22 agosto 2009/timorlorosaenacao
Por Loro Foho
Para quem duvida que houve um Golpe de Estado em 2006, preparado pelas forças australianas, e chefiado por Xanana Gusmão e Ramos Horta, e que o objectivo era derrubar o Governo de Mari Alkatiri, e entregar Timor-Leste a Jonh Howard, vamos reflectir nalgumas coisas, nomeadamente no que é um Golpe de Estado.
Um Golpe de Estado implica um plano secretamente elaborado por pessoas que ambicionam fortemente o poder para dominar tudo e todos. Implica também um conjunto de acções estratégicas, consecutivas, premeditadas, que intencionam criar as condições ideais para a consumação do Golpe. Isto aconteceu em Timor-Leste.
Um Golpe de Estado é, de uma forma entendível, uma mudança súbita e agressiva na estrutura do Estado, imposta por elementos do poder, os quais agem utilizando a traição, o dinheiro, a manipulação de pessoas e a mentira imperando sobre a verdade. Isto aconteceu em Timor.
É uma ruptura violenta e intencional das principais instituições do Governo, principalmente na área da segurança, da justiça, e das finanças. Isto aconteceu também em Timor.
Acrescente-se que um Golpe de Estado tem uma anatomia própria, obedece a tácticas muito complexas, necessitando de participantes poderosos e de um certo tipo de gente, de baixo nível humano, para os apoiar nas suas maquinações secretas, sempre contra o povo, como não podia deixar de ser.
Compõe-se de uma estrutura que serve os interesses do terrorismo político e da corrupção interna e externa. É, só por si, uma organização altamente complexa, isenta de transparência para confundir e baralhar os dados, pois quando se torna urgente uma clarificação, a complexidade e o obscurantismo dessa estrutura é tal que dificilmente se vê a verdade.
Numa linguagem simples, porque eu sou do povo e, como tal partilho convosco os meus sentimentos, digo sem problemas de consciência, que o que aconteceu em Timor-Leste em 2006, foi realmente um Golpe de Estado. Basta relembrar declarações de Jonh Howard sobre Timor, na primeira quinzena de Maio de 2006, as quais serão relatadas nas páginas da nossa história.
Ou vão dizer que é invenção nossa e da própria imprensa mundial?
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As tácticas utilizadas no Golpe de Estado, não estão dentro do meu âmbito de entendimento, mas os seus resultados que saltam aos olhos de todos nós, foram e são ainda hoje relatados e analisados quer a nível nacional quer a nível internacional.
Somos um povo igual a tantos outros povos, que lutam pela sua independência, bem-estar económico e social.
Em 2002, Mari Alkatiri Alkatiri aceitou ser primeiro-ministro de Timor-Leste.
Contudo, nesse mesmo ano, já os sinais eram evidentes de que se pretendia enfraquecer até à ruptura, o Governo de Timor-Leste, só pelo facto de ser liderado por Alkatiri, um político que já revelava fortes convicções relativamente ao desenvolvimento sustentável da nação, à defesa das riquezas petrolíferas e muita coragem para enfrentar a Austrália e os seus desmedidos interesses relativamente ao mar de Timor e não só. Temos a sorte, que também é a nossa desgraça, de termos riquezas, que deveriam ser só nossas por direito próprio.
Com os ataques e interesses externos, aguentávamo-nos bem, pois estávamos unidos na força do sonho que tínhamos alcançado, sermos independentes e respeitados. Tínhamos condições para começar bem a nossa história como povo soberano e independente. Tínhamos um Primeiro-Ministro honesto, forte e resistente, Mari Alkatiri, e um Presidente carismático, que passava para o exterior uma imagem poética, artística, e ao mesmo tempo guerreira, Xanana. Mas o perigo veio de dentro, dos “nossos”.
O “mito” Xanana, começou a revelar-se, de surpresa, contra o seu povo, que o endeusou. E Xanana dividiu-nos e atiçou-nos contra o Governo de Alkatiri, e colocou-nos uns contra os outros, fazendo-nos acreditar que estávamos divididos, “lorasaes contra loromonos”. Com isto, ficámos totalmente nas mãos da Austrália, que tinha todo o interesse nessa divisão e na degradação das relações políticas internas.
Cedo começamos a perceber que o Primeiro-Ministro era um elemento indesejável para o Presidente, só pelo simples mas poderoso facto de Mari Alkatiri, o Primeiro-Ministro, ter uma visão diferente de Xanana Gusmão, o Presidente. Sorte para nós, pois a visão de Alkatiri era uma visão forte e consistente para a nação, porquanto que a visão de Xanana era uma visão fraca, perigosa e não consistente.
Alkatiri, queria mesmo o desenvolvimento, sem os OPORTUNISTAS A ENCHEREM-SE E A SONEGAREM O PAÍS.
Alkatiri estava a criar estruturas sólidas para desenvolver o país de uma forma verdadeiramente independente.
Alguém pode, honestamente, contrariar isto?
Dizer que tudo era um mar de rosas em Timor-Leste, seria inconsciência. É verdade que havia descontentamento em vários sectores, como consequência da aplicação de políticas restritivas devido ao pouco dinheiro existente nos cofres do Estado, e além disso, condicionado pelo “roubo” dos recursos naturais de Timor por parte da Austrália.
Mari Alkatiri tinha (e tem) uma grande mestria para defender os interesses de Timor no petróleo e no gás, prejudicando os interesses agressivos da Austrália e dos negociantes poderosos sem escrúpulos.
Mari Alkatiri criou o Fundo para o Petróleo, para proteger das garras da corrupção o dinheiro do petróleo de Timor. Os australianos conhecendo bem Mari Alkatiri, começaram a odiá-lo. Então, urgente se tornava preparar o golpe fatal, o qual só teria possibilidades de sucesso com a conivência plena e sem limites de altos membros do Governo de Mari Alkatiri.
Alguém duvida desta verdade?
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O complô para derrubar Mari Alkatiti, começou em 2002. Pois já nessa altura os Senhores poderosos perceberam que Alkatiri não estava a governar para agradar aos australianos, mas para preparar um futuro estável para Timor e o seu povo.
Parece-nos que o Sr. Gusmão, na altura Kay Rala Xanana Gusmão, não gostou da postura política de Mari Alkatiri e ficou muito preocupado, pois os interesses australianos estariam a ser postos em causa, pouco lhe importando os interesses do seu povo. Parece-nos que o mais importante para o Sr. Gusmão, era não melindrar a poderosa Austrália.
Percebia-se que o Sr. Gusmão estaria a arquitectar algo contra Mari Alkatiri, o qual era uma desilusão para ele, pois não se deixava ir na onda dos australianos, não era facilmente manipulável e, não sendo um mito, sendo simplesmente “o Chefe”, estava mesmo a trabalhar para libertar o povo das garras dos potenciais inimigos, o Governo de John Howard.
Poderá entender-se como normal, um governo acabado de nascer, ser alvo de tantas interferências estranhas por parte de muitos estrangeiros e organizações que se dizem trabalhar pela paz? E perante isto, o Presidente Xanana sentir-se confortável, e posicionar-se contra o Governo da jovem nação, de que ele era o representante máximo?
O desconforto parecia provir do seguinte:
MARI ALKATIRI JÁ REVELAVA TER UMA POSIÇÃO DURA RELATIVAMENTE AO PETRÓLEO E AO GÁS.
MARI ALKATIRI CORAJOSAMENTE DESAFIOU AS REIVINDICAÇÕES DA AUSTRÁLIA SOBRE O PETRÓLIO E O GÁS DE TIMOR.
Pareceu-nos desde muito cedo, e confirmámos mais tarde que,
A COMUNIDADE INTERNACIONAL EM TIMOR ESTAVA MUITO MAIS EM SINTONIA COM O LADO DA AUSTRALIA DO QUE COM OS NOSSOS SENTIMENTOS DE TIMORENSES.
Por isso foi tão fácil criar uma terrível crise e um habilidoso e manhoso Golpe de Estado.
A situação interna era muito complexa, difícil de dominar, porque a Austrália, Xanana e Ramos Horta, queriam a todo o custo o derrube de Mari Alkatiri, o qual nunca se deixou intimidar por Jonh Howard e, mesmo prejudicando a sua imagem política, lutou quanto pode pelos verdadeiros interesses de Timor e do seu povo e, enfrentou Xanana e Ramos Horta de cabeça levantada, com dignidade e respeito pelo povo. Revelou ser um político como já há poucos.
Quem está fora da política não entende o quanto foi difícil liderar um governo que estava a ser alvo constante de conspirações internas e externas, altamente perigosas e criminosas para os destinos da nação. O ambiente interno era muito frágil, alguns “estrangeiros” encarregavam-se de pactuar com as “tramas secretas” já em curso no sentido de derrubar o Governo. Rumores, calúnias e ódios contra Alkatiri e a Fretilin, eram o prato de cada dia.
Com o passar do tempo e das conturbações intencionalmente provocadas, os descontentamentos eram muitos, uns com razões válidas, outros fomentados, pois tinha de se criar um “clima” propício para a preparação, execução e consumação do Golpe de Estado, com vista a derrubar Mari Alkatiri e o seu Governo por inteiro.
Os graves distúrbios ocorridos em Abril de 2006, tinham em vista “outros” propósitos muito mais complexos que corrigir os erros e a instabilidade interna “provocada”.
Os “estrangeiros” e pessoas do exterior que apareceram subitamente em Timor, já eram os tentáculos de quem tentou e conseguiu dividir a nação.
Os australianos queriam Alkatiri fora. Não esquecendo que os representantes da igreja católica de Timor-leste também queriam.
E se bem o queriam, melhor o fizeram, por isso organizaram a famigerada manifestação de 2005, a qual nos fez recordar o período negro, terrível, da Inquisição.
Ou vão dizer que é invenção?
Pairava no ar uma tensão permanente. Contudo, ainda não acreditávamos que Xanana estava já a “trabalhar” em conspirações altamente secretas. Muitos de nós, povinho crente, não acreditávamos no que os olhos viam.
O importante para Xanana e seus discípulos era abrir as portas para a Austrália entrar em força. Essa era a realidade à frente dos olhos. A ONU ajudou, pactuou, para tristeza da própria ONU, que só ficou a perder em termos de credibilidade perante o Mundo.
Mais importante para Xanana era garantir a segurança económica da Austrália. O futuro do povo timorense pouco lhe importava, porque já era, por destino um “povo sofredor”, habituado ao sofrimento, por isso toca a andar para a frente rumo aos golpes de traição, consecutivos.
A violência que foi paga em 2006, para derrubar o governo de Alkatiri, e criar uma crise social terrível, é a mesma “violência” que compra agora a paz, uma paz degradante que só é garantida a preço de ouro.
Em 2006, ninguém tinha dúvidas de que Timor estava a ser vítima de um Golpe de Estado, com tácticas muito sofisticadas, tendo grandes potencias por trás a comandar os actos do Sr. Xanana, o qual era totalmente apoiado pelos “caçadores de ouro negro” e por um grande exército de “estrangeiros” que se penduraram a aplaudi-lo, pois sabiam que a “mina” poderia ser inesgotável.
Quem pagou a todos os que semearam a violência da crise de 2006? Uma pergunta que merece ser reflectida.
Alkatiri, foi obrigado a demitir-se. Vitória para Jonh Howard, vitória para Xanana. Derrota para o povo timorense.
Mas um dia, terá de ser explicado ao povo timorense quem se envolveu neste plano maquiavélico, golpista, sujo, cheio de vis traições. A História assim o exigirá, não pela violência, mas pela Verdade que reina acima de todas as coisas.
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