segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Guiné-Bissau/Reabilitação da infra-estrutura eléctrica traz novas oportunidades de crescimento económico

Bissau, Guiné-Bissau, 4 fevereiro 2008 - A Guiné-Bissau vai beneficiar de dois novos projectos de reabilitação da debilitada infra-estrutura eléctrica do país, um deles com capitais e "know-how" chinês, que irão criar novas oportunidades de crescimento económico.
Entre os parceiros guineenses está a chinesa Western Metal Product Company (Wempco) que, juntamente com a Africa Infrastructure, vai instalar no terreno novos geradores alimentados a gasóleo, permitindo fornecimento de emergência e também recuperar e gerir a infra-estrutura de transporte e distribuição de electricidade no país, que desde Abril de 2007 vive sem fornecimento regular.
O projecto foi oficialmente apresentado na semana passada, numa cerimónia que marcou também a adesão da Guiné-Bissau à entidade responsável pelo financiamento, Africa Finance Corporation (AFC), onde o Estado guineense foi representado pelo ministro das Finanças, Issufo Sanhá, e pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Maria da Conceição Cabral.
"É uma oportunidade para a Guiné-Bissau fazer parte de uma organização que leva a sério a redução da pobreza em África", afirmou Sanhá, que lembrou ainda a significativa penalização que o país sofreu este ano com o corte do apoio orçamental por parte de muitos dos principais parceiros externos.
"Este forte apoio da AFC vai certamente fortalecer os nossos esforços para atrair investimento e contribuir para o crescimento. Em última instância, é este o tipo de catalizador de que precisamos para que se alcance uma efectiva redução da pobreza, e é definitivamente uma iniciativa de que todos saem vencedores", referiu o governante guineense na cerimónia de assinatura.
Com a recuperação da capacidade de fornecimento de electricidade e água, os promotores do projecto esperam conseguir atrair investimentos privados, em particular para os sectores de infra-estruturas e de agro-indústria.
"Há um forte potencial para investimentos no estratégico sector da castanha de caju. Aqui, a iniciativa da AFC vai possibilitar algum valor acrescentado e estimular o emprego. Também vai dar necessário apoio ao processamento em terra da indústria pesqueira do país", afirmou o presidente da instituição financeira africana, Austine Ometoruwa.
Este projecto é visto pela AFC como a primeira fase de um "investimento a longo prazo" na Guiné-Bissau.
A AFC foi lançada pelo Banco Central da Nigéria, com o objectivo de lançar projectos de infra-estruturas no continente africano, com o envolvimento de parceiros privados.
Noutra frente, mas com o mesmo objectivo, União Europeia e o Banco Mundial disponibilizaram 1,3 milhões de euros às autoridades guineenses, pautando-se pela almejada "reconciliação" dos parceiros internacionais com Bissau.
"Um dos maiores problemas deste país é a falta de energia e de electricidade em particular. O que constitui um enorme constrangimento ao fornecimento dos serviços de base e ao desenvolvimento industrial e obriga a uma fustigada pressão sobre a natureza", afirmou o embaixador Franco Nulli, representante máximo da UE no país, a propósito da aprovação do financiamento.
Actualmente, o fornecimento de água e electricidade está dependente de geradores debilitados, não havendo muitas vezes dinheiro para a compra de gasóleo.
A convenção assinada permitirá elaborar um Plano Director do Sector da Energia, que vai articular projectos de reabilitação de infra-estruturas básicas em todo o país.
Também na semana passada, as autoridades de Bissau alcançaram outro antigo objectivo - a retoma do auxílio financeiro do FMI.
Este vai chegar através de um programa de Assistência de Emergência Pós-Conflito, que permite ao país obter no imediato uma ajuda de 2,8 milhões de dólares.
O FMI realça que "uma implementação satisfatória deste programa pode abrir caminho a um programa sucessor" à Assistência Pós-Conflito, nomeadamente a planos de crescimento económico e redução da pobreza, e também de redução da dívida, de que já beneficiaram, por exemplo, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
A aprovação do programa de assistência pós-conflito deverá também permitir às autoridades guineenses convocar uma reunião com os principais doadores para a mobilização de recursos adicionais tendo em vista o financiamento de vários programas de desenvolvimento.
O Fundo Monetário Internacional prevê que a economia da Guiné-Bissau registe este ano uma travagem no crescimento - de 3,7 por cento para 3,1 por cento - que só deverá ser interrompida em 2009.
A partir de 2009 e nos quatro anos seguintes prevê-se uma aceleração constante do crescimento do PIB, para um máximo de 4 por cento 2012.

Contudo, refere o fundo, o cenário é "incerto" dada a dependência de ajuda externa e os sérios constrangimentos à actividade económica interna, nomeadamente ao nível das infra-estruturas e funcionamento do sector público. (macauhub)

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