17 outubro
2015, Правда.Ру, Pravda.ru
http://www.pravda.ru (Россия, Rússia)
Oriental Review
http://orientalreview.org (Russia)
A diplomacia, apesar de todas as convenções,
só reconhece eventos reais.
Charles de Gaulle
Semana passada,
aconteceu na Síria um evento de máxima importância,
como parte da Operation Hmeymim: a Flotilha do Cáspio da Marinha
Russa disparou 26 mísseis cruzadores de ataque em terra (land-attack cruise
missiles (LACMs)que acertaram 11 alvos militares, dos grupos terroristas Jabhat al-Nusra
dentro da Síria, localizados a cerca de 1.500km de distância do ponto de onde
os mísseis foram disparados (vídeo).
Um disparo massivo,
usando LACMs Kalibr-NK, foi feito do sudoeste no Mar Cáspio. Os objetos do ataque
eram fábricas que produzem explosivos; postos de comando, depósitos de munição,
de armas e de combustível; e campos de treinamento de terroristas nos
governorados sírios de Raqqa, Aleppo e Idlib. Os mísseis cruzadores, com margem
de erro de cerca de 3m de raio em torno do alvo, acertaram precisamente os
respectivos alvos definidos dois dias antes.
A fragata Dagestan, armada com mísseis e capacidade para deslocar cerca de 2.000 toneladas, atuou como nave madrinha da força naval russa de assalto, acompanhada pela pequena patrulha de mísseis formada pelas naves Veliky Ustyug, Grad Sviyazhsk e Uglich (com capacidade de deslocamento de cerca de 1.000 toneladas).
Os mísseis Kalibr-NK são extremamente difíceis de detectar: quando manobra, um LACM voa em alta velocidade, em modo stealth - o que significa que não emite qualquer sinal que possa ser rastreado por radares.
A Rússia informou aos líderes do Iraque e do Irã sobre a trajetória desses mísseis. Para prover máxima segurança às populações civis, a rota dos LACMsfoi traçada sobre área não habitada.
Quais as implicações militares e políticas do uso desses mísseis?
Foi a primeira vez que as Forças Armadas russas empregaram esse tipo de arma em situação de combate real - que não fosse durante exercício - contra alvos tão distantes.
O segundo ponto mais importante é que todos os 26 mísseis lançados atingiram os alvos demarcados, nenhum se desviou da trajetória previamente calculada, nenhum sofreu qualquer tipo de pane técnica e nenhum caiu em solo enquanto ainda se aproximava do alvo. (A rede CNN informou erradamente que quatro mísseis teriam 'caído no Irã', o que foi desmentido, não pela CNN, e não só por fontes russas e iranianas, mas também por porta-vozes do Departamento de Estado e do Pentágono). Alguns alvos receberam dois tiros.
Graças ao sucesso de uma Operação Cáspio, as Forças Aeroespaciais Russas de Defesa acrescentaram mais um novo e muito significativo elemento às suas capacidades para combate aéreo na Síria.
O traço mais importante dos [mísseis cruzadores de ataque em terra (land-attack cruise missiles)] LACMs é que atacam instantaneamente e com acuidade sem paralelo. Têm acentuado efeito de desmoralização sobre o inimigo, porque, mesmo que o míssil seja detectado no momento do lançamento, não é possível sequer prever a área geográfica que será atingida. Evidentemente, os EUA não se cansam de 'exigir' que Moscou seja proibida de usar esses mísseis, insistindo que eles violariam o Tratado sobre o Alcance de Forças Nucleares de Médio Alcance [Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty], o que não se aplica, porque esse tratado só proíbe o uso de LACMs disparados de terra.
Esse primeiro evento de emprego no mundo real, pela Rússia, de seus LACMsde longo alcance, tem significativa importância estratégica, porque os veículos que transportam esses sistemas (de superfície e submarinos), estacionados em qualquer ponto no oceano, podem minimizar o uso potencial de armas nucleares e de sistemas antibalísticos ofensivos, por estados que ainda consideram a Federação Russa como "maior inimigo potencial", "estado agressor" e "estado anexador".
Esses sistemas de armas de alto impacto podem ser usados, transportando ogivas nucleares ou não nucleares, para ataques preventivos ou de retaliação.
Além disso, o Mar Cáspio ("mar fechado") ganha importância estratégica para a Rússia, porque dali a Rússia pode fazer ataques cirúrgicos com os mísseisLACMs em toda a região do Oriente Médio, sem risco de contramedidas das forças navais da OTAN.
Agora que as forças armadas russas já inauguraram arma de tão alta precisão, o Pentágono pode parar de jogar dinheiro fora na ampliação de suas opções militares pensadas exclusivamente para atacar a Rússia.
Em outras palavras, não é mais necessário gastar quantias significativas de dinheiro para manter armas nucleares táticas norte-americanas estacionadas na Europa, ou usar a infraestrutura antibalística plantada no mar na Romênia e na Polônia - e também na região do Pacífico Asiático -, dado que está já absolutamente evidente que doravante todas essas instalações passam a estar ao alcance não só dos LACMs russos mas, muito em breve, estarão também ao alcance de armas efetivamente hiper-sônicas de alta precisão equipadas com ogivas não nucleares.
Deve-se esperar que não só o 'Estado Islâmico', mas também Washington e a OTAN logo cheguem a conclusões rápidas, táticas e profundamente estratégicas a partir da Operação Cáspio; que assim ponham fim às repetidas ameaças de usar força contra a aviação russa; e que compreendam que, ainda que não consigam ser amigos ou "parceiros estratégicos" da Rússia, devem aprender a conviver em paz.
*Vladimir
Kozin é Chefe do Grupo de Conselheiros do Instituto Russo
de Estudos Estratégicos, Membro da Acadamia Russa de Ciências Naturais e
Professor da Academis de Ciências Militares da Federação Russa.
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KALIBRating the foe: strategic
implications of the Russian cruise missiles’ launch
2015/10/13, Oriental Review http://orientalreview.org
(Russia)
http://orientalreview.org//kalibrating-the-foe-political-implications-of-the-russian-cruise-missiles-launch/
By Vladimir Kozin
Diplomacy, with all the conventions of its forms,
recognizes only real facts.
Charles de Gaulle
recognizes only real facts.
Charles de Gaulle
Last week the biggest event that
took place in Syria as part of Operation Hmeymim was the use by the Russian Navy’s
Caspian Flotilla of 26 seaborne land-attack
cruise missiles (LACMs) that hit 11 Daesh and Jabhat al-Nusra military targets
inside Syria, which were located about 1,500 km. away from the missile launch
site:
A massive blow using Kalibr-NK LACMs was struck from the southwestern Caspian Sea. The objects of
the attack were factories producing shells and explosives; command posts; ammunition,
weapon, and fuel depots; and terrorist training camps in the Syrian
Governorates of Raqqa, Aleppo, and Idlib. The cruise missiles, with a Circular
Error Probable of about three meters, hit every one of their targets that had
been set two days earlier.
The Dagestan, a
missile-armed frigate with a displacement of about 2,000 tons, acted as the
flagship of the Russian naval assault force accompanied by the small missile
patrol ships the Veliky Ustyug, the Grad Sviyazhsk, and
theUglich (with a displacement of about 1,000 tons). Kalibr-NK
missiles are extremely difficult to detect: when maneuvering, an LACM flies at
high speed in stealth mode, meaning that it emits no signals that would allow
it to be tracked by radar.
Russia informed the leaders of Iraq
and Iran about the trajectory of these missiles. And in order to ensure the
safety of civilians, the LACMs’ flight path was routed over an uninhabited
area.
What are the military and political
implications of the launch?
This was the first time that Russia’s
armed forces had deployed this type of weapon in an actual combat situation –
not during exercises – at targets that were so far away. The second important
point is that every one of the 26 missiles that were launched struck their
intended targets, none deviated from their previously calculated trajectory,
not one experienced a technical glitch, and none fell to earth while still on
its approach to the object of the attack. (CNN’s incorrect report about four missiles crashing
in Iran has been discredited, not only by Russian and Iranian sources, but also by State Department and Pentagon speakers). Some targets were dealt a double blow.
Kalibr-NK reach zone from Caspian (right circle) and Black Sea area.
Thanks to a successful Caspian
Operation, the Russian Aerospace Defense Forces have added an entirely new and
quite significant element to their air-combat capabilities in Syria. The most
important feature of an LACM is that it strikes instantly and with unparalleled
accuracy. They have a hugely demoralizing effect on the enemy, because even if
the moment of launch is detected, he can not even predict in what geographic
area they will hit. True to form, the US persists in demanding that Moscow ban
such missiles, insisting that they violate the Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty (but in fact that treaty prohibits only land-based LACMs).
This initial real-world use of
long-range LACMs by Russia has significant strategic importance,
because the carriers of such systems (surface vessels and submarines),
stationed elsewhere in the ocean, can minimize the potential use of nuclear
weapons and offensive antiballistic systems by those states that still consider
the Russian Federation to be their “biggest potential enemy,” an “aggressor
state,” and an “annexing state.” These high-impact weapons systems could be
used for preemptive or retaliatory strikes with non-nuclear warheads.
Also, the landlocked Caspian Sea
takes on strategic importance for Russia, because from there Russia can inflict
surgical strikes using LACMs at the whole Middle East region, without risking
countermeasures from NATO’s naval forces.
Now that the Russian armed forces
have debuted such high-precision weaponry, the Pentagon can stop throwing away
its money trying to build up its military options that are aimed squarely at
Russia. In other words, there is no need to spend significant amounts
to station American tactical nuclear weapons in Europe or to deploy its land-
and sea-based antiballistic infrastructure in Romania and Poland – or in the
Asia-Pacific region – since it is perfectly clear that from now on all of that
will stay in the cross-hairs of not only Russian LACMs, but quite soon of some
even more effective hypersonic, high-precision long-range weapons equipped with
non-nuclear warheads.
One might hope that not only the
Islamic State, but also Washington and NATO will arrive at immediate, tactical,
and deeply strategic conclusions based on the Caspian Operation and will thus
end their threats to use force against Russian aircraft and will understand
that although they cannot be friends or “strategic partners” with Moscow, they
must live in peace.
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