quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Moçambique/Integração não deve ignorar desafios sociais – defende Virgília Matabele

Maputo, 1 Novembro 2007 - O processo de integração regional que se perspectiva não deve deixar de fora os desafios sociais que daí advirão, entre os quais os elevados índices de propagação do HIV/SIDA, que devem ser controlados, permitindo que às formas tradicionais encarar a sexualidade marquem passos positivos de mudança. O facto foi defendido pela Ministra da Mulher e da Acção Social, Virgília Matabele, na abertura do encontro regional sobre HIV/SIDA, que decorre desde ontem em Maputo.
Segundo a ministra, a estabilização e redução do número de infecções pelo HIV/SIDA requer o desenho e implementação de políticas e estratégias concretas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis que tenham em conta a situação da mulher. Indicou que, pese embora o esforço no combate ao HIV/SIDA a nível dos países da região, a realidade mostra que o espectro da doença já atingiu uma dimensão cujos reflexos começam a perigar o desenvolvimento económico e social.

A pandemia está a ter um efeito devastador e catastrófico nas mulheres, facto que está, em parte, relacionado com a questão da desigualdade, sob o ponto de vista económico e social, colocando-a numa situação de risco e agravando a sua vulnerabilidade.

Referindo-se ao contexto específico de Moçambique, indicou que a redução do número de novas infecções do actual nível de 500 por dia, para 350 em cinco anos e 150 em dez anos, consta como um dos sete objectivos prioritários. “Hoje está mais claro que a divulgação de informação simplificada sobre a doença, suas manifestações e formas de protecção constitui uma das mais preciosas intervenções para reveter os índices de contaminação do HIV cada vez mais crescentes na região”, disse, acrescentando que há que assegurar que a informação que chega a cada um dos países seja clara, sugestiva e persuasiva, e tenha em conta as diferenças estruturais, comportamentais e socioculturais.

O encontro ontem iniciado e com a duração de três dias, tem em vista, segundo a secretária executiva do Conselho Nacional de Combate ao SIDA, Joana Mangueira, debater o trabalho do sexo, atendendo à intrínseca relação deste fenómeno com a multiplicidade de parceiros e as relações intergeracionais, acompanhadas pela prática de sexo inseguro que, no seu conjunto, constituem factores principais para o aumento dos níveis de infecção pelo HIV. Segundo indicou, a realidade vivida nos nossos países confirma que a SIDA “continua a ter cara de mulher, com uma face oculta que é das crianças”.

Basicamente, os 150 participantes de cinco países, estão a trocar experiências sobre como proteger, aumentar o seu poder de negociação, criar mais oportunidades de acesso aos serviços de Saúde, Educação e à informação, bem como garantir o seu envolvimento em iniciativas que ajudem a reduzir o seu nível de vulnerabilidade. Conforme o coordenador das Nações Unidas em Moçambique, Ndolamb Ngokwey, com mais parceria, tratamento, cuidados e apoio, bem como a contínua discussão sobre o assunto, é possível melhorar a prevenção. Esta acção será mais forte se as pessoas envolvidas no trabalho do sexo participarem activamente na concepção e implementação de programas. (Notícias)

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