terça-feira, 26 de outubro de 2010

Revolução verde em Moçambique está ainda por acontecer

Maputo, Moçambique, 26 outubro 2010 - A produtividade agrícola em Moçambique é baixa e a revolução verde, iniciada há três anos, continua a não apresentar resultados, revela um relatório oficial com data de Agosto segunda-feira divulgado em Maputo.

Produzido pela Inspecção-Geral de Finanças e pela empresa de consultoria Eurosis, o relatório caracteriza o sector agrícola do país, informando que representa cerca de 20 por cento do Produto Interno Bruto, que a produção depende maioritariamente do sector familiar e que ocupa mais de 97 por cento dos 5 milhões de hectares actualmente cultivados, quando existem cerca de 36 milhões de hectares cultiváveis.

O mesmo documento acrescenta ainda que os níveis de produtividade agrária são baixos, dando exemplos: a rede comercial de meios de produção e produtos agrícolas é fraca (falta de estradas, armazenagem ou energia), a agricultura é principalmente de sequeiro (só dois por cento dos três milhões de hectares irrigáveis são utilizados), e “há falta de serviços básicos para garantir o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis”.

O relatório cita o pouco desenvolvimento de mercados, a pouca disponibilidade de instituições financeiras para investir no sector, o abuso do fogo, que provoca queimadas descontroladas, e a vulnerabilidade da produção, muito dependente das condições climatéricas.

A tudo isto juntam-se os surtos de pragas e falta de meios para as prevenir e combater, e a falta de quadros, particularmente a nível dos distritos.

Moçambique, adianta o relatório, tem no entanto um grande potencial agro-ecológico, desde logo disponibilidade de força de trabalho e de terra arável mas também “vastas áreas de pastagens”: mais de 12 milhões de hectares com apenas 1,2 milhões de bovinos e 4,3 milhões de caprinos.

O governo de Moçambique aprovou a Estratégia da Revolução Verde em 2007, destinada a aumentar rapidamente a produtividade agrícola, baseada na diversificação e intensificação de culturas.

Em 2008, para um horizonte de três anos, foi criado o Plano de Acção para a Produção de Alimentos, não tendo a estratégia, até à data, surtido os efeitos desejados. (macauhub)

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