4 outubro 2010/Rádio Moçambique e Macauhub
A participação de interesses mineiros brasileiros e chineses no sector do carvão em Moçambique será um dos motores para o crescimento económico do país em 2011, considera a agência de notação financeira Fitch, num relatório sobre o risco da dívida moçambicana.
A Fitch, que no mais recente relatório atribui uma notação de “B” à dívida pública de longo prazo moçambicana, prevê que a economia do país descole de 6,5 por cento em 2010 para 7,5 por cento em 2011 e 2012, uma taxa de crescimento “que se mantém visivelmente alta comparada com a média em países semelhantes”.
A escorar este crescimento, diz a agência de "rating", está a tentativa de diversificação dos “ grandes projectos” baseados em matérias-primas, cujos benefícios “tendem a manter-se concentrados em regiões económicas específicas”.
O crescimento em 2011 e 2012 vai, assim, segundo a Fitch, basear-se no “investimento [na diversificação], combinado com o início da produção e exportação de carvão, em 2011” , sobretudo na província de Tete, onde se situam as minas de Benga e Zambeze.
O grupo chinês Wuhan Iron and Steel Corp (WISCO) anunciou em Junho a compra de uma participação de 40 por cento na mina do Zambeze, por cerca de 800 milhões de dólares, para explorar a mina em parceria com a brasileira Companhia Siderúrgica Nacional, a australiana Riversdale e a indiana Tata Steel, num investimento total de dois mil milhões de dólares.
A Fitch cita estimativas que apontam para que “as duas minas juntas, que deverão entrar em produção em 2012, tenham 13 mil milhões de toneladas de reservas de carvão”.
“A presença de empresas siderúrgicas do Brasil e da China sugere que o carvão tenha como destino às empresas siderúrgicas destes países, que estão a crescer muito rápido”, diz a Fitch, que lembra que o Brasil, que não tem carvão e importa toda este fonte energética, tem como objectivo duplicar ou triplicar, até 2020, a sua produção de aço.
A China, maior produtora mundial de aço, “tem reservas domésticas de carvão, mas são de pouca qualidade, o que a leva a importar mais de metade das suas necessidades de carvão”, diz ainda a agência.
A WISCO, grupo siderúrgico estatal chinês com base na provincial de Hubei, tem uma produção anual de cerca de 40 milhões de toneladas.
A China é um dos maiores consumidores de carvão de coque, uma das matérias-primas para a produção de aço, e consome cerca de metade da produção mundial tendo, só em 2009, importado 34,4 milhões de toneladas.
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