25 setembro 2015,
Jornal Noticias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)
O Ministro da Defesa
Nacional enalteceu ontem os feitos de bravura e heroicidade dos combatentes da
luta armada de libertação nacional, “cujo legado permanecerá na memória de todo
o povo e na história de Moçambique”.
Atanásio Salvador
Ntumuke falava na cerimónia de investidura dos delegados doscentros provinciais
de recrutamento e mobilização (CPRMs) de Inhambane e da Zambézia, o capitão
Agostinho Gabriel e o tenente-coronel Ilídio Paulo Mahilele, respectivamente. A
cerimónia estava inserida no âmbito da mobilidade e rotatividade dos quadros do
sector da Defesa Nacional.
Na ocasião, Salvador
Ntumuke lembrou que na passada quarta-feira, durante as cerimónias de saudação
das FADM e de promoção de novos oficiais generais, o Comandante-Chefe das Forças
de Defesa e Segurança, Filipe Jacinto Nyusi, sublinhou que as Forças Armadas de
Defesa de Moçambique servem única e exclusivamente, por tradição e de acordo
com o quadro legal de que se regem, o povo moçambicano, que, ciclicamente, cede
parte dos seus filhos para esta instituição, defendendo, por isso, que a
palavra de ordem deve continuar a ser lealdade e sempre lealdade.
No seu discurso, o
governante lembrou que em todo o país os moçambicanos assinalam hoje o 25 de
Setembro, data em que o país celebra o 51.º aniversário do início da luta
armada de libertação nacional, dia consagrado às Forças Armadas de Defesa de
Moçambique.
“Com o 25 de
Setembro, enaltecemos os feitos de bravura e heroicidade dos combatentes da
luta de libertação nacional, cujo legado
permanecerá na memória do povo e na
história do país”, sustentou.
Primar pela honestidade
Dirigindo-se
concretamente aos empossados, o ministro advertiu que os CPRMs constituem a
porta de entrada dos filhos do povo moçambicano para se dedicarem à causa da
defesa nacional, uma missão que “acresce e chama a consciência da nossa
responsabilidade”, por um lado, e, por outro, “constitui uma honra, por sermos
os depositários desta confiança do povo moçambicano, único e exclusivo patrão
do nosso ciclo de governação”.
“Por isso, instamos
aos empossados para que observem com rigor as normas e procedimentos que
regulam a actividade do sector da defesa nacional, em particular, e do Aparelho
do Estado, em geral, no que diz respeito à integridade, transparência na gestão
da coisa pública e na cultura de prestação de contas”, recomendou Salvador
Ntumuke.
O governante
acrescentou que os delegados dos CPRMs devem, por outro lado, primar por
valores nobres de humanismo, humildade, honestidade e tolerância no seu sector
e pautarem, sempre, pelo espírito de trabalho em equipa.
Para o efeito, o
ministro da Defesa Nacional desafiou os novos responsáveis para garantirem a
valorização permanente dos quadros e colaboradores sob sua responsabilidade,
proporcionando um ambiente salutar no trabalho, pois o epicentro da vida
profissional é o Homem. “E, perante a complexidade dos factores de
desenvolvimento nacional, a sociedade é cada vez mais exigente, o que requer
que, no desempenho das vossas funções, se inspirem nos bons exemplos que
capitalizaram com as experiências e vivências adquiridas”, exortou.
Factor de coesão
Segundo Salvador
Ntumuke, porque a Constituição da República define que a participação na defesa
da independência nacional, soberania e integridade territorial é um dever
sagrado e honra para todos os cidadãos moçambicano, é necessário garantir que o
serviço militar seja um factor de fortalecimento da coesão e unidade nacional,
incorporando cidadãos de todos os pontos do país.
No desempenho dessa
missão, recomendou o governante, os responsáveis empossados devem procurar
elevar e melhorar os resultados esperados do conjunto das operações de
recrutamento geral, designadamente o recenseamento militar, as provas de
classificação e selecção, a incorporação e condução aos seus destinos dos
cidadãos que passam à disponibilidade.
“Deste modo,
exigiremos de vós maior proactividade e responsabilidade, por acharmos que
constituem uma mais-valia para o sector. Para tal, devem fazer diferença no
exercício das vossas funções de delegados, exímios representantes do Ministério
da Defesa Nacional, a nível provincial”, referiu Salvador Ntumuke, felicitando
depois o tenente-coronel Fernando António Omar e a major Calídia Esperança
Fernando, delegados que ontem cessaram as suas funções, pelo trabalho
realizado, nas duas províncias, e pela forma exemplar como representaram o
ministério e pelo mérito alcançado no exercício dessas funções.
“Assim, apelamo-los
para que, com o mesmo espírito, assumam com lealdade, humildade e sentido de missão
as novas tarefas que lhes serão, brevemente, acometidas como servidores
públicos”, referiu o ministro da Defesa Nacional.
Celebrar a data pensando na paz
Recordar a missão dos
“Jovens do 25 de Setembro” de 1964 pensando na manutenção da paz e unidade
nacional foi o apelo deixado por combatentes da luta de libertação nacional, na
Beira, entrevistados pela nossa Reportagem sobre a efeméride.
Mário Sebastião
disse, por exemplo, que os moçambicanos devem continuar unidos tal como o
fizeram os jovens do 25 de Setembro. “É preciso manter acesa a chama da
liberdade nacional”, acrescentou.
“É preciso manter
acesa a chama da liberdade. Temos de continuar a ser coesos, tal como o fizemos
aquando do início da luta armada, até libertarmos a terra, o povo e chegamos à
construção da nossa Pátria Amada” – recomendou.
Por seu turno, Fole
Jofrisse entende que quando há 51 anos os jovens de então decidiram pegar em
armas para libertar o país do jugo colonial, a unidade era uma das armas
fundamentais, pelo que, passado este longo período, se torna igualmente
importante preservar esta conquista para mantermos a paz.
“O nosso país está a
desenvolver-se, mas para que isso continue a ser realidade também é importante
manter a paz. Os moçambicanos são capazes de manter a paz, pois sabem resolver
os seus próprios problemas”, sublinhou Jofrisse.
Tendo em conta o lema
desta celebração do dia das FADM, que é “Forças Armadas de Defesa de
Moçambique, 51 anos defendendo com firmeza a unidade nacional, a soberania e
paz”, os nossos entrevistados afirmam que este lema reforça, sobremaneira, as
suas ideias de manutenção da paz e coesão no seio dos moçambicanos para que o
nosso país continue uno e indivisível.
Também Maria João,
combatente que pertenceu ao destacamento feminino, alinhou no mesmo diapasão,
reafirmando a necessidade do diálogo para acabar com as diferenças políticas, o
que, segundo ela, constitui a chave para a preservação da paz.
“Somos pela paz e
unidade nacional e o 25 de Setembro deve servir como um momento para reflectirmos
sobre o longo caminho que percorremos desde 1964 até a independência nacional e
aos dias que correm”, afirmou.
Sataca Abdul,
igualmente combatente, diz que ainda guarda memórias da sua participação na
luta de libertação nacional, sustentando que a paz é a condição imprescindível
para que possamos manter o desenvolvimento desejado no nosso país.
“Temos de estar
unidos para que possamos continuar a trilhar pelo caminho da liberdade, paz e
bem-estar de todos”, destacou.
“Ameaçar a paz é violar os mandamentos da lei de
Deus”
Em Nampula, a
Comunidade Islâmica diz que ameaçar a paz, promovendo a guerra, instabilidade e
discórdia entre os moçambicanos constitui uma violação dos mandamentos da lei
de Deus. O posicionamento dos muçulmanos foi expresso ontem num culto por
ocasião do Eid al Adha, a festa do ano novo.
Na ocasião, o sheik
Amisse Ibrahimo, da Comunidade Islâmica, em Nampula, disse que a paz não se
adquire e não se preserva manipulando o povo.
Enquanto isso, no
Niassa, o membro da Comissão Política da Frelimo Sérgio Pantie exortou aos
muçulmanos para que ao comemorarem o Eid Al Adha rezem a Deus para que se
mantenha a paz no país.
Segundo Sérgio
Pantie, o país regista várias conquistas no quadro do desenvolvimento
socioeconómico, daí ser fundamental que os religiosos continuem a rezar para
que a paz seja permanente. (RM).
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Relacionada
25 setembro 2015,
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O chefe da bancada da
Frelimo na Assembleia Provincial de Inhambane (API), Manuel Laíce, apelou, no
encerramento da II sessão ordinária daquele órgão, à Renamo para tirar e dar
liberdade aos seus homens armados escondidos nas florestas dos distritos de
Mabote e de Funhalouro, no quadro da implementação do acordo de cessação das
hostilidades assinado há mais de um ano pelo antigo Presidente da República,
Armando Guebuza, e pelo líder do ex-movimento rebelde e armado, Afonso
Dhlakama.
Para Manuel Laíce,
ainda que a bancada da Renamo na Assembleia Provincial de Inhambane defenda a
paz e o bem-estar da população, deve, por isso, envidar esforços para persuadir
o seu líder, Afonso Dhlakama, a aceitar o convite formulado pelo Chefe do
Estado, Filipe Nyusi, para um diálogo franco e aberto entre ambos, com o
objectivo de garantir a manutenção da paz e da unidade nacional.
“Apelamos aos nossos
colegas da Renamo, que estão nesta sala, para que, se efectivamente têm acesso
à liderança do seu partido, que façam tudo o que estiver ao seu alcance para
levar Dhlakama a aceitar o convite do Presidente da República para diálogo
sobre a paz”, disse Manuel Laíce.
Para este político,
não valerá nada qualquer discurso bonito que a bancada da Renamo possa fazer na
Assembleia da República, alegadamente em nome da população, se mantiverem as
armas apontadas para o povo.
“Senhores da Renamo,
aqueles homens abandonados no mato também querem viver bem como vocês! Querem
constituir famílias sólidas! Basta de lhes enganarem! Desmobilizem-nos para
serem reintegrados nas Forças de Defesa e Segurança, alguns, e na sociedade,
outros, para passarem a beneficiar do Fundo da Paz e erguerem-se como cidadãos
livres no seu país”, apelou Manuel Alice.
A segunda sessão da
Assembleia Provincial de Inhambane que terminou na tarde de quarta-feira, com a
aprovação do Plano e Orçamento do Governo Provincial para o próximo ano e a
atribuição de nota positiva ao desempenho do Executivo no primeiro semestre
deste ano, foi caracterizada por discursos de apelo à paz, à unidade e
reconciliação nacional e ao aprofundamento da democracia.
Garantir o combate à pobreza
O Governador de
Inhambane, Agostinho Trinta, convidado de honra à reunião da API, disse no
encerramento da reunião que a paz é a condição primordial para o sucesso do
combate à pobreza, daí a necessidade de os membros de todas as bancadas daquele
órgão engajarem-se na busca da paz e concórdia.
“O nosso plano e
orçamento para o próximo ano são muito ambiciosos. Queremos trabalhar com a
população para o desenvolvimento da província. Para isso, é preciso tirar os
homens armados da Renamo das matas, porque ameaçam as pessoas. Em Mabote e
Funhalouro, as pessoas não estão à vontade por causa desses homens armados que
quando entendem emboscam os responsáveis e levam-nos ao mato para fins
desconhecidos. Por isso pedimos à Renamo para usar a luta política e não usar a
violência armada para lograr os seus objectivos”, exortou Agostinho Trinta.
No mês passado, os
homens armados da Renamo escondidos na sua antiga base na região de Ribwe,
localidade de Nzimane, em Mabote, cerca de 12 quilómetros da localidade de
Tsenane, em Funhalouro, sequestraram o chefe da localidade de Tsenane, Salvador
Elias Mazive, para fins desconhecidos.
Na altura Mazive foi
forçado a caminhar para o interior da região, onde foi torturado e submetido a
inquérito sobre o conteúdo e os objectivos das mensagens que transmite à
população nos comícios que orienta na sua localidade.
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