terça-feira, 3 de julho de 2007

Brasil/Agronegócio ameaça bispo em Chapecó

Reportagem: Raquel Casiraghi duração: 3'00" tamanho: 534 Kb

Agência Chasque / 29/06/2007 11:53
Porto alegre - Entidades ligadas ao agronegócio de Santa Catarina estariam por trás das ameaças ao bispo de Chapecó, Dom Manoel João Francisco. A denúncia é do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Desde abril, o bispo já foi ameaçado duas vezes, incluindo o enforcamento simbólico de um boneco representando Dom Manoel na praça central da cidade. A disputa por terras indígenas, que foram demarcadas pelo governo federal no dia 19 de abril, seria a causa do conflito.
De acordo com o coordenador do Cimi em Chapecó, Jacson Santana, os fazendeiros se negam a deixar as áreas demarcadas. Estes estariam usando de seu poder e influência para convencer pequenos agricultores a também resistirem. Cerca de 510 produtores receberão indenização do governo para sair das terras e morarem em outro local.
"A maioria dos pequenos agricultores até têm interesse em sair das áreas, já que irão receber uma indenização justa. Mas, como há um grupo de grandes proprietários, envolvendo políticos influentes da região, conseguem manipular os pequenos", diz.
Dom Manoel lutou a favor da demarcação das terras indígenas e da indenização aos pequenos agricultores. As novas terras demarcadas pelo governo beneficiam indígenas Guarani e Kaingang que estão acampados em beiras de estrada.
"Desde que o Dom Manoel chegou a Chapecó, em 1999, ele sempre teve uma posição muito clara: em defesa dos direitos dos povos indígenas e dos pequenos agricultores. Só que alguns agricultores, ligados às grandes propriedades, que é uma minoria, começaram a passar para sociedade que o Dom Manoel defende somente os interesses dos indígenas, o que não é verdade. Esses agricultores, que têm dinheiro e dominam a imprensa local, acabam convencendo os pequenos, que se transformam em massa de manobra", afirma.
De acordo com denúncia encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF), o grupo de agricultores que resiste em sair da área recebe o apoio das entidades ruralistas do Estado, como a Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (FAESC), e uma organização chamada Defesa Propriedade e Dignidade (DPD). Esta última teria organizado a primeira ameaça a Dom Manoel, em abril, quando quatro homens visitaram uma chácara pertencente à Diocese de Chapecó e afirmaram que iriam ocupar a área caso o bispo não parasse de apoiar os indígenas. A segunda ameaça ocorreu em 1º de Junho, durante um protesto contra a demarcação das terras, quando os agricultores enforcaram simbolicamente um boneco, que lembrava Dom Manoel.
O Ministério deve abrir um inquérito civil contra as entidades ruralistas. A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou nota em apoio a Dom Manoel, salientando a importância da sua luta em defesa dos indígenas e dos pequenos agricultores.

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