domingo, 25 de outubro de 2015

Brasil/Índios denunciam atrocidades contra os povos originais*

24 outubro 2015, O Popular http://www.opopular.com.br (Brasil)

Índios pediram a Dilma "que não feche os olhos para as atrocidades que são cometidas contra os povos originais do Brasil"


A presidente Dilma Rousseff inaugurou nesta sexta-feira em Palmas os primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI), uma competição que reúne cerca de 2 mil atletas de mais de 20 países, mas o evento acabou ficando marcado por protestos dos povos nativos do Brasil.

Após várias horas de espera, a etnia Pataxó, originária do Tocantins, entrou no estádio Nilton Santos, em Palmas, sede dos primeiros JMPI, que acontecem até o dia 31 de outubro.

 
Os Pataxós foram seguidos pelas várias etnias indígenas do Brasil que participam dos Jogos, todas elas apresentando seus ritmos, suas vestimentas e suas tradições.





As etnias brasileiras mostraram ao mundo um pouco de suas culturas, mas também puderam acompanhar as tradições dos indígenas de outros países, como Guatemala, Colômbia, Costa Rica, Bolívia, Peru, México, Panamá, Uruguai, Estados Unidos, Canadá, Rússia e Finlândia, entre outros.

Da Nova Zelândia vieram os maoris, com seus rostos expressivos, tatuagens e lanças. O povo nativo da Oceania mostrou aos indígenas de todo o mundo o haka, a tradicional dança de guerra que era utilizada tradicionalmente no campo de batalha e quando os grupos se reuniam em paz, que ficou conhecida mundialmente através da seleção de rúgbi da Nova Zelândia, os 'All Blacks', que costuma executá-la antes de seus jogos.

Assim como nos Jogos Olímpicos, os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas também tiveram sua tocha, que percorreu o estádio Nilton Santos nas mãos de um jovem casal de índios.

A cerimônia de abertura começou com o fogo e terminou da mesma forma. Depois da execução do hino do Brasil -- cantado em idioma tupi-guarani --, foi disputada uma corrida de tronco e todas as etnias dançaram ao mesmo tempo na arena, sem distinção alguma de povo ou país.

"Foi um lindo encontro de etnias. Para muitas pessoas, todos os índios são os mesmos, mas há uma grande diferença cultural ente uns e outros", disse à Agência Efe Juatá, da etnia Pataxó.

Apesar do clima de festa, durante o início da cerimônia os indígenas brasileiros fizeram uma série de reivindicações e assinaram um manifesto contra as "políticas públicas sórdidas" e contra o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que propõe que o Congresso seja o responsável pela demarcação de terras indígenas, e não o Poder Executivo, como acontece atualmente.

Os índios pediram a Dilma "que não feche os olhos para as atrocidades que são cometidas contra os povos originais do Brasil".

Assim que chegou ao estádio, a presidente foi aplaudida, mas também recebeu vaias por parte de um grupo de índios descontentes.

Os Jogos Indígenas contaram até o momento com 12 edições nacionais em diferentes cidades do Brasil, a primeira em 1996, mas esta é a primeira edição internacional do evento, que também acolhe os povos nativos de outros países do mundo.

Os Jogos contam com o apoio da ONU e os participantes vão disputar modalidades características das comunidades indígenas, mas também haverá espaço para esportes ocidentais, como o futebol moderno, tanto feminino como masculino.

A partir de amanhã, os indígenas disputarão competições de arco e flecha, de tiro de lança, corridas de velocidade e navegação em canoa rústica tradicional. 

*Título de Mercosul & CPLP + BRICS

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