20 setembro 2015, Jornal de Angolahttp://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)
Filomeno Manaças
A agricultura é a base e
a indústria o factor decisivo.
Assim dizia Agostinho Neto, que já
predizia a necessidade de Angola diversificar a sua economia para romper o
ciclo da dependência de um só produto de exportação.
A monoprodução, como lhe chamam os economistas, era o calcanhar de Aquiles de muitos dos países do Terceiro Mundo. Essa situação tinha consequências nefastas para países que dependiam fortemente de um só produto de exportação. Na sua relação com a metrópole colonial pouco mais podiam fazer senão submeter-se às regras ditadas pelo poder estabelecido e aceitar, resignados, as condições impostas para a comercialização dos seus produtos.
Isso condicionava, obviamente, as opções políticas. Economicamente dominados, os países do Terceiro Mundo viam-se manietados na sua soberania e nas aspirações a um maior peso na determinação do paradigma da ordem internacional que, décadas atrás, estava impregnada de factores contrários ao surgimento e afirmação no contexto das nações de países independentes como Angola, Moçambique e Zimbabwe.
A África Austral foi um palco dessas grandes lutas pela emancipação política e económica. Cedo se aprendeu que não há emancipação política sólida se não se apostar fortemente no desenvolvimento da economia. Político visionário, Agostinho Neto tratou de concitar os angolanos para
Na semana em que se celebra o Dia do Herói Nacional, as notícias trazidas a público sobre os resultados do projecto Biocom (Companhia de Bioenergia de Angola), não deixam dúvidas quanto ao empenho do Executivo em diversificar a economia e a certeza de que, mais cedo do que o previsto, veremos os frutos dessa política em vários sectores de actividade.
Angola caminha para a plena garantia de auto-suficiência alimentar e o sector agro-pecuário é dos que contribuem de forma substancial para que possamos, a médio prazo, substituir grande parte das importações que o país ainda faz.
As perspectivas são francamente animadoras e, apesar da crise do preço do petróleo no mercado internacional, é um dado certo que Angola caminha firme para que outros produtos ganhem peso na pauta de exportações. O ritmo dos investimentos feitos fora do sector petrolífero tem vindo a alargar e a consolidar a base de sustentação da economia angolana, a qual, não obstante a actual conjuntura, ainda assim infunde confiança e optimismo no que diz respeito à manutenção e elevação do índice de crescimento. O projecto Biocom, um investimento público-privado de 750 milhões de dólares e que tem como meta produzir mais de dois milhões de toneladas de cana, o fabrico de 256 mil toneladas de açucar cristal branco, 28 mil metros cúbicos de etanol e 235 mil megawatts de energia, é apenas uma mostra de uma série de outros empreendimentos que vão mudar radicalmente a paisagem económica de Angola, conferindo-lhe a robustez que vai permitir impulsionar áreas de negócios e com isso fazer florescer a criação de novos empregos.
Os investimentos nos sectores da geologia e minas, turismo e hotelaria, pescas, entre outros, vão seguramente complementar um quadro de crescimento em que as indústrias transformadoras serão chamadas a desempenhar um papel crucial. Com efeito, é a transformação das matérias-primas o grande desafio de muitas economias emergentes, estando no cerne da questão a implantação e expansão das indústrias, de modo que haja uma cadeia completa no tratamento dos produtos, o que confere valor acrescentado aos mesmos, vantagens no plano comercial e em termos de receitas de exportação.
Desde a conquista da paz, em 2002,
Angola não pára de dar passos largos rumo ao desenvolvimento e progresso
social, contrariando as visões mais pessimistas sobre a sua capacidade de fazer
face aos desafios que se colocam no caminho da sua estabilidade macroeconómica,
política e social.
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