27 de junho de 2019, 09:53 h
Eugênio Aragão
Ex-ministro da Justiça
Ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão
diz que o atual chefe do GSI "é um fracasso"; "O embarque no
avião da comitiva presidencial se deu na Base Aérea de Brasília, em pleno
território militar, com número limitadíssimo de acessos à estação de
passageiros.
Tudo perfeitamente controlável e
escrutinizável. Menos para o General Heleno", escreve o jurista
Errar é humano. Quem erra deve tentar
de novo, de novo e de novo, até acertar. Se o erro causou dano a outrem,
precisa o errante tirar as consequências de seu ato - isso se chama
responsabilidade. Erramos, mas não podemos fugir de nossas responsabilidades,
por vivermos todos na coletividade. O coletivo nos impõe a solidariedade
inerente à comunidade de destino.
O Gabinete de Segurança Institucional
(GSI) é responsável pela incolumidade do Presidente da República e do próprio
Estado, quando se trata de ameaças políticas a sua existência ou a sua
funcionalidade. Para cumprir com essa grave tarefa, compete ao GSI organizar e
manter os serviços de inteligência é contrainteligência do governo,
articulando-se com órgãos setoriais da mesma natureza, sejam da polícia ou das
Forças Armadas.
Inteligência é essencialmente uma
atividade de
coleta (é não “colheita”, ouviu, Moro?) de dados capazes de
produzirem informações. Essas informações são fonte de relatórios de risco e
instruem ações preventivas ou repressivas. Diferentemente da investigação que
mira para o passado, para atos e fatos consumados, a inteligência enxerga para
o futuro, tentando compor cenários possíveis a partir da evolução do contexto
atual.
Quem coleta dados são agentes que
normalmente trabalham encobertos e, por vezes, até conspirativamente, para
evitar que, constatado o interesse governamental por esses dados, atores de
risco venham a eliminá-los. A eliminação de dados que podem compor informações
de inteligência ou as ações que dificultam o acesso a esses dados chama-se
contra-inteligência. É importante que os atores de risco não saibam a extensão
do conhecimento inteligente do governo, para não impedirem ações preventivas ou
repressivas.
Basicamente, isso tudo está hoje sob o
comando do General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, aka General Heleno, o
Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Notabilizou-se por arroubos políticos
grosseiros, como o ataque ao Presidente Lula numa reunião de trabalho em que,
visivelmente fora de si, esmurrou a mesa a exigir que seu suposto desafeto
tomasse prisão perpétua.
O mesmo Heleno foi comandante do pilar
militar da MINUSTAH, a missão das Nações Unidas para estabilização do Haiti.
Nessa condição, conduziu suas tropas ao ataque à Cité du Soleil, bairro de
extrema pobreza em Porto Príncipe, promovendo verdadeiro massacre contra a
população civil. Nunca foi oficialmente cobrado por isso. Não, voltou ao Brasil
e tornou-se Comandante da Amazônia, quando fez uma série de declarações
politicamente motivadas, voltando-se contra a proteção das populações
indígenas.
Mas, isso não foi tudo. Foi para a
reserva e esteve à frente, como adjunto do Sr. Nuzman, do Comitê Olímpico
Brasileiro, o que dispensa comentários sobre as lambanças na gestão de recursos
públicos ali constatadas.
O General Heleno está longe de
sobressair em competência de governação. É um fracasso profissional, ainda que
não veja assim as coisas. Ignora seus erros e não assume responsabilidade por
nada. Assim é difícil ele se corrigir.
Agora, como chefe do GSI, falhou na
segurança da comitiva presidencial, permitindo - espera-se que desavisadamente
- que um taifeiro carregasse consigo, no avião da Presidência, 39 quilos de
cocaína. A muamba foi descoberta por simples raio-x pelas autoridades
espanholas, quando de uma escala técnica em Sevilha. Vexame maior para a imagem
do país no mundo é difícil. Doravante aviões presidenciais brasileiros talvez
tenham que passar por humilhante rotina de controle no exterior, pouco
adiantando os salamaleques da diplomacia terraplanista.
Vejamos bem: não se trata do tráfico
promovido num avião de carreira, que partisse de um aeroporto frequentado por
milhares de passageiros controlados por método de amostragem. Não, o embarque
no avião da comitiva presidencial se deu na Base Aérea de Brasília, em pleno
território militar, com número limitadíssimo de acessos à estação de
passageiros. Tudo perfeitamente controlável e escrutinizável. Menos para o
General Heleno.
Indagado sobre as rotinas preventivas
sob sua responsabilidade, saiu-se com essa: “não tenho bola de cristal”! Isso é
tudo que nossa inteligência tem a dizer? Segurança presidencial passou a ser
exercício de adivinhação?
Não compartilho opinião com aqueles
que apontam uma conspiração no tráfico de cocaína por meio do avião oficial da
mais alta autoridade do país. Ainda que Jair Bolsonaro seja um grosseiro
incontido, truculento e autoritário até a medula, isso não o transforma num
narcotraficante. Mas, tanto não significa que não tenha nada a ver com isso.
Exigir punição para o taifeiro apenas não resolve o imbróglio.
Bolsonaro não pode lavar as mãos
diante desse escândalo internacional provocado pelo desgoverno de seu governo.
A si são constitucionalmente atribuídas a política externa e as relações com
estados estrangeiros. A imagem de incompetente, ou pior, de conivente com o
crime praticado no seio de sua comitiva a um encontro estratégico do G-20,
carimbada no Brasil foi provocada por inépcia de ministro seu, de sua livre
escolha. Há, no mínimo, culpa in eligendo do Presidente da República. É
o total descalabro.
Errar é humano, mas assumir
responsabilidade pelo erro é sinal de caráter. Alguns têm, outros não têm. Pescam
em área de proteção ambiental e põem a culpa no fiscal do Ibama. Só que desta
vez as consequências são desastrosas para o Brasil e sua posição no concerto
das Nações. Só há uma saída: General Heleno peça para sair ou seja exonerado
por aquele que tem culpa por sua indicação ao cargo, para o qual demonstrou não
ter qualquer vocação!
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de esquerda pedem presença de general na CCJ
26/06/2019,
Blog da
Cidadania https://blogdacidadania.com (Brasil) https://blogdacidadania.com.br/.../senadores-de-esquerda-pedem-presenca-de-general-
Os
senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Wetervon Rocha (PDT-MA) apresentaram
nesta quarta-feira, 26, requerimento para convidar o ministro-chefe do Gabinete
de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para prestar
esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sobre o
sargento da Aeronáutica preso por transportar drogas na bagagem em avião da
Força Aérea Brasileira (FAB).
A FAB já abriu o Inquérito Policial Militar (IPM) que vai investigar a prisão do 2º sargento da Aeronáutica, cujas iniciais do nome são M.S.R., em Sevilha, Espanha, na manhã de terça-feira, 25, após ter chegado àquele país, com 39 quilos de cocaína, em sua bagagem pessoal.
Um dos
focos da investigação é em relação ao embarque e transporte da droga na
aeronave militar que foi para a Espanha, com três equipes de tripulação, que
trabalhariam na comitiva do presidente Jair Bolsonaro durante a segunda etapa
da viagem para o Japão, onde participará de reunião do G-20.
“Acredito
que sua excelência tem alguns esclarecimentos a prestar a este Senado sobre
esse gravíssimo evento que envolve, nada mais, nada menos, uma aeronave a
serviço da Presidência da República”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues ao
anunciar que entraria com o requerimento pelo “surrealismo do tema” envolve a
imagem do Brasil no exterior.
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