As economias africanas têm crescido, mas os povos não têm beneficiado desse crescimento, afirmou a activista dos direitos das mulheres e das crianças Graça Machel.
15 outubro 2010 (Notícias)
Em declarações à Lusa à margem do segundo Fórum Empresarial Portugal-África do Sul, Graça Machel defendeu que “o grande desafio que os governos da África Austral têm de enfrentar é fazer com que o crescimento económico se traduza na redistribuição da riqueza para que se crie o bem-estar da grande maioria”.
Segundo a mulher do ex-Presidente sul-africano Nelson Mandela, os níveis de pobreza na região estão a ser reduzidos de alguma maneira, mas não com a rapidez que seria desejável.
“Mais do que isso, o fosso entre os ricos e os pobres está a crescer e por isso alguma coisa tem de ser feita de forma a criar uma nova engenharia de crescimento económico que faça com que o crescimento corresponda a uma melhoria imediata do bem-estar das populações”, explicou.
Questionada sobre o impacto da crise financeira global nas economias da África, Graça Machel mostrou-se convencida de que a maior consequência negativa sentida no continente foi a diminuição das exportações.
“Em muitos países, não foi sentida uma diminuição de investimentos nem fundos de cooperação, o que acontece é que, como não conseguimos exportar muito, os nossos orçamentos não cresceram o suficiente para se fazer o contra-balanço com aquilo que é a ajuda. Esse é que é o grande problema, nós exportamos para os países desenvolvidos e eles têm menos dinheiro para comprar. Mas em geral a África Austral aguentou-se bem em cenário de crise mundial”, concluiu.
Apesar de um moderado optimismo, Graça Machel advertiu que outros factores podem criar problemas adicionais e identifica a ameaça de seca como um dos perigos.
Como os países da África Austral não possuem as infra-estruturas de captação de água para irrigação e outros meios de gestão, afirma Graça Machel, a agricultura na sua maioria depende muito das chuvas.
“Neste momento, as chuvas já estão a ficar atrasadas e nós já estamos a ficar preocupados”, referiu.
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