Praia, Cabo Verde, 31 agosto 2009 – A China vai apoiar projectos de desenvolvimento de infra-estruturas em Cabo Verde, nomeadamente de habitação social, energia, fabrico de cimentos e recuperação dos estaleiros navais Cabnave, num total superior a 240 milhões de dólares.
Para o efeito, o governo de Cabo Verde, que aspira a tornar-se numa das zonas económicas especiais da China em África, assinou na semana passada com o novo representante diplomático de Pequim no arquipélago um acordo para a criação de uma Comissão Conjunta de Cooperação Económica, Comercial e Técnica.
Segundo refere nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de Cabo Verde, o acordo tem em vista o “estabelecimento de um mecanismo regular de diálogo de desenvolvimento e cooperação, consubstanciado num instrumento programático de cooperação que engloba empréstimos sem juros, comerciais e projectos de investimento”.
Da carteira de projectos, adianta, constam a construção de habitação social nas ilhas de Santiago, S. Vicente, Boa Vista, Maio e Sal, que irá beneficiar de um financiamento de cerca de 100 milhões de dólares.
Entre os projectos bilaterais estão ainda a cimenteira de S. Cruz, avaliada em 65 milhões de dólares, bem como a recuperação dos estaleiros da Cabnave, que deverá custar entre 60 a 65 milhões de dólares.
Igualmente contemplada é a renovação da central eléctrica (Praia), projecto avaliado em 10 milhões de dólares, segundo a nota do governo cabo-verdiano.
Paralelamente, o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, José Brito e o novo embaixador chinês no país, Li Chunhua, assinaram um acordo visando a promoção do intercâmbio entre jovens cabo-verdianos e chineses.
No final do ano passado, a China e Cabo Verde assinaram um conjunto de acordos avaliados em 23 milhões de dólares, que contemplam o financiamento do Estádio Nacional, e construção da nova Maternidade e Central de Urgências do arquipélago.
O sector portuário e aduaneiro foi também apoiado, com a aquisição de três scanners, a serem instalados nos portos da Praia (Santiago), Porto Grande (São Vicente) e Palmeira (Sal).
A empresa portuária de Cabo Verde (Enapor) tem vindo a procurar investidores chineses para a expansão do Porto Grande do Mindelo, na ilha de S.Vicente, projecto de 324 milhões de dólares que visa sextuplicar, até 2030, a movimentação de cargas da infra-estrutura, maior do género no arquipélago.
O objectivo é que 100 por cento do capital seja de origem privada, embora se admita um modelo de investimento misto.
O modelo de operação pode passar por uma parceria público-privada (PPP), por um contrato de concessão das infra-estruturas ou por um acordo do género B.O.T. (Build, Operate, Transfer), em que no final de um período determinado, que serve para o investidor recuperar o seu investimento, as infra-estruturas revertem para o domínio público.
Dotado das melhores infra-estruturas portuárias do país, o Porto Grande dispõe de um cais de pesca, armazéns frigoríficos com capacidade de 6.000 toneladas, além de um terminal de cabotagem, para carga de mercadorias e de passageiros, com 230 metros de perímetro de acostagem e uma rampa "roll-on/roll off".
As autoridades cabo-verdianas têm ainda procurado capital chinês para o processo de privatização e de recuperação dos Estaleiros navais de Cabo Verde, que poderão vir a ser usados como base de reparação para 300 barcos chineses que operam na região, fazendo da ilha de São Vicente uma base de processamento de pescado.
O processo tem sido seguido de perto pela CNFC, grupo chinês de promoção da pesca, agricultura, comércio e indústria, acompanhado pela Cabo Verde Investimentos (CVI). (macauhub)
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