Cidade da Praia, 20 Julho 2007 - As remessas dos emigrantes cabo-verdianos constituem a maior fonte de divisas estrangeiras do país, que em 2000 tinha 69 por cento dos seus 450 mil habitantes a trabalhar fora do arquipélago, segundo um relatório da ONU divulgado ontem ao final do dia.
O documento, distribuído pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), passa em revista as políticas internas e internacionais de promoção do conhecimento como indutor do desenvolvimento das capacidades produtivas nos países menos desenvolvidos (LDC, na sigla em inglês).
Um dos aspectos referidos no relatório destaca a importância das remessas dos emigrantes no desenvolvimento económico e os efeitos que a fuga de cérebros produz no crescimento dos LDC, noticia a Lusa. A saída para o exterior de quadros formados ou que terminam a formação fora do país de origem constitui um dos maiores constrangimentos de África, continente em que se situa a maior parte dos LDC.
Além de Cabo Verde, mais dois países africanos de língua oficial portuguesa, Angola e Moçambique, são referenciados numa tabela que destaca a saída de quadros, em 2000, dos LDC com maior taxa de emigração.
No caso de Cabo Verde, com 69 por cento de emigrantes, em 2000 eram cinco os quadros com habilitações superiores registados no exterior, enquanto Angola, com 25,6 por cento de emigrantes, e Moçambique, com 42 por cento de emigrantes, têm no mesmo período, sensivelmente o mesmo número de quadros com habilitações superiores fora das suas fronteiras: 38 angolanos e 36 moçambicanos.
O relatório estuda os motivos e os efeitos da fuga de cérebros dos LDC para os países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), concluindo que em 2004 cerca de um milhão de quadros do sector terciário (serviços) deixaram os seus países de origem.
"O maior crescimento da emigração de quadros verificou-se na África Ocidental e na África Central. Em cinco LDC - Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné-Bissau e Mauritânia -, a taxa de emigração aumentou 20 por cento ou mais", lê-se no relatório.
De entre as causas para este movimento migratório, o documento destaca a falta de oportunidades de emprego, os baixos salários e as dificuldades de progressão profissional, além da instabilidade social e política.
Quanto aos efeitos imediatos, apesar das remessas em divisas, os custos são, a prazo, indutores do estrangulamento do desenvolvimento tecnológico.
"A saída de quadros provocará irremediavelmente o condicionamento do desenvolvimento das capacidades tecnológicas dos LDC", acentua o documento, citado pela agência Lusa.
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