20 Outubro 2015, Jornal Noticias
http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)
O País
rendeu ontem homenagem às vitimas da tragédia de Mbuzini, na África do Sul, na
qual perdeu a vida o primeiro Presidente de Moçambique independente.
Samora
Moisés Machel perdeu a vida num acidente aéreo em Mbuzinia 19 de
Outubro de 1986quando regressava de Mbala, na Zâmbia, onde foi participar numa
cimeira da Linha da Frente, que discutiu assuntos relacionados com a segurança
regional.
Oavião
presidencial moçambicano despenhou-se e junto com Samora Machel morreram 33
membros da sua comitiva, numa tragédia ainda não esclarecida.
Ontem
cerimónias de deposição de coroas de flores nos monumentos aos heróis
moçambicanos e actividades de índole política e cultural marcaram os vinte e
nove anos da tragédia.
Em
Sofala combatentes da luta de libertação nacional defenderam a necessidade de
uma maior divulgação nas escolas dos ideais de Samora Machel, sustentando que
assim se estará a incutir nos jovens a cultura de unidade e da preservação da
paz.
Em
Pemba cidadãos defenderam que uma das formas de valorizar o legado de Samora
Machel é continuar a preservar a unidade nacional, a paz e a democracia no
país.
Cidadãos,
emNampula, defenderam a imortalização da figura de Samora Machel através da
divulgação da sua vida e obra, enquanto no Niassa membros do Governo, líderes
comunitários, religiosos e população, em geral, se reuniram ontem em Lichinga
para exaltar os feitos de Samora Machel.
Em
Gaza as actividades comemorativas da passagem dos 29 anos após a morte do
primeiro presidente de Moçambique independente tiveram lugar no Xai-Xai.
Não
fiquemos nas lamentações
Samora
Machel Jr., ou simplesmente Samito, afirma que diante de dificuldades,
sobretudo de natureza económica, por que muitos compatriotas passam hoje no seu
quotidiano não se deve ficar simplesmente na lamentação e alegar que se o seu
pai, Samora Moisés Machel, primeiro Presidente de Moçambique independente,
estivesse vivo as coisas teriam um rumo melhor.
Samito
fez este pronunciamento ontem em declarações ao “Notícias” na Praça dos Heróis
Moçambicanos em Maputo, por ocasião da celebração do 29 aniversário do
desaparecimento físico de Samora Machel e de integrantes da comitiva
presidencial na sequência do despenhamento do avião Tupolev 137 A em território
sul-africano, Mbuzini, a 19 de Outubro de 1986.
Presenciaram
a cerimónia membros da família Machel, do partido Frelimo (aos diversos níveis)
e crianças que estudam em diversos estabelecimentos de Ensino Primário da
capital, com destaque para as escolas próximas da Praça dos Heróis.
Samora
Machel Jr. disse que a melhor maneira de os moçambicanos, como sociedade,
lembrarem o falecido presidente é não imolar os seus pensamentos, estudando-os,
e pôr em prática aquilo que era a sua maneira de ser e estar. Acrescentou que
volvidos 29 anos do seu desaparecimento físico é dever dos cidadãos
moçambicanos reviver o legado que Machel deixou.
“Samora
Machel foi um líder que participou na vida do povo. Foi um líder que trouxe no
seio dos moçambicanos uma maneira de estar, nomeadamente a disciplina, a
organização, o trabalho, justiça social e luta pela desigualdade”, disse,
acrescentando que o falecido Chefe do Estado tinha obviamente as suas
convicções e que se estivesse vivo gostaria de ver o seu povo em melhores
condições do que está hoje, um país muito mais avançado como, aliás, todos os
moçambicanos advogam.
Defendeu
que o sonho de Samora Machel do que deveria ser Moçambique deve ser
concretizado por todos os cidadãos, o que também passa por se ensinar as
crianças e jovens que não tiveram a oportunidade de ver e nem ouvir em directo
os seus ensinamentos.
“Muitos
de nós estamos vivos. Muitos dos que conviveram com Samora Machel estão vivos.
A título de exemplo, sabíamos naquela altura que tínhamos de fazer limpezas nos
nossos bairros de residência. Hoje se vamos a cidade de Maputo reclamamos
sujidade, mas no tempo de Samora Machel acordávamos ao domingo e não ficávamos
à espera que o Conselho Executivo fosse aos nossos bairros para limpar. Nós nos
organizávamos e saíamos às ruas para limpar. Hoje não somos capazes de fazer
isso?”, afirmou.
Família
ainda aguarda resultados
A
família Machel ainda sente dores e falta do seu ente querido e aguarda
ansiosamente os resultados da investigação sobre as circunstâncias em que
ocorreu o acidente aéreo de Mbuzini. Samito Jr. disse não ser fácil esquecer um
pai como Samora Machel.
“Nestes
29 anos a família perdeu muita oportunidade de poder aprender mais com ele, os
filhos poderem crescer e conhecer mais o seu pai. Nós, como filhos, sentimos
muita falta dele. Mais nos dói o facto de até hoje não sabermos o que é que de
facto aconteceu ao nosso pai. O Governo tem o processo de inquérito ainda a
correr. Nos últimos tempos não temos ainda nenhum relatório sobre como é que o
mesmo está a ocorrer, o que é foi feito.
Continuamos
ainda na escuridão em relação aos resultados da investigação. Como família
queremos que isso termine o mais breve possível, porque também nos trará paz em
saber o que aconteceu ao nosso ente querido. Nós saberemos interiorizar,
saberemos viver com isso para o resto das nossas vidas. Não só a família, mas o
povo também. É justo saber o que aconteceu a Samora Machel e aos seus
acompanhantes”, afirmou.
Celebramos
a sua obra -- Manuel Tomé, membro sénior da Frelimo
O
membro sénior do partido Frelimo, Manuel Jorge Tomé, afirmou que apesar de
Samora Machel ter desaparecido fisicamente os moçambicanos celebram a sua vida,
obra, o seu exemplo e carisma de uma personalidade única.
Para
Manuel Tomé, Samora Machel era um homem do povo, pois ele sabia interpretar o
sentimento do população, sabia interpretar cada reacção do povo em comício,
conhecia profundamente a nação moçambicana, quer nos contactos que foi tendo
mesmo antes da luta de libertação nacional e principalmente os que teve como
líder da Frelimo e da guerrilha.
“Ele
escutava muito. Mesmo em momentos em que aparentemente parecia discordar de uma
opinião, sempre se dava tempo para reflectir sobre um parecer com o qual não
tinha inicialmente concordado. Isto só pode ser de facto um homem do povo que
faz. Ele era um presidente do povo e por isso ele continua nos corações dos
moçambicanos e de gerações que não tiveram inclusivamente a oportunidade de
vê-lo em vida, mas que ainda hoje têm história de Samora que fazem com que se
sintam orgulhosos de terem tido um presidente como era Samora Machel”,
afiançou.
Disse
que a vida e obra de Machel é um dos exemplos mais significativos da história
do povo moçambicano, pelo que todo o esforço que hoje é feito para deles
moçambicanos se inspirarem é movimento natural. Acrescentou que quando hoje se
buscam esses exemplos não é e nem deveria ser só quando se enfrentam problemas.
Questionado
se as desigualdades sociais que hoje se verificam no país, que chegam a atingir
extremos, constituem um distanciamento aos princípios defendidos por Machel,
aquele militante do partido no poder afirmou que o falecido presidente era
contra as desigualdades sociais, mas isso não significa que no tempo da sua
governação não as houvesse.
“Ele
bateu-se muito para que essas desigualdades fossem reduzindo até chegar à sua
própria eliminação. Nós falamos hoje de exclusão, que eu acho que é um termo
político da actualidade, podia ter sido utilizado na época também. Mas na
realidade o que acontece é que as desigualdades não são um fenómeno só de
Moçambique. Isso não nos deixa consolados por não ser só de Moçambique, é
preciso encontrar antídotos e a única maneira correcta de o fazer é a inclusão,
envolver todos em tudo. De contrário nós vamos continuar a ter franjas muito
largas da população a serem excluídas dos processos. Muitas vezes quando se
fala de exclusão no nosso país está-se a pensar no fenómeno político. Mas se
nós quiséssemos integrar pessoas nos órgãos deliberativos, consultivos de
carácter político, quantas pessoas colocaríamos lá? Dez mil, 20 mil? E isso o
que é que representa estatiscamente em relação aos 24 milhões de moçambicanos?”,
questionou.
Segundo
afirmou, o mais importante é que pessoas tenham acesso aos resultados da
economia, o que se concretiza através do Orçamento do Estado, que deve ser mais
sólido e largo para permitir que mais moçambicanos tenham acesso à Saúde,
educação de qualidade, energia, água, infra-estruturas e benefícios sociais do
desenvolvimento. (Felisberto Arnaça)
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Moçambique/PR enaltece vida e
obra de Machel
20 Outubro 2015, Jornal Noticias
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O Presidente
da República, Filipe Nyusi, enalteceu ontem, em mensagem, a vida e obra de
Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique independente, falecido a 19 de
Outubro de 1986 na localidade sul-africana de Mbuzini, África do Sul, vítima de
acidente de aviação.
Em
mensagem por ocasião da data, o Chefe do Estado afirma que “foi no dia 19 de
Outubro de 1986 que o Presidente Samora Moisés Machel e 33 membros da sua
comitiva encontraram a morte quando regressavam da Zâmbia em mais uma missão no
quadro dos seus esforços incessantes para o alcance da paz na África Austral e
em Moçambique”.
Na
mensagem Filipe Nyusi refere que foi sob a clarividente liderança de Samora
Machel que Moçambique proclamou a 25 de Junho de 1975 a sua independência,
instaurando um Estado sonhado por milhões de moçambicanos, que em solidariedade
com todos os povos amantes da paz nutre aspirações por uma mais plena liberdade
e bem-estar do povo.
O
Presidente Samora afirmou-se como um destemido combatente, dirigente militar e
estadista de extraordinária visão, fonte permanente de ideais inabaláveis,
cultor de humanismo e solidariedade. Empenhou-se inteiramente na construção de
um Estado de justiça social em Moçambique, sem negligenciar o apoio
incondicional às lutas de libertação dos povos da região e de todo o mundo,
lê-se no documento, que acrescenta que a dimensão do Presidente Samora
transcendeu as fronteiras nacionais e africanas, com as suas firmes convicções
pela liberdade humana e pelo direito à auto-determinação dos povos inspirou e
influenciou todos os cantos do mundo, sobretudo na Ásia e América Latina.
O
Presidente da República escreve que com perseverança Samora Machel bateu-se
pela consolidação e desenvolvimento da unidade africana, participando
activamente na criação da Linha da Frente e em todas as grandes decisões que
fizeram avançar a luta de libertação na África Austral, culminando com a
libertação do Zimbabwe, Namíbia e erradicação do “Apartheid” na África do Sul.
“Que
o legado e os ensinamentos do Presidente Samora, que tanto nos orgulham como
moçambicanos, continuem a ser uma inesgotável fonte de inspiração e recurso
para a conquista do futuro risonho que Moçambique merece, alicerçado na
concórdia, paz e unidade dos moçambicanos, na prosperidade, justiça e soberania
da nossa nação”, refere, a finalizar a mensagem do Presidente da República,
Filipe Nyusi.
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