24 outubro 2015, O Popular http://www.opopular.com.br (Brasil)
Índios pediram a Dilma "que não feche os olhos para as atrocidades que
são cometidas contra os povos originais do Brasil"
A presidente Dilma Rousseff inaugurou nesta sexta-feira em Palmas os
primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI), uma competição que reúne
cerca de 2 mil atletas de mais de 20 países, mas o evento acabou ficando
marcado por protestos dos povos nativos do Brasil.
Após várias horas de espera, a etnia Pataxó, originária do Tocantins,
entrou no estádio Nilton Santos, em Palmas, sede dos primeiros JMPI, que
acontecem até o dia 31 de outubro.
Os Pataxós foram seguidos pelas várias etnias indígenas do Brasil que
participam dos Jogos, todas elas apresentando seus ritmos, suas vestimentas e
suas tradições.
As etnias brasileiras mostraram ao mundo um pouco de suas culturas, mas
também puderam acompanhar as tradições dos indígenas de outros países, como
Guatemala, Colômbia, Costa Rica, Bolívia, Peru, México, Panamá, Uruguai,
Estados Unidos, Canadá, Rússia e Finlândia, entre outros.
Da Nova Zelândia vieram os maoris, com seus rostos expressivos, tatuagens e
lanças. O povo nativo da Oceania mostrou aos indígenas de todo o mundo o haka,
a tradicional dança de guerra que era utilizada tradicionalmente no campo de
batalha e quando os grupos se reuniam em paz, que ficou conhecida mundialmente
através da seleção de rúgbi da Nova Zelândia, os 'All Blacks', que costuma
executá-la antes de seus jogos.
Assim como nos Jogos Olímpicos, os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas
também tiveram sua tocha, que percorreu o estádio Nilton Santos nas mãos de um
jovem casal de índios.
A cerimônia de abertura começou com o fogo e terminou da mesma forma.
Depois da execução do hino do Brasil -- cantado em idioma tupi-guarani --, foi
disputada uma corrida de tronco e todas as etnias dançaram ao mesmo tempo na
arena, sem distinção alguma de povo ou país.
"Foi um lindo encontro de etnias. Para muitas pessoas, todos os índios
são os mesmos, mas há uma grande diferença cultural ente uns e outros",
disse à Agência Efe Juatá, da etnia Pataxó.
Apesar do clima de festa, durante o início da cerimônia os indígenas
brasileiros fizeram uma série de reivindicações e assinaram um manifesto contra
as "políticas públicas sórdidas" e contra o Projeto de Emenda
Constitucional (PEC) que propõe que o Congresso seja o responsável pela
demarcação de terras indígenas, e não o Poder Executivo, como acontece
atualmente.
Os índios pediram a Dilma "que não feche os olhos para as atrocidades
que são cometidas contra os povos originais do Brasil".
Assim que chegou ao estádio, a presidente foi aplaudida, mas também recebeu
vaias por parte de um grupo de índios descontentes.
Os Jogos Indígenas contaram até o momento com 12 edições nacionais em
diferentes cidades do Brasil, a primeira em 1996, mas esta é a primeira edição
internacional do evento, que também acolhe os povos nativos de outros países do
mundo.
Os Jogos contam com o apoio da ONU e os participantes vão disputar
modalidades características das comunidades indígenas, mas também haverá espaço
para esportes ocidentais, como o futebol moderno, tanto feminino como
masculino.
A partir de amanhã, os indígenas disputarão competições de arco e flecha,
de tiro de lança, corridas de velocidade e navegação em canoa rústica
tradicional.
*Título de Mercosul & CPLP + BRICS
Nenhum comentário:
Postar um comentário