força aérea russa? Não, não, Erdogan não é tão tolo. Certamente permanecerá do seu lado da fronteira, vai sapatear e bradar aos céus contra “Putin-do-mal”, mas ao final do dia não terá movido uma pedra, nada.
Pobre Erdogan. Jogou os dados e… nada. Imaginou que conseguiria expandir seu talvez-império otomano na direção do norte da Síria, e agora seu sonho jaz em ruínas. Se enviar seus aviões de guerra para o norte da Síria e abertamente desafiar a força aérea russa? Não, não, Erdogan não é tão tolo. Certamente permanecerá do seu lado da fronteira, vai sapatear e bradar aos céus contra “Putin-do-mal”, mas ao final do dia não terá movido uma pedra, nada.
Washington tampouco não fará coisa alguma. Sim, sim, Hillary e McCain
têm ‘exigido’ uma zona aérea de exclusão sobre a Síria, mas nada disso se
concretizará. Putin não admitirá, nem o Conselho de Segurança. E, afinal, qual
seria o pretexto? Será que Obama realmente ‘exigirá’ uma zona de exclusão aérea
‘porque’ Putin está matando “terroristas moderados”, na mesma leva, com
terroristas “extremistas”? É argumento tão pouco convincente, que nem a opinião
pública nos EUA engoliu a ideia.
Se Obama quiser alguma coisa de Putin, terá de sentar-se a uma mesa de
negociação e negociar e tentar construir alguma saída. Até agora, Obama tem-se
recusado a isso, porque provavelmente ainda supõe que a ‘mudança de regime’
ainda estaria ao seu alcance. Há indícios disso por todas as linhas e
entrelinhas desse artigo publicado no Today’s
Zaman da Turquia, sob o
título “Base de İncirlik receberá espaço extra, para receber 2.250, do novo
pessoal”:
“Uma cidade de tendas dentro de İncirlik está sendo reconstruída com modernas casas pré-fabricadas, que hospedarão 2.250 militares norte-americanos, informou na 6ª-feira a agência Doğan de notícias. Durante a Guerra do Golfo de 1991, construiu-se ali uma cidade de tendas para acomodar os militares da Operação Garantir Conforto [orig. Operation Provide Comfort (OPC)], e a base foi fechada com o final da OPC.
Dia 20 de agosto começaram as obras para transformar a cidade de tendas
numa nova área que recebeu o nome de “Patriot Town.” Quando a construção
estiver completa, a base İncirlik terá a maior capacidade de acomodação dentre
todas as bases dos EUA na Europa…
A expansão da capacidade da base de İncirlik acontece no momento em que
a Rússia lançou a maior intervenção no Oriente Médio em décadas (…) A
intervenção de Moscou significa que o conflito na Síria foi convertido, de
guerra por procuração (…), em conflito internacional no qual todas as maiores
potências militares mundiais estão diretamente envolvidas na luta.” (“İncirlik
base to increase capacity by 2,250 to accommodate new personnel“,Today’s Zaman)
Aí estão expostas todas as ambições dos EUA no Oriente Médio.
Aí estão expostas todas as ambições dos EUA no Oriente Médio.
Como os leitores veem facilmente, Washington já está construindo mais
uma guerra, exatamente como fez em 1991. E a guerra aérea dos EUA será lançada
dessa “Patriot Town” em Incirlik exatamente como vimos prevendo desde julho,
quando o acordo para uso dessa base pelos EUA foi finalizado. E há mais dados,
de um artigo do jornal Hurriyet:
“O comando Central da Força Aérea dos EUA anunciou que começou a deslocar helicópteros de busca e salvamento e pessoal, para a Base Aérea Diyarbakırno sudeste da Turquia, para ajudar nas operações de resgate nos vizinhos Iraque e Síria. (…)
O Comandante Supremo dos Aliados da OTAN na Europa e comandante do
Comando Europeu dos EUA, general Phillip Breedlove, informou que a missão será
temporária.
“Seremos hóspedes do governo da Turquia na Base Aérea em Diyarbakir. Não
há planos para presença permanente dos EUA nessa locação (…). Essa base aérea
marca mais um bem-sucedido esforço de cooperação entre militares turcos e
norte-americanos” – disse Breedlove.” (“US
deploys recovery aircraft in Turkey’s southeast“, Hurriyet).
“Helicópteros norte-americanos de busca e resgate”, ali, a poucas milhas da fronteira sudeste da Turquia?
Sim, pois é. Em outras palavras, se um F-16 for derrubado em algum ponto
da Síria, enquanto tenta impor uma zona aérea de exclusão ILEGAL… Imediatamente
os helicópteros de busca e resgate já estarão ali, a apenas 20 minutos de voo.
Muito conveniente.
Assim logo se vê que – embora Putin tenha enfiado uma cunha nas
engrenagens da guerra – a equipe Obama continua a investir no mesmo plano
sanguinário de “Assad tem de sair”. Como se nada tivesse mudado. A intervenção
russa apenas torna o futuro muito mais incerto, razão pela qual estrategistas
geopolíticos frustrados, como Zbigniew Brzezinski, já começaram a pipocar nas
páginas assinadas dos principais jornais, ‘denunciando’ Putin por ter estragado
os planos deles, para eterna hegemonia regional dos EUA.
Vale a pena observar que Brzezinski é o padrinho espiritual do
extremismo islamista, o homem que decidiu que núcleos religiosos poderiam ser
usados para fomentar a histeria e facilitar o avanço na direção dos objetivos
geopolíticos dos EUA em todo o mundo. É perfeitamente natural que Brzezinski
corra a oferecer seus préstimos de conselheiro, agora, nesse desesperado
esforço para evitar o ‘legado’ de fracasso e desgraça que há de perseguir Obama
e os seus parceiros de governo. Eis o que diz o blog Politico:
“Os EUA devem ameaçar de retaliar, se a Rússia não parar de atacar ativos dos EUA na Síria, escreveu o ex-conselheiro de segurança nacional Zbigniew Brzezinski em artigo publicado no domingo, no Financial Times, exigindo “firmeza estratégica”, em momento em que a credibilidade dos EUA no Oriente Médio e região está, ela própria, em jogo (…) E se a Rússia continuar a atacar alvos não-ISIL, os EUA devem retaliar, Brzezinski acrescentou.
“Nessas circunstâncias que se desdobram rapidamente, os EUA só têm uma
real opção, se quiserem proteger seus interesses mais amplos na região: dar a
conhecer a Moscou sua exigência de que eles cessem e desistam de qualquer ação
militar que afete ativos dos EUA” – disse ele” (“Brzezinski:
Obama should retaliate if Rússia doesn’t stop attacking U.S. assets“, Politico).
As pessoas às quais Brzezinski refere-se levianamente como “ativos dos EUA” na Síria são terroristas. É simples assim. Putin não distingue entre terroristas “moderados” e terroristas “radicais”, entre terroristas do bem e terroristas do mal. É piada.
Todos os terroristas estão no mesmo saco e todos terão igual destino.
Todos eles têm de ser desentocados e presos ou mortos. É disso que se trata.
Fim de conversa.
Distorcendo a narrativa da guerra ao terror de modo que apoie uns
terroristas e condene outros, o governo Obama empurrou-se, ele mesmo, para um
beco sem saída ideológico, do qual não há como se livrar. O que estão fazendo é
errado. Todos eles sabem que é errado. Por isso será sempre muito difícil
argumentar a favor de mais guerra. Em recente entrevista (“imperdível”) Putin
chamou a atenção de Obama para, precisamente, esse ponto. Eis o que Putin
disse:
“O presidente Obama menciona frequentemente a ameaça do ISIS. Ora… Quem, no mundo, armou aquela gente? E quem criou o clima político que facilitou a situação atual? Quem enviou armas para aquela área? Será que realmente não sabem quem está lutando na Síria? A maioria são mercenários. São pagos. Mercenários trabalham para quem pague mais. Sabemos até quanto recebem. Sabemos que lutam por algum tempo, verificam se há alguém pagando mais, e mudam-se para lá.
Os EUA dizem “Temos de apoiar a oposição civilizada, democrática na
Síria”. E então, apoiam e armam aquelas pessoas, e, em seguida, as mesmas
pessoas passam para o lado do ISIS.
Será mesmo impossível para os EUA pensarem um passo adiante? Nós jamais
apoiamos esse tipo de política, absolutamente não. Entendemos que tudo isso é
errado.” (Putin explains who started ISIS, you tube,
1:38 to 4:03)
Estão vendo? É claro que todos entendem perfeitamente o que está acontecendo. Barack Obama não iniciará guerra contra a Rússia, para defender um programa da CIA que é fundamentalmente imoral e que já fracassou. Mas, sim, Obama e seu governo farão exatamente o que os EUA sempre fazem quando enfrentam adversário realmente capaz de se defender. Vão caluniar, denegrir, perturbar, ameaçar, demonizar , ridicularizar e abusar. Talvez inventem novo ataque contra o rublo, ou manipulem os preços de petróleo, ou talvez inventem mais sanções econômicas. Mas de modo algum Obama conseguirá iniciar uma guerra contra a Rússia. Simplesmente não acontecerá.
E não percam a esperança, porque afinal há um toque especial nesse
fiasco, e todos os principais atores sabem exatamente o que é.
O toque especial chama-se Genebra. O fim desse jogo está em Genebra.
Genebra é o mapa do caminho apoiado pela ONU para pôr fim à guerra na
Síria. As provisões de Genebra propõem “o estabelecimento de um corpo
transitório de governo”, a “participação de todos os grupos (…) num diálogo
nacional significativo” e “eleições livres e justas e multipartidárias.”
O tratado é direto e reto e não há pontos controversos. O único ponto
ainda sem definição é se o presidente Assad poderá ou não participar do governo
de transição. Putin diz
“Pode”. Obama diz “Não pode”.
Putin vencerá essa queda de braço. Com o tempo, o governo Obama cederá e
retirará a exigência de que Assad deixe o governo.
Os planos dos EUA para ‘mudança de regime’ utilizando serviços comprados
de terroristas procuradores dos EUA falharam. E Putin empurrou o Oriente Médio
um passo mais para perto de paz duradoura e segurança genuína. O toque especial
que porá fim à guerra na Síria aí está. Bravo, Putin.
*Mike Whitney é um escritor e
jornalista norte-americano que dirige sua própria empresa de paisagismo em
Snohomish (área de Seattle), WA, EUA. Trabalha regulamente como
articulista freelancenos últimos 7 anos. Em 2006 recebeu o premio Project
Censored por uma reportagem investigativa sobre a Operation FALCON,
um massiva, silenciosa e criminosa operação articulada pela administração Bush
(filho) que visava concentrar mais poder na presidência dos EUA. Escreve
regularmente emCounterpunch e vários outros sites. É co-autor do
livro Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion (AK Press) o
qual também está disponível em Kindle edition.
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Relacionada
BRICS, БРИКС/O CONFRONTO OTAN-RÚSSIA NA SÍRIA
9 outubro
2015, Правда.Ру, Pravda.ru http://www.pravda.ru (Россия, Rússia)
Pepe Escobar
Um Su-30 entra uns poucos metros no espaço aéreo turco, por apenas dois
minutos sobre a província Hatay, e volta ao espaço aéreo sírio logo que foi
alertado por dois F-16s turcos.
A OTAN, como se podia
prever, veio com todas suas armas retóricas engatilhadas. A Rússia está
causando "perigo extremo" e deve parar imediatamente de bombardear
aqueles 'rebeldes moderados' bonzinhos que a coalizão dos oportunistas safados
tanto se esforça para não bombardear.
Mas, calma! A OTAN está atualmente ocupada demais para ir à guerra. A prioridade até pelo menos novembro é a épica operação Trident Juncture 2015; 36 mil soldados de 30 estados, mais de 60 navios de guerra, cerca de 200 aviões, todos treinando seriamente como defender-se do proverbial "Os Russos Estão Chegando!"
Mesmo assim, o primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu -- aquele, o da antiga doutrina de "zero problemas com os nossos vizinhos" -- realmente "alertou" Moscou de que, na próxima, Ancara responderá "militarmente".
Até, claro, que retrocedeu: "O que recebemos da Rússia (...) é que foi um erro e que eles respeitam as fronteiras turcas e aquele erro não se repetirá."
O incidente teria sido facilmente contornado -- pelos canais de comunicação militar-militar -- sem a encenação que se viu.
Mas Ancara -- flanco leste da OTAN -- está sofrendo pressão descomunal do 'Excepcionalistão'. Não por acaso, o El Supremo do Pentágono e neoconservador conhecido, Ash Carter, "manteve conversações" com Ancara sobre o incidente. Carter, claro, é o astro que mais aplicadamente pratica o diktat do governo dos EUA: "Ao empreender ação militar na Síria contra grupos moderados, a Rússia escalou a guerra civil."
Na sequência, o 'Sultão' Erdogan, diretamente de Estrasburgo (não, não, não estava em campanha para o Parlamento Europeu) repicou: "Assad cometeu terrorismo de estado e, infortunadamente, vê-se a Rússia e o Irã a defendê-lo".
E nem assim o 'Sultão' Erdogan conseguirá passar à história como o catalisador da muito desejada Guerra Quente 2.0 OTAN-Rússia. Não, pelo menos, por enquanto.
Só bombardeie quando nós mandarmos
Entra o Dr. Zbigniew "Grande Tabuleiro de Xadrez" Brzezinski, rugindo em coluna para o Financial Times que Washington deve "retaliar", se Moscou não parar de atacar "ativos dos EUA" na Síria. "Ativos dos EUA" significa terroristas "moderados" treinados pela CIA. E afinal, está em jogo a "credibilidade norte-americana".
Dr. Zbig -- principal mentor de Obama para política externa -- insiste que bombardear "rebeldes" treinados pela CIA é prova da "incompetência militar russa". E o contra-ataque norte-americano deve visar a "desarmar" a "presença naval e aérea russa." E assim, qualquer um consegue uma Guerra Quente 2.0 OTAN-Rússia.
Dr. Zbig admitidamente considera que "o caos regional pode facilmente se espalhar para nordeste" e então "ambas, Rússia e China, podem ser adversamente afetadas." Mas... e quem se preocupa? A única coisa que conta é que "interesses norte-americanos e amigos dos EUA... também sofreriam."
Eis o que se faz passar por análise geopolítica que preste, no 'Império do Caos'.
O 'sultão' Erdogan, por sua vez, não sossega. Moscou já reduziu a pó o sonho tão ansiado, de três anos, de Erdogan, de conseguir uma zona aérea de exclusão sobre o norte da Síria. Há é uma zona aérea de exclusão verdadeira, sobre toda a Síria. Mas quem manda nela é a Rússia.
E isso explica por quê reina a mais completa histeria de pleno espectro e só se fala de mais sanções do Congresso dos EUA contra a Rússia. Como alguém conseguirá impor sua própria zona aérea de exclusão sobre a Síria... se a Rússia chegou primeiro?
E estava tudo andando tão bem para o 'Sultão'! Ancara -- dada da forte insistência de Washington -- afinal abriu suas bases aéreas para a luta contra ISIS/ISIL/Daesh, mas só porque a operação foi parte de uma operação para mudança de regime em Damasco. E então, sim, Ancara conseguiria sua zona de exclusão aérea.
É quando entra em cena o pesadelo recorrente do 'Sultão': o Partido da União Democrática Curda (PYD) e sua organização irmã, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
'O Sultão' simplesmente não pode aceitar o avanço do PYD para a margem ocidental do Eufrates para ajudar na luta contra ISIS/ISIL/Daesh. 'O Sultão' quer "conter" o PYD em Kobani.
O problema é que o PYD -- apoiado pelo PKK -- é o único aliado confiável do 'Império do Caos' na Síria. Mas 'O Sultão' não conseguiu se impedir de entrar em guerra -- outra vez -- contra o PKK. Washington não ficou exatamente muito contente.
E então há também o corredor chave do ponto de passagem de fronteira em Bab al-Salam até Aleppo -- controlado por esquadrões de doidos apoiados por Ancara. É a ponte de Ancara para Aleppo; sem ela, nem a mínima chance de mudança de regime, nunca. O falso "Califato" ameaçava tomar o corredor. Tornou-se imperativo agir.
A espetacular entrada da Rússia no teatro de guerra desmontou todos esses elaborados planos. Imagine uma liberação completa do nordeste da Síria, tão logo o PYD -- com auxílio dos combatentes do PKK -- esteja suficientemente armado para dar cabo dos doidos do ISIS/ISIL/Daesh. E imagine a Força Aérea Russa dando cobertura a tal operação, com coordenação extra pela central Rússia-Síria-Iraque-Irã em Bagdá.
'O Sultão', em desespero, teria de manobrar seus F-16s contra essa ofensiva. E assim poderíamos realmente ter um cenário cinco-minutos-antes-da-meia-noite OTAN-Rússia -- com consequências aterrorizantes. 'O Sultão' pisca primeiro. E a OTAN mergulha na ignomínia da qual nunca emergiu -- de volta àqueles elaborados exercício "a Rússia está invadindo".
Dê bom-dia à minha ferramenta geopolítica jihadi
Passos seguintes para a campanha russa é dar atenção concentrada à estrada que liga a capital de ISIS/ISIL/Daesh, Al-Raqqah, em torno da qual os jihadis combatem pelo controle do petróleo e do gás em Sha'ir e Jazal. E há os bolsões a leste de Homs e Hama, e em al-Qaryatayn. Moscou -- lentamente, metodicamente, sem erros -- está chegando lá.
O que a campanha aérea dos russos já expôs perfeitamente claro é todo o mito central apodrecido da nova Jihad International.
ISIS/ISIL/Daesh, Frente al-Nusra e sortimento variado de esquadrões de doidos salafistas jihadistas são mantidos ativos e operantes por um massivo "esforço" financeiro/logístico/de armamento -- que inclui todos os tipos de nodos chaves, de fábricas de armas na Bulgária e Croácia, até as rotas de transporte via Turquia e Jordânia.
Quanto àqueles "rebeldes moderados" sírios -- e a maioria dos quais sequer são sírios, são mercenários -- cada seixo rolado nas revoltas areias Sykes-Picot do deserto sabe que são treinados pela CIA na Jordânia. Os seixos do deserto também sabem muito bem que os doidos do ISIS/ISIL/Daesh foram infiltrados dentro da Síria, vindos na Turquia -- mais uma vez através da província Hatay; e vastas porções do Exército e da polícia d'"O Sultão" estão no jogo.
Quanto a quem paga as contas daquela fartura de armas, fale com os "ricos pios doadores" -- incitados pelos próprios clérigos -- no CCG, o braço petrodólar da OTAN. Nenhum desses esquadrões de doidos poderia viver por tanto tempo sem "apoio" pleno, multidisciplinar dos suspeitos de sempre.
Daí a raiva histérica/apoplética/paroxística que toma conta do "Império do Caos" manifesta o absoluto fracasso, mais uma vez, da mesma velha "política" (lembrem-se do Afeganistão) de usar jihadistas como ferramentas geopolíticas. Falso "Califato" ou "rebeldes", são todos paus mandados do CCG-OTAN.
Para acrescentar insulto à injúria, um muito frustrado "Sultão" foi também forçado a anexar-se a uma posição ligeiramente modificada de Washington -- que agora manda que "Assad tem de sair", sim, mas pode demorar um pouco, como parte de uma "transição" ainda a ser definida.
'O Sultão' continuará uma pilha de nervos. Não dá nenhuma importância ao ISIS/ISIL/Daesh. Agora, Washington assumiu -- digamos assim. Quem esmagar o PYDe o PKK. Para Washington, o PYD é aliado útil. Para Moscou, melhor 'O Sultão' olhar bem onde mete seu pé neo-otomano.
"O Sultão" simplesmente não pode antagonizar "O Urso". Gazprom vai expandir seu gasoduto Blue Stream até a Turquia. Seriam 3 bilhões de metros cúbicos; em vez disso, serão 1 bilhão de metros cúbicos. Segundo o ministro Alexander Novak, de Energia da Rússia, é por causa de capacidades técnicas.
Mas Ancara que se comporte, porque até essa extensão reduzida pode evaporar, se não houver acordo sobre os termos comerciais do TurkStream, ex-Turkish Stream. Ancara está sob tremenda pressão do governo Obama. E "O Sultão" sabe muito bem que sem a Rússia e todo seu elaborado plano para pôr a Turquia como nodo chave para o trânsito da energia do Leste para Oeste, tudo evanescerá no mato rasteiro da Anatólia. No fim, pode sobrar 'mudança de regime' até para ele mesmo.
Mas, calma! A OTAN está atualmente ocupada demais para ir à guerra. A prioridade até pelo menos novembro é a épica operação Trident Juncture 2015; 36 mil soldados de 30 estados, mais de 60 navios de guerra, cerca de 200 aviões, todos treinando seriamente como defender-se do proverbial "Os Russos Estão Chegando!"
Mesmo assim, o primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu -- aquele, o da antiga doutrina de "zero problemas com os nossos vizinhos" -- realmente "alertou" Moscou de que, na próxima, Ancara responderá "militarmente".
Até, claro, que retrocedeu: "O que recebemos da Rússia (...) é que foi um erro e que eles respeitam as fronteiras turcas e aquele erro não se repetirá."
O incidente teria sido facilmente contornado -- pelos canais de comunicação militar-militar -- sem a encenação que se viu.
Mas Ancara -- flanco leste da OTAN -- está sofrendo pressão descomunal do 'Excepcionalistão'. Não por acaso, o El Supremo do Pentágono e neoconservador conhecido, Ash Carter, "manteve conversações" com Ancara sobre o incidente. Carter, claro, é o astro que mais aplicadamente pratica o diktat do governo dos EUA: "Ao empreender ação militar na Síria contra grupos moderados, a Rússia escalou a guerra civil."
Na sequência, o 'Sultão' Erdogan, diretamente de Estrasburgo (não, não, não estava em campanha para o Parlamento Europeu) repicou: "Assad cometeu terrorismo de estado e, infortunadamente, vê-se a Rússia e o Irã a defendê-lo".
E nem assim o 'Sultão' Erdogan conseguirá passar à história como o catalisador da muito desejada Guerra Quente 2.0 OTAN-Rússia. Não, pelo menos, por enquanto.
Só bombardeie quando nós mandarmos
Entra o Dr. Zbigniew "Grande Tabuleiro de Xadrez" Brzezinski, rugindo em coluna para o Financial Times que Washington deve "retaliar", se Moscou não parar de atacar "ativos dos EUA" na Síria. "Ativos dos EUA" significa terroristas "moderados" treinados pela CIA. E afinal, está em jogo a "credibilidade norte-americana".
Dr. Zbig -- principal mentor de Obama para política externa -- insiste que bombardear "rebeldes" treinados pela CIA é prova da "incompetência militar russa". E o contra-ataque norte-americano deve visar a "desarmar" a "presença naval e aérea russa." E assim, qualquer um consegue uma Guerra Quente 2.0 OTAN-Rússia.
Dr. Zbig admitidamente considera que "o caos regional pode facilmente se espalhar para nordeste" e então "ambas, Rússia e China, podem ser adversamente afetadas." Mas... e quem se preocupa? A única coisa que conta é que "interesses norte-americanos e amigos dos EUA... também sofreriam."
Eis o que se faz passar por análise geopolítica que preste, no 'Império do Caos'.
O 'sultão' Erdogan, por sua vez, não sossega. Moscou já reduziu a pó o sonho tão ansiado, de três anos, de Erdogan, de conseguir uma zona aérea de exclusão sobre o norte da Síria. Há é uma zona aérea de exclusão verdadeira, sobre toda a Síria. Mas quem manda nela é a Rússia.
E isso explica por quê reina a mais completa histeria de pleno espectro e só se fala de mais sanções do Congresso dos EUA contra a Rússia. Como alguém conseguirá impor sua própria zona aérea de exclusão sobre a Síria... se a Rússia chegou primeiro?
E estava tudo andando tão bem para o 'Sultão'! Ancara -- dada da forte insistência de Washington -- afinal abriu suas bases aéreas para a luta contra ISIS/ISIL/Daesh, mas só porque a operação foi parte de uma operação para mudança de regime em Damasco. E então, sim, Ancara conseguiria sua zona de exclusão aérea.
É quando entra em cena o pesadelo recorrente do 'Sultão': o Partido da União Democrática Curda (PYD) e sua organização irmã, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
'O Sultão' simplesmente não pode aceitar o avanço do PYD para a margem ocidental do Eufrates para ajudar na luta contra ISIS/ISIL/Daesh. 'O Sultão' quer "conter" o PYD em Kobani.
O problema é que o PYD -- apoiado pelo PKK -- é o único aliado confiável do 'Império do Caos' na Síria. Mas 'O Sultão' não conseguiu se impedir de entrar em guerra -- outra vez -- contra o PKK. Washington não ficou exatamente muito contente.
E então há também o corredor chave do ponto de passagem de fronteira em Bab al-Salam até Aleppo -- controlado por esquadrões de doidos apoiados por Ancara. É a ponte de Ancara para Aleppo; sem ela, nem a mínima chance de mudança de regime, nunca. O falso "Califato" ameaçava tomar o corredor. Tornou-se imperativo agir.
A espetacular entrada da Rússia no teatro de guerra desmontou todos esses elaborados planos. Imagine uma liberação completa do nordeste da Síria, tão logo o PYD -- com auxílio dos combatentes do PKK -- esteja suficientemente armado para dar cabo dos doidos do ISIS/ISIL/Daesh. E imagine a Força Aérea Russa dando cobertura a tal operação, com coordenação extra pela central Rússia-Síria-Iraque-Irã em Bagdá.
'O Sultão', em desespero, teria de manobrar seus F-16s contra essa ofensiva. E assim poderíamos realmente ter um cenário cinco-minutos-antes-da-meia-noite OTAN-Rússia -- com consequências aterrorizantes. 'O Sultão' pisca primeiro. E a OTAN mergulha na ignomínia da qual nunca emergiu -- de volta àqueles elaborados exercício "a Rússia está invadindo".
Dê bom-dia à minha ferramenta geopolítica jihadi
Passos seguintes para a campanha russa é dar atenção concentrada à estrada que liga a capital de ISIS/ISIL/Daesh, Al-Raqqah, em torno da qual os jihadis combatem pelo controle do petróleo e do gás em Sha'ir e Jazal. E há os bolsões a leste de Homs e Hama, e em al-Qaryatayn. Moscou -- lentamente, metodicamente, sem erros -- está chegando lá.
O que a campanha aérea dos russos já expôs perfeitamente claro é todo o mito central apodrecido da nova Jihad International.
ISIS/ISIL/Daesh, Frente al-Nusra e sortimento variado de esquadrões de doidos salafistas jihadistas são mantidos ativos e operantes por um massivo "esforço" financeiro/logístico/de armamento -- que inclui todos os tipos de nodos chaves, de fábricas de armas na Bulgária e Croácia, até as rotas de transporte via Turquia e Jordânia.
Quanto àqueles "rebeldes moderados" sírios -- e a maioria dos quais sequer são sírios, são mercenários -- cada seixo rolado nas revoltas areias Sykes-Picot do deserto sabe que são treinados pela CIA na Jordânia. Os seixos do deserto também sabem muito bem que os doidos do ISIS/ISIL/Daesh foram infiltrados dentro da Síria, vindos na Turquia -- mais uma vez através da província Hatay; e vastas porções do Exército e da polícia d'"O Sultão" estão no jogo.
Quanto a quem paga as contas daquela fartura de armas, fale com os "ricos pios doadores" -- incitados pelos próprios clérigos -- no CCG, o braço petrodólar da OTAN. Nenhum desses esquadrões de doidos poderia viver por tanto tempo sem "apoio" pleno, multidisciplinar dos suspeitos de sempre.
Daí a raiva histérica/apoplética/paroxística que toma conta do "Império do Caos" manifesta o absoluto fracasso, mais uma vez, da mesma velha "política" (lembrem-se do Afeganistão) de usar jihadistas como ferramentas geopolíticas. Falso "Califato" ou "rebeldes", são todos paus mandados do CCG-OTAN.
Para acrescentar insulto à injúria, um muito frustrado "Sultão" foi também forçado a anexar-se a uma posição ligeiramente modificada de Washington -- que agora manda que "Assad tem de sair", sim, mas pode demorar um pouco, como parte de uma "transição" ainda a ser definida.
'O Sultão' continuará uma pilha de nervos. Não dá nenhuma importância ao ISIS/ISIL/Daesh. Agora, Washington assumiu -- digamos assim. Quem esmagar o PYDe o PKK. Para Washington, o PYD é aliado útil. Para Moscou, melhor 'O Sultão' olhar bem onde mete seu pé neo-otomano.
"O Sultão" simplesmente não pode antagonizar "O Urso". Gazprom vai expandir seu gasoduto Blue Stream até a Turquia. Seriam 3 bilhões de metros cúbicos; em vez disso, serão 1 bilhão de metros cúbicos. Segundo o ministro Alexander Novak, de Energia da Rússia, é por causa de capacidades técnicas.
Mas Ancara que se comporte, porque até essa extensão reduzida pode evaporar, se não houver acordo sobre os termos comerciais do TurkStream, ex-Turkish Stream. Ancara está sob tremenda pressão do governo Obama. E "O Sultão" sabe muito bem que sem a Rússia e todo seu elaborado plano para pôr a Turquia como nodo chave para o trânsito da energia do Leste para Oeste, tudo evanescerá no mato rasteiro da Anatólia. No fim, pode sobrar 'mudança de regime' até para ele mesmo.
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