24 junho 2015, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)
Um dos problemas
graves que o continente africano enfrenta é o dos refugiados. As guerras que
ocorrem ainda em algumas regiões de África provocam o abandono dos países de
origem por milhares de pessoas, para se refugiarem noutros Estados do
continente com melhores condições de segurança.
Um relatório de 2015
da Agência da Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) refere que o número de
refugiados e deslocados no mundo atingiu um nível recorde, com a África a
registar uma crise humanitária grave motivada por oito guerras.
A União Africana e outras organizações regionais de África já se aperceberam da gravidade da situação humanitária no continente e concertam posições e tomam medidas para atacarem as causas que estão na origem de um aumento acelerado de refugiados e deslocados africanos.
Ninguém pode ficar indiferente aos problemas dos refugiados e deslocados africanos, e faz todo o sentido que as lideranças africanas estejam a fazer
Para se ter uma ideia da dimensão do problema dos refugiados em África, considerem-se as palavras do alto-comissário da ONU para os refugiados. António Guterres disse ter assistido na República Centro Africana a uma crise humanitária de dimensões indescritíveis.
"Como alto-comissário para os refugiados fiquei profundamente chocado por ver mais de meio milhão de centro-africanos desalojados das suas casas pela guerra e 2,5 milhões a necessitar desesperadamente de assistência humanitária", disse Guterres, antigo primeiro-ministro de Portugal. António Guterres não hesitou em afirmar, frente às crises humanitárias no planeta, que "o mundo está um caos." E disse mais: as agências humanitárias não estão em condições de responder simultaneamente a todos os problemas humanitários que há no mundo, em consequência das guerras.
Importa que os países de África mobilizem as suas capacidades humanas e financeiras para actuarem no sentido de minorar muitos dos problemas de que padecem milhões de africanos. Temos de ser nós, africanos, em primeira linha, a tomar as iniciativas que contribuam para diminuir o sofrimento de milhões de pessoas do continente. A união faz a força. Deve-se afectar o pouco que cada Estado tem a uma causa que se destina a salvar muitas vidas. A África é o nosso continente e temos o dever de juntarmos esforços para solucionar os nossos problemas.
E estes esforços devem concentrar-se particularmente na procura de soluções para a instabilidade permanente em algumas regiões do continente. Sem estabilidade dificilmente se soluciona o problema dos refugiados e deslocados em África. É preciso que os conflitos terminem para que os refugiados e deslocados regressem às suas regiões de origem. A segurança é fundamental, sendo urgente assegurar paz e estabilidade permanente em todo o continente.
O problema dos refugiados e deslocados afecta, em diversos aspectos, vários países africanos em simultâneo , quer os que sofrem internamente conflitos armados, quer os que acolhem milhares de pessoas que procuram condições de segurança. Por isso todos os Estados com conflitos internos ou que acolhem refugiados devem trabalhar em conjunto a diversos níveis para rapidamente se encontrarem as soluções que possam acabar com um mal que torna regiões do nosso continente pobres e inseguras.
A comunidade internacional deve juntar-se aos esforços dos africanos neste combate de busca incessante da paz e segurança em África e de apoios financeiros e de outra natureza para os refugiados e deslocados, como problemas graves que não podem ser adiados.
A comunidade internacional deve procurar ter capacidade para, com celeridade, ir em socorro de refugiados e deslocados, devendo actuar para proteger milhares de crianças refugiadas. As organizações voluntárias de África e do mundo devem desempenhar um papel importante nesta hora difícil para milhões de seres humanos que vivem em condições dramáticas em campos de refugiados e deslocados. É nas horas difíceis por que passam muitos seres humanos que as pessoas de bem devem manifestar a sua solidariedade. Há no mundo e em África pessoas de bem que podem dar um pouco do que têm para superar situações de profunda crise humanitária.
A África tem de superar as suas crises politicas para voltar à estabilidade, pois é prioritário que nós, africanos, passemos definitivamente a executar uma agenda de crescimento económico e de desenvolvimento. Os conflitos armados só impedem o continente de avançar para a construção do seu bem-estar. O continente africano tem tudo para ser um espaço de grande progresso económico e social. Ponha-se termo aos conflitos e parta-se para o grande esforço de edificação de um continente em que todos os seus filhos vivam dignamente e em segurança.
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