sábado, 6 de junho de 2015

Desenvolvimento do Milénio: Moçambique cumpre na redução da fome

5 Junho 2015, Jornal Notíciashttp://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

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Editorial do jornal Noticias sobre a extinção da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM)

O nosso país cumpriu o indicador do primeiro objectivo de Desenvolvimento do Milénio no que diz respeito à redução para a metade da proporção de pessoas que sofrem de fome. Neste contexto, o Governo vai receber próximo domingo, em Roma, Itália, o prémio de reconhecimento internacional como resultado deste feito.

Segundo dados que nos foram facultados pelo Secretariado Técnico para a Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), o reconhecimento será feito num evento co-organizado pela FAO e PMA à margem da 39.ª Sessão da Conferência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação que decorre de amanhã até ao próximo dia 13 de Junho.

Este ano marca o fim do ciclo de monitoria sobre as metas de Desenvolvimento do Milénio e
o compromisso de reduzir para metade os níveis de fome e de malnutrição que foi instituído na Cimeira Mundial de Alimentação de 1996.

Em Moçambique a insegurança alimentar crónica reduziu de 61 por cento em 1997 para 35 por cento em 2006 e para 24 por cento em 2013.

Contribuíram para a redução da insegurança alimentar o aumento da proporção de famílias com dieta adequada de 50 por cento para 67 por cento, devido ao aumento da produção de alimentos, nomeadamente em cerca de 13,9 por cento para os cereais, 36 por cento para as leguminosas de grão e 7,6 por cento para as raízes e tubérculos, registados na campanha 2013/2014.

Por outro lado, aumentou o consumo de alimentos de proteína animal (carne e peixe), melhoria da infra-estruturas de escoamento e armazenamento de produtos alimentares, contribuindo para a melhoria do acesso físico de produtos manufacturados como por exemplo o açúcar.

Igualmente, houve uma baixa anual do preço dos alimentos de 7,89 por cento em 2006 para 1,75 em 2013, o que demonstra que aumentou a disponibilidade de produtos alimentares como cereais, leguminosas, hortícolas e frango.

A nível dos agregados familiares, aumentaram as reservas de cereais que duram pelo menos dez meses e diminuíram aquelas cujas poupanças duravam menos de três meses. O Governo aponta que também houve um maior índice de consumo de água potável devido, sobretudo, aos esforços de aumento da cobertura.

Apesar destes progressos, há, no entanto, preocupação com o facto de a desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos não demonstrar uma redução significativa, tendo passado de 48 por cento, em 2003, para 46 por cento em 2006 e 43 por cento em 2013.

Dados que nos foram facultados por Danila Cumbane, oficial de comunicação do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional, dão relevo ao estudo de base de segurança alimentar e nutricional 2013/2014 que permite sustentar o crescimento de Moçambique no que se refere à redução da insegurança alimentar.

Trata-se do segundo estudo de base de segurança alimentar e nutricional cobrindo as áreas rurais e urbanas. O estudo de 2006 cobriu apenas a área rural e o de 2013 abarcou ambas as áreas, rural e urbana.

Além dos resultados dos estudos de base de 2006 e 2013, foram analisadas também as mudanças no ambiente macroeconómico que o país registou nesse período, nomeadamente a evolução do custo geral de alimentos com base na taxa de inflação de produtos alimentares publicado pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

Moçambique está representado na 39.ª Sessão da Conferência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação por uma delegação chefiada pelo Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, José Pacheco.

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Editorial do jornal Noticias sobre a extinção da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM)
5 Junho 2015, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

O Governo anunciou, esta semana, a extinção da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM), instalada a 1 de Outubro de 2014 com a missão de monitorar a implementação do acordo sobre a matéria, assinado a 5 de Setembro do ano passado.

Trata-se de uma decisão soberana, baseada na avaliação dos resultados concretos do trabalho feito pela equipa ao longo dos oito meses que durou a missão, compulsando, naturalmente, o impacto financeiro da sua manutenção.

Quando se instalou a EMOCHM a expectativa dos moçambicanos era que fosse acelerado não só o processo de supervisão e garantia da cessação das hostilidades militares, como também a desmilitarização e integração das forças residuais da Renamo nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e na Polícia da República de Moçambique (PRM), ou ainda a sua inserção social e económica.

Em duas ocasiões o Governo prorrogou a missão da EMOCHM para permitir que resultados concretos pudessem surgir do trabalho dos setenta peritos militares do Governo e da Renamo e 23 internacionais. No entanto, e apesar desta vontade do Governo, os resultados teimavam em não aparecer.

Durante os oito meses que durou a missão, o Governo investiu cerca de 540 milhões de meticais em despesas de manutenção da missão, nomeadamente de funcionamento e de investimento.

Está claro que a paz que os moçambicanos perseguem não tem preço mas, avaliando pelos passos dados para garantir a sua efectividade, vemos razoabilidade na decisão do Governo de extinguir a missão, até mesmo por razões dos custos que a mesma acarretava para o Estado.

Na verdade, há razões estruturais que ditaram a letargia da EMOCHM, a principal das quais tem a ver com as dificuldades que a Renamo foi criando à fluidez do diálogo político no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano.

É que é em sede deste diálogo onde a Renamo tinha de apresentar a lista nominal dos homens que tem disponíveis para integrarem a Polícia e as Forças Armadas, depois do que se caminharia para a fase de integração económica e social.

Ora, sem estes elementos à mesa, não só o diálogo não avançou como também ficaram a marcar passo todos os processos subsequentes. E foi a meio de todo este cenário que a EMOCHM foi-se tornando numa missão ociosa e dispendiosa para o Estado, acabando por exigir do Governo a tomada de medidas para evitar a manutenção da situação que era claramente desfavorável para o Estado moçambicano.

Para nós foi refrescante ouvir o Governo assumir que o fim da EMOCHM não significa, necessariamente, o descalabro do processo, uma vez que ele vai continuar mas desta feita com mediadores nacionais.
Nós acreditamos na capacidade dos moçambicanos de garantir essa observação e fiscalização do processo de pacificação, mesmo porque é aos próprios moçambicanos que interessa ter o país em paz para que possam trabalhar e desenvolver o país.

Acreditamos também que ao extinguir a EMOCHM o Governo deu um sinal claro ao mundo de que está na disposição de olhar mais para a sua capacidade e potencial de solucionar os seus problemas, sem estar, necessariamente, a dispensar a colaboração dos parceiros internacionais que são bem-vindos sempre que a sua presença no país se mostre indispensável.

A nossa expectativa é que o diálogo no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano continue e avance, e que rapidamente se ultrapassem os pontos de discórdia para que os moçambicanos se possam concentrar numa agenda comum orientada para o desenvolvimento do país.

Esperamos é que a Renamo possa, enfim, apresentar à mesa de negociações elementos que permitam o avanço do diálogo, mesmo porque há muitos moçambicanos nas suas fileiras que dependem dessa decisão para retomar as suas vidas com normalidade, e voltar a ter esperança na vida.

É pensando nesses moçambicanos e em todos os outros que têm o seu futuro ancorado nos impasses do Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano que pensamos estar na hora de se procurar, em cada ronda de diálogo, mais elementos para aproximar as posições, do que motivos para extremar as diferenças.


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