quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Brasil não aceita versão dos EUA sobre bases militares

5 agosto 2009/Agência Estado

O governo brasileiro não aceitou a versão dos Estados Unidos sobre as bases militares que o país quer usar na Colômbia. O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, general Jim Jones, ouviu ontem no Palácio do Planalto que o acordo sobre as bases "parece resquício da Guerra Fria". A declaração engrossa a lista de divergências entre Brasília e Washington e pode pôr em risco a expectativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de construir uma relação bilateral mais profunda com o governo de Barack Obama.

"Afirmei que o presidente Lula manteve muito boas relações com o ex-presidente (George W.) Bush e alimenta uma expectativa ainda maior com Obama. Portanto, esperávamos que essa expectativa não viesse a ser frustrada", afirmou o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. O general leva para os EUA um recado: "Não desperdicem essa opinião favorável que existe no continente sobre Obama", contou Garcia. O governo brasileiro espera que a reação dos países da América do Sul leve a Colômbia a desistir do acordo.

O assessor relatou que, na conversa com Jones, enfatizou que a posição brasileira não era "idiossincrática" nem "ideológica", mas o ponto de vista de um governo que se relaciona muito bem com Colômbia e EUA. Para ele, a presença norte-americana nas bases próximas à fronteira com a Amazônia brasileira também pode significar risco à soberania nacional. Isso porque ainda não há detalhes sobre os objetivos dessas bases.

O general americano não dirimiu as dúvidas de Garcia. Apenas repetiu que o efetivo dos EUA na Colômbia não deve aumentar e afirmou que as bases estariam voltadas a ações humanitárias e no combate ao tráfico. "Cachorro mordido por cobra tem medo até de linguiça", resumiu Garcia, ao explicitar o temor de que as bases venham a abarcar objetivos que possam ferir a soberania nacional. "O fato de as bases existirem na região não nos parece um fator que contribua para a distensão."

Bases
Ontem, o comandante das Forças Armadas colombianas e ministro interino da Defesa, general Freddy Padilla, afirmou que o acordo discutido entre Washington e Bogotá deverá permitir que as forças norte-americanas utilizem sete e não apenas três bases militares no país sul-americano. O anúncio foi feito em meio ao início de um giro do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pelos países da região para explicar os objetivos do acordo militar.

Até então, a Colômbia havia confirmado a intenção de ceder apenas três bases aos EUA: Malambo, Palanquero e Apiay. As novidades estão no anúncio das bases do Exército de Tolemaida e Larandia e das bases navais de Cartagena e Bahía Málaga. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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