quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Moçambique/Tragédia de Mbuzini foi há 29 anos

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O País rendeu ontem homenagem às vitimas da tragédia de Mbuzini, na África do Sul, na qual perdeu a vida o primeiro Presidente de Moçambique independente.

Samora Moisés Machel perdeu a vida num acidente aéreo em Mbuzinia 19 de Outubro de 1986quando regressava de Mbala, na Zâmbia, onde foi participar numa cimeira da Linha da Frente, que discutiu assuntos relacionados com a segurança regional.

Oavião presidencial moçambicano despenhou-se e junto com Samora Machel morreram 33 membros da sua comitiva, numa tragédia ainda não esclarecida.

Ontem cerimónias de deposição de coroas de flores nos monumentos aos heróis moçambicanos e actividades de índole política e cultural marcaram os vinte e nove anos da tragédia.

Em Sofala combatentes da luta de libertação nacional defenderam a necessidade de uma maior divulgação nas escolas dos ideais de Samora Machel, sustentando que
assim se estará a incutir nos jovens a cultura de unidade e da preservação da paz.

Em Pemba cidadãos defenderam que uma das formas de valorizar o legado de Samora Machel é continuar a preservar a unidade nacional, a paz e a democracia no país.

Cidadãos, emNampula, defenderam a imortalização da figura de Samora Machel através da divulgação da sua vida e obra, enquanto no Niassa membros do Governo, líderes comunitários, religiosos e população, em geral, se reuniram ontem em Lichinga para exaltar os feitos de Samora Machel.

Em Gaza as actividades comemorativas da passagem dos 29 anos após a morte do primeiro presidente de Moçambique independente tiveram lugar no Xai-Xai.

Não fiquemos nas lamentações
Samora Machel Jr., ou simplesmente Samito, afirma que diante de dificuldades, sobretudo de natureza económica, por que muitos compatriotas passam hoje no seu quotidiano não se deve ficar simplesmente na lamentação e alegar que se o seu pai, Samora Moisés Machel, primeiro Presidente de Moçambique independente, estivesse vivo as coisas teriam um rumo melhor.

Samito fez este pronunciamento ontem em declarações ao “Notícias” na Praça dos Heróis Moçambicanos em Maputo, por ocasião da celebração do 29 aniversário do desaparecimento físico de Samora Machel e de integrantes da comitiva presidencial na sequência do despenhamento do avião Tupolev 137 A em território sul-africano, Mbuzini, a 19 de Outubro de 1986.

Presenciaram a cerimónia membros da família Machel, do partido Frelimo (aos diversos níveis) e crianças que estudam em diversos estabelecimentos de Ensino Primário da capital, com destaque para as escolas próximas da Praça dos Heróis.

Samora Machel Jr. disse que a melhor maneira de os moçambicanos, como sociedade, lembrarem o falecido presidente é não imolar os seus pensamentos, estudando-os, e pôr em prática aquilo que era a sua maneira de ser e estar. Acrescentou que volvidos 29 anos do seu desaparecimento físico é dever dos cidadãos moçambicanos reviver o legado que Machel deixou.

“Samora Machel foi um líder que participou na vida do povo. Foi um líder que trouxe no seio dos moçambicanos uma maneira de estar, nomeadamente a disciplina, a organização, o trabalho, justiça social e luta pela desigualdade”, disse, acrescentando que o falecido Chefe do Estado tinha obviamente as suas convicções e que se estivesse vivo gostaria de ver o seu povo em melhores condições do que está hoje, um país muito mais avançado como, aliás, todos os moçambicanos advogam.

Defendeu que o sonho de Samora Machel do que deveria ser Moçambique deve ser concretizado por todos os cidadãos, o que também passa por se ensinar as crianças e jovens que não tiveram a oportunidade de ver e nem ouvir em directo os seus ensinamentos.

“Muitos de nós estamos vivos. Muitos dos que conviveram com Samora Machel estão vivos. A título de exemplo, sabíamos naquela altura que tínhamos de fazer limpezas nos nossos bairros de residência. Hoje se vamos a cidade de Maputo reclamamos sujidade, mas no tempo de Samora Machel acordávamos ao domingo e não ficávamos à espera que o Conselho Executivo fosse aos nossos bairros para limpar. Nós nos organizávamos e saíamos às ruas para limpar. Hoje não somos capazes de fazer isso?”, afirmou.

Família ainda aguarda resultados
A família Machel ainda sente dores e falta do seu ente querido e aguarda ansiosamente os resultados da investigação sobre as circunstâncias em que ocorreu o acidente aéreo de Mbuzini. Samito Jr. disse não ser fácil esquecer um pai como Samora Machel.

“Nestes 29 anos a família perdeu muita oportunidade de poder aprender mais com ele, os filhos poderem crescer e conhecer mais o seu pai. Nós, como filhos, sentimos muita falta dele. Mais nos dói o facto de até hoje não sabermos o que é que de facto aconteceu ao nosso pai. O Governo tem o processo de inquérito ainda a correr. Nos últimos tempos não temos ainda nenhum relatório sobre como é que o mesmo está a ocorrer, o que é foi feito.
Continuamos ainda na escuridão em relação aos resultados da investigação. Como família queremos que isso termine o mais breve possível, porque também nos trará paz em saber o que aconteceu ao nosso ente querido. Nós saberemos interiorizar, saberemos viver com isso para o resto das nossas vidas. Não só a família, mas o povo também. É justo saber o que aconteceu a Samora Machel e aos seus acompanhantes”, afirmou.

Celebramos a sua obra -- Manuel Tomé, membro sénior da Frelimo
O membro sénior do partido Frelimo, Manuel Jorge Tomé, afirmou que apesar de Samora Machel ter desaparecido fisicamente os moçambicanos celebram a sua vida, obra, o seu exemplo e carisma de uma personalidade única.

Para Manuel Tomé, Samora Machel era um homem do povo, pois ele sabia interpretar o sentimento do população, sabia interpretar cada reacção do povo em comício, conhecia profundamente a nação moçambicana, quer nos contactos que foi tendo mesmo antes da luta de libertação nacional e principalmente os que teve como líder da Frelimo e da guerrilha.

“Ele escutava muito. Mesmo em momentos em que aparentemente parecia discordar de uma opinião, sempre se dava tempo para reflectir sobre um parecer com o qual não tinha inicialmente concordado. Isto só pode ser de facto um homem do povo que faz. Ele era um presidente do povo e por isso ele continua nos corações dos moçambicanos e de gerações que não tiveram inclusivamente a oportunidade de vê-lo em vida, mas que ainda hoje têm história de Samora que fazem com que se sintam orgulhosos de terem tido um presidente como era Samora Machel”, afiançou.

Disse que a vida e obra de Machel é um dos exemplos mais significativos da história do povo moçambicano, pelo que todo o esforço que hoje é feito para deles moçambicanos se inspirarem é movimento natural. Acrescentou que quando hoje se buscam esses exemplos não é e nem deveria ser só quando se enfrentam problemas.

Questionado se as desigualdades sociais que hoje se verificam no país, que chegam a atingir extremos, constituem um distanciamento aos princípios defendidos por Machel, aquele militante do partido no poder afirmou que o falecido presidente era contra as desigualdades sociais, mas isso não significa que no tempo da sua governação não as houvesse.

“Ele bateu-se muito para que essas desigualdades fossem reduzindo até chegar à sua própria eliminação. Nós falamos hoje de exclusão, que eu acho que é um termo político da actualidade, podia ter sido utilizado na época também. Mas na realidade o que acontece é que as desigualdades não são um fenómeno só de Moçambique. Isso não nos deixa consolados por não ser só de Moçambique, é preciso encontrar antídotos e a única maneira correcta de o fazer é a inclusão, envolver todos em tudo. De contrário nós vamos continuar a ter franjas muito largas da população a serem excluídas dos processos. Muitas vezes quando se fala de exclusão no nosso país está-se a pensar no fenómeno político. Mas se nós quiséssemos integrar pessoas nos órgãos deliberativos, consultivos de carácter político, quantas pessoas colocaríamos lá? Dez mil, 20 mil? E isso o que é que representa estatiscamente em relação aos 24 milhões de moçambicanos?”, questionou.

Segundo afirmou, o mais importante é que pessoas tenham acesso aos resultados da economia, o que se concretiza através do Orçamento do Estado, que deve ser mais sólido e largo para permitir que mais moçambicanos tenham acesso à Saúde, educação de qualidade, energia, água, infra-estruturas e benefícios sociais do desenvolvimento. (Felisberto Arnaça)
               
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Moçambique/PR enaltece vida e obra de Machel

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O Presidente da República, Filipe Nyusi, enalteceu ontem, em mensagem, a vida e obra de Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique independente, falecido a 19 de Outubro de 1986 na localidade sul-africana de Mbuzini, África do Sul, vítima de acidente de aviação.
Em mensagem por ocasião da data, o Chefe do Estado afirma que “foi no dia 19 de Outubro de 1986 que o Presidente Samora Moisés Machel e 33 membros da sua comitiva encontraram a morte quando regressavam da Zâmbia em mais uma missão no quadro dos seus esforços incessantes para o alcance da paz na África Austral e em Moçambique”.

Na mensagem Filipe Nyusi refere que foi sob a clarividente liderança de Samora Machel que Moçambique proclamou a 25 de Junho de 1975 a sua independência, instaurando um Estado sonhado por milhões de moçambicanos, que em solidariedade com todos os povos amantes da paz nutre aspirações por uma mais plena liberdade e bem-estar do povo.

O Presidente Samora afirmou-se como um destemido combatente, dirigente militar e estadista de extraordinária visão, fonte permanente de ideais inabaláveis, cultor de humanismo e solidariedade. Empenhou-se inteiramente na construção de um Estado de justiça social em Moçambique, sem negligenciar o apoio incondicional às lutas de libertação dos povos da região e de todo o mundo, lê-se no documento, que acrescenta que a dimensão do Presidente Samora transcendeu as fronteiras nacionais e africanas, com as suas firmes convicções pela liberdade humana e pelo direito à auto-determinação dos povos inspirou e influenciou todos os cantos do mundo, sobretudo na Ásia e América Latina.

O Presidente da República escreve que com perseverança Samora Machel bateu-se pela consolidação e desenvolvimento da unidade africana, participando activamente na criação da Linha da Frente e em todas as grandes decisões que fizeram avançar a luta de libertação na África Austral, culminando com a libertação do Zimbabwe, Namíbia e erradicação do “Apartheid” na África do Sul.

“Que o legado e os ensinamentos do Presidente Samora, que tanto nos orgulham como moçambicanos, continuem a ser uma inesgotável fonte de inspiração e recurso para a conquista do futuro risonho que Moçambique merece, alicerçado na concórdia, paz e unidade dos moçambicanos, na prosperidade, justiça e soberania da nossa nação”, refere, a finalizar a mensagem do Presidente da República, Filipe Nyusi.

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