28 outubro 2010/Rádio Moçambique e Agência Brasil
Depois de quase sete anos de expectativa, chegou esta quarta-feira (27) a Maputo a primeira máquina da fábrica de remédios de combate à sida do país, que está a ser montada com auxílio do Brasil. O equipamento, uma emblistadeira, foi trazido do Rio de Janeiro para Maputo num avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB).
A máquina serve para moldar e embalar comprimidos. Foi levada para o local definitivo, um galpão na cidade vizinha da Matola, onde funciona uma fábrica de soro fisiológico e glicose propriedade do governo moçambicano.
“Os técnicos começam o treinamento já nos próximos dias. Eles vão aprender a montar um equipamento deste porte, bem como utilizar o maquinário depois”, disse a coordenadora do projecto, a brasileira Lícia de Oliveira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ela acompanhou a chegada da máquina na pista do aeroporto, junto com representantes da embaixada brasileira, três técnicos e o futuro director da fábrica, o também brasileiro Roberto Castrignani.
A Fiocruz será responsável pela gestão técnica da unidade, a primeira pública a produzir antirretrovirais em África. Laboratórios privados produzem remédios anti-sida em pequena escala em Uganda, no Quênia e na África do Sul.
Além da emblistadeira, outras máquinas virão do Brasil.
“Esta foi emprestada pela Fiocruz. As definitivas já foram compradas e chegam a partir de março do ano que vem”, explicou Lícia. Também foram encomendados diversos equipamentos para fabricação, controle de qualidade e armazenamento de remédios.
A fábrica de antirretrovirais é um desejo antigo de Moçambique. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, em 2003, a intenção de ajudar o projecto, durante a sua primeira visita a Moçambique. O Congresso brasileiro libertou a verba em dezembro do ano passado. Na visita que fará a Moçambique no mês que vem, entre os dias 9 e 10, o presidente Lula deve visitar o local onde a fábrica vai funcionar.
Moçambique é um dos dez países mais afectados pela Sida no mundo, com um índice de prevalência de 11,5% (no Brasil, por exemplo, é de 0,5%). Tem 1,5 milhão de infectados numa população de 22 milhões de pessoas. Diariamente, 85 crianças nascem com o vírus HIV no país. Segundo o escritório local do Programa das Nações Unidas para HIV-sida (Unsida), 200 mil moçambicanos são tratados com antirretrovirais. Bem mais que os 6 mil registados em 2005, mas longe do necessário.
Em setembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Baloi, informou, em reunião das Nações Unidas sobre as Metas do Milênio, que, mesmo com o avanço, o país não conseguirá atingir o seu objectivo no combate ao HIV. “Menos custo vai significar mais gente a ser atendida, porque teremos verba para comprar mais medicamentos, pagar mais médicos. É um ganho imenso”, relativizou o porta-voz do Ministério da Saúde moçambicano, Leonardo Chavane.
Além de antirretrovirais, a fábrica da Matola vai produzir medicamentos para combater a tuberculose e a malária. O prazo para o início das actividades depende, além da chegada dos equipamentos, do fim das obras de adequação do edificio (RM/Agência Brasil)
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