"Este é um governo neoliberal e neofascista. Essa visão incomoda o
centrão, a direita mais civilizada, a centro-direita. Eles achavam que iriam
tutelar o Bolsonaro, que iriam conseguir fazer com que se civilizasse um pouco.
E não os constrangesse com as manifestações toscas, não civilizadas, grosseiras
que ele faz sistematicamente", disse a ex-presidente Dilma Rousseff,
deposta pelo golpe de 2016
247 – Deposta pelo
golpe jurídico-midiático-parlamentar, com pitadas militares, de 2016, a
ex-presidente Dilma Rousseff concedeu entrevista ao jornalista
Leonardo Sakamoto, publicada no Uol, em que aborda o constrangimento dos
setores mais civilizados do Brasil com o neofascismo de Jair Bolsonaro.
"Este é um governo neoliberal e neofascista. Essa visão incomoda o
centrão, a direita mais civilizada, a centro-direita. Eles achavam que
iriam
tutelar o Bolsonaro, que iriam conseguir fazer com que se civilizasse um pouco.
E não os constrangesse com as manifestações toscas, não civilizadas, grosseiras
que ele faz sistematicamente", afirmou.
"O que eles [centro, centro-direita, direita] pensaram? Que era fácil, que
seria tranquilo conter o governo Bolsonaro, mitigar o governo Bolsonaro. Mas
ele tem um componente neofascista que não é mitigável, que não é passível de
ser contido. Foge dos controles. Esta contradição que a direita e a
centro-direita terão que conviver ao longo desse processo daqui para frente.
Eles precisaram de um impeachment, prender, condenar e impedir que concorresse
à eleição o presidente Lula, um inocente --hoje claramente provado pela
"Vaza Jato" [a divulgação de conversas entre membros da força-tarefa
da Lava Jato e o juiz Sergio Moro pelo site The Intercept Brasil]", disse
ainda Dilma.
Ela também falou sobre o exemplo de
dignidade que dá ao Brasil, após enfrentar a ditadura e o golpe de 2016. "Não
são cicatrizes. São experiências dramáticas e terríveis, que obviamente são
pessoais, mas também são do país. São momentos históricos, duros de se viver,
de sobreviver. Eu tenho muito orgulho de ter sobrevivido aos dois [ao
impeachment e à ditadura]. Com dignidade. Acho que o que a gente tem que
esperar da gente é isso: ter coragem para enfrentar e resistir. E ter sempre a
força da sua convicção de que está no caminho certo. Porque se você não tiver a
força da certeza que está no caminho certo, aí, de fato, é ferida, é cicatriz,
cabem essas palavras. Mas, no que eu vivi, não cabe não.
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