sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Moçambique/Estatísticas- A quantas anda o país em preços e conjuntura financeira

As exportações de bens na primeira metade de 2010 cresceram em 10,9 porcento, o que reflecte a recuperação da demanda internacional comparativamente ao período homólogo de 2009. Assim, o valor das exportações totais de bens incrementou em USD 99.4 milhões para USD 1.009.6 milhões, devido ao crescimento das exportações realizadas pelos grandes projectos em 41,9 porcento para USD 803.9 milhões, perante uma queda de exportações de outros sectores que não integram esta categoria em 40,2 porcento, para USD 205.7 milhões.

1 outubro 2010/Notícias

As novidades contidas no informe do Banco de Moçambique intitulado Preços e Conjuntura Financeira, que dá conta dos últimos desenvolvimentos nesta matéria, em face do que o “Notícias” aborda na presente edição, alguns desses aspectos, tendo como base a referida publicação.

O ESFORÇO realizado pela economia durante o primeiro semestre do corrente ano, para o pagamento das responsabilidades para com o resto do mundo foi de USD 314.3 milhões, o que comparado com igual período de 2009 representou um crescimento de 7,5 porcento no valor da dívida externa. Expurgando a contribuição dos grandes projectos, o serviço de dívida mostra uma tendência crescente, com a particularidade de ser mais acentuada que no cenário em que se inclui aqueles empreendimentos.

Retirando da análise o financiamento excepcional, o serviço da dívida cresce em 6 porcento, acontecendo o mesmo quando se exclui os mega projectos, com a particularidade do crescimento ser também mais expressivo que no primeiro caso, dado que passa para 38,8 porcento.

O país endividou-se no exterior numa magnitude superior à igual período de 2009 em 7,7 porcento, a reflectir o crescimento em 10,6 porcento do endividamento da Administração Central, apesar da queda do endividamento do sector privado em 3,6 porcento.

Analisando os desenvolvimentos, o crescimento de 10,6 porcento no sector da Administração Central deveu-se ao aumento de empréstimos de retro cessão, perante a desaceleração dos desembolsos para programas e projectos públicos.

Desembolso para programas comum total de USD 29.5 milhões, provenientes do BAD e destinados ao programa de apoio à Reforma Económica, Boa Governação e Redução da Pobreza. Comparativamente a igual período de 2009, nota-se uma desaceleração em 2,5 porcento na componente de desembolsos de créditos para apoio directo ao Orçamento do Estado.

Desembolsos para projectos que reduziram em USDE 14 milhões para 42.3 milhões, sendo de destacar:

Desenvolvimento dos município, reforma do sector de comunicações, reestruturação de estradas e pontes, reabilitação dos portos e caminhos de ferro, capacity building para o ensino superior, saneamento de meio e desenvolvimento do vale do Zambeze, projectos que contaram com o financiamento externo do IDA no valor de USD 30.6 milhões.

Reabilitação da Barragem de Massingir, sistema de irrigação de pequena escala, desenvolvimento da pesca artesanal, reabilitação de estradas, apoio ao sector de educação na Fase IV, sector de saúde, saneamento urbano nas províncias de Nampula e Niassa, financiados pelo Banco Africano de Desenvolvimento, Fundo Africano de Desenvolvimento que no período em análise desembolsaram cerca de USD 2.8 milhões;

Reabilitação do sistema de saneamento na cidade de Maputo, projecto financiado pelo Banco Europeu de Investimentos no valor de USD 2.7 milhões;

Electrificação Rural na província de Cabo Delgado e desenvolvimento do projecto pesqueiro na província de Sofala, todos apoiados pelo Banco Árabe de Desenvolvimento – BADEA no montante de USD 2.5 milhões;

Projectos de desenvolvimento de pesca artesanal no banco de Sofala, Finanças Rurais e Agricultura, financiados pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA com USD 2 milhões.

EMPRESAS PÚBLICAS DESENVOLVERAM
No que toca aos desembolsos recebidos pela Administração Central e repassados às empresas públicas, estas registaram tendência contrária aos desembolsos para programas e projectos, pois incrementaram em USD 32 milhões para USD 105.8 milhões, direccionados para os sectores de actividade económica, tais como . comunicações , energético, desenvolvimento rural e construção que receberam fundos avaliados em USD 103.4 milhões provenientes de bancos comerciais estrangeiros ( Exim Bank Índia e China) no âmbito do processo de reestruturação do sistema de telecomunicações a nível nacional, electrificação rural da Alta Zambézia, Gaza, Nampula e Inhambane, Desenvolvimento e Água Rural Fase II.

Constam também os. Portos e Caminhos de Ferro com desembolsos da ordem de USD 2.0 milhões no quadro da reestruturação dos portos de Maputo e Beira, financiados pelo Grupo do Banco Mundial (IDA)

Os Grandes Projectos contraíram empréstimos na ordem de USD 11.1 milhões, resultando num peso de 27,2 porcento no total do endividamento privado, portanto 12,4 pontos percentuais acima do peso registado no primeiro semestre de 2009, seguido do sector industrial que beneficiou de crédito no valor de USD 16.4 milhões, perfazendo um peso de 40 porcento no total da estrutura de endividamento privado.

Os desembolsos externos de outros sectores deduzidos os grandes projectos, contribuíram com 72,8 porcento no volume de créditos contraídos pelo sector privado, o que comparado com igual o período de 2009 representa um decréscimo de 12,4 pontos percentuais., com realce para os sectores industrial ( com USD 16.4 milhões) e serviços de telecomunicações (USD 13.2 milhões).

OITO PRODUTOS DE EXPORTAÇÃO REGISTAM INCREMENTO
Os factores de variação dos principais produtos de exportação, no período em análise, comparativamente a igual período do ano anterior, são os seguintes;
No sentido de aumento, destacam-se as exportações do algodão e o valor obtido com a exportação da fibra de algodão cresceu em 4,5 porcento, por conta da subida do respectivo preço médio internacional em 48,9 porcento, fixando-se numa média máxima de USD 85.5 cêntimos por libra, se considerarmos os últimos quinze anos, para além de ter-se registado um aumento em 17,1 porcento da quantidade exportada.

No que toca à madeira,: a receita de exportação da madeira serrada e em toros cresceu em 12,3 porcento, para USD 14.9 milhões, tendo como principal mercado a China, devido principalmente ao aumento da procura.

A amêndoa de caju teve um incremento no valor exportado em 4,1 porcento, para USD 6.4 milhões, como efeito do aumento da quantidade de castanha adquirida pela indústria em 20 porcento.

A castanha de caju registou um aumento das vendas deste produto no mercado internacional em 74,1 porcento para USD 10.7 milhões, devido ao aumento da quantidade exportada.

Quanto à receita decorrente da exportação de gás ela aumentou em 14,4 porcento, devido ao aumento na produção e da quantidade exportada em 19,8 porcento e 10,3 porcento, respectivamente.

Alumínio: As receitas geradas com a exportação de lingotes de alumínio aumentaram em 50,3 porcento, para USD 561,3 milhões, o que decorre da subida do respectivo preço no mercado internacional em 49 porcento (de uma média de USD1,430 por tonelada nos primeiros seis meses de 2009 passou para USD 2.130 por tonelada no período homólogo de 2010.

Sobre a energia eléctrica: Crescimento das receitas em 11,8 porcento, para USD 140.8 milhões, como resultado do ajustamento tarifário, apesar de ter-se registado uma ligeira queda da quantidade exportada em 3,6 porcento (menos 3,4 porcento para a África do Sul e menos 14,5 porcento para Zimbabwe).

O incremento de limenite tem a ver com o aumento da procura no mercado internacional e recuperação do respectivo preço comparativamente ao período homólogo em 2009.

TRAJECTÓRIA DESCENDENTE DO CAMARÃO, TABACO E AÇÚCAR
Os produtos de exportação que tiveram uma trajectória descendente são :em primeiro lugar o camarão cujas : as receitas geradas pelas exportações de camarão reduziram em 35,3 porcento, devido à queda do respectivo preço médio internacional em 29,8 porcento e a lenta retoma da procura internacional ainda ressentida da crise financeira.

Enquanto isso, as vendas de tabaco no mercado internacional reduziram em 3 porcento para USD 45 milhões, como reflexo da queda do preço médio internacional em 3,8 porcento comparativamente ao período homólogo de 2009.

Relativamente ao açúcar, nos primeiros seis meses deste ano foram exportadas 9.5 mil toneladas de açúcar amarelo para os Estados Unidos, contra 26 mil para a União Europeia no período homólogo de 2009, tendo resultado na queda da respectiva receita de USD 14.6 milhões para USD 4 milhões, respectivamente.

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