20 junho
2015, ODiário.info http://www.odiario.info
(Portugal)
Começam a
surgir documentos que confirmam o que quem conheça o banditismo visceral do
imperialismo há muito suspeitava: que, tal como antes a Al-Qaeda, o Isis é uma
criação dos serviços secretos imperialistas em conluio com Israel e a Arábia
Saudita.
Não se
trata de ‘teoria da conspiração’, mas de conspiração confirmada e documentada.
O grupo norte-americano Judicial Watch publicou em Maio documentos oficiais dos
ministérios dos Estrangeiros e Defesa dos EUA, obtidos após processo judicial.
O jornalista Seumas Milne (Guardian, 3.6.15) refere «um relatório secreto dos
serviços de informações dos EUA, escrito em Agosto de 2012, que estranhamente
prevê – e na prática saúda – a possibilidade dum ‘principado Salafita’ no Leste
da Síria e dum Estado Islâmico controlado pela al-Qaeda na Síria e Iraque. Em
flagrante contraste com as alegações ocidentais de então, o documento da
Defense Intelligence Agency identifica a al-Qaeda no Iraque (que se viria a
tornar no ISIS) e os seus correligionários Salafitas como ‘as principais forças
que dinamizam a insurreição na Síria’ e declara que ‘os países ocidentais, os
estados do Golfo e a Turquia’ apoiam os esforços da oposição para controlar o
Leste da Síria». Diz o relatório: «a possibilidade de estabelecimento dum
principado Salafita declarado ou
não» é «precisamente aquilo que as potências que
apoiam a oposição desejam, de forma a isolar o regime sírio».
A
confissão de que o súbito aparecimento e surpreendentes êxitos do ‘Estado
Islâmico’ são «precisamente aquilo que as potências que apoiam a oposição
[síria] desejam» não surpreende. Pelo contrário, ajuda a explicar muita coisa.
O ISIS serve de pretexto para o regresso de tropas dos EUA ao Iraque (NYTimes,
11.6.15). ‘Justifica’ bombardeamentos e acções de tropas especiais dos EUA em
território sírio (NYTimes 16.5.15), à revelia do seu governo. A confissão ajuda
a explicar também a recente notícia da agência iraniana FARS de que aviões dos
EUA, a pretexto de atacarem forças do ISIL, bombardearam sim um batalhão do
exército iraquiano «matando 6 soldados e ferindo outros 8» (6.6.15). Explica
ainda os repetidos apoios confessos de Israel aos extremistas islâmicos sírios,
como no siteynetnews.com (versão Internet em inglês do jornal mais lido de
Israel, o Yedioth Ahronoth), que titula: «Vídeo raro mostra soldados das IDF
[forças armadas de Israel] a salvar a vida a rebelde sírio nos Montes Golã», e
adianta: «muitos dos feridos sírios recém-chegados a Israel em busca de
cuidados médicos pertencem a grupos islâmicos extremistas» (12.5.15). A
Bloomberg noticiou (4.6.15) que «desde o início de 2014, representantes de
Israel e da Arábia Saudita realizaram cinco encontros secretos para discutir um
inimigo comum, o Irão. Na 5ª-feira, os dois países saíram do armário para
anunciar esta diplomacia encoberta no Council of Foreign Relations, em
Washington». O anúncio oficial do noivado israelo-saudita, apadrinhado por um
dos principais think tanks da política externa dos EUA, contou com a presença
do general saudita Eshki, conselheiro do ex-embaixador nos EUA príncipe Bandar
bin Sultan, mais conhecido por ‘Bandar Bush’ pelas suas ligações a essa
‘família real’ dos EUA. Eshki defendeu uma «mudança de regime no Irão» e «um
Curdistão independente, a ser constituido por território hoje pertencente ao
Iraque, Turquia e Irão». Pelo lado sionista, esteve Dore Gold, ex-embaixador de
Israel na ONU, que em 2003 escreveu o livro «’O Reino do Ódio’, sobre o papel
da Arábia Saudita no financiamento do terrorismo e extremismo islâmico». O ódio
transformou-se em amor porque, explica Gold, o livro foi escrito «no auge da
segunda Intifada, quando a Arábia Saudita financiava e angariava fundos para o
assassinato de israelitas» e hoje «é sobretudo o Irão que trabalha com os
grupos palestinos que continuam ligados ao terrorismo». Leia-se: à resistência.
A aliança
EUA-Israel-Arábia Saudita une os principais padrinhos do terrorismo e da guerra
no plano regional e mundial, todos mestres na mentira e na dissimulação sem
princípios. E torna mais do que legítima a pergunta: o que se passou realmente
em Nova Iorque, no dia 11 de Setembro de 2001?
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2168, 18.06.2015
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2168, 18.06.2015
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