Macau, China, 23 agosto 2009 – Angola e São Tomé e Príncipe reforçaram a sua importância na política energética externa da China, por via de aquisições que as petrolíferas estatais chinesas têm em curso, aproveitando a baixa do preço dos activos.
A aquisição da Addax pela Sinopec, aprovada este mês por Pequim, dá à petrolífera chinesa controlo de metade dos quatro blocos da zona de desenvolvimento conjunto São Tomé e Príncipe-Nigéria (JDZ) e também poderá estimular o desenvolvimento desta, segundo os analistas Samuel Ciszuk e Tom Grieder, da revista Petroleum World.
“A aquisição da Addax pela Sinopec deverá acelerar a exploração na JDZ das águas de São Tomé e Príncipe”, numa região do Golfo da Guiné que “vai exigir significativos investimentos e é portanto mais apropriada ao desenvolvimento de uma empresa estatal que tenha bolsos fundos´”, referem os analistas norte-americanos.
Com a aquisição, a petrolífera chinesa torna-se no “actor principal no sector petrolífero são-tomense” e terá “influência considerável na forma como serão desenvolvidas potenciais reservas comerciais”, adiantam.
Na semana passada, a Sinopec anunciou que a primeira perfuração no Bloco 2 (Bomu-1) terá lugar antes do fim de Agosto, através da plataforma Sedco-702, a uma profundidade total de 3.536 metros.
Os resultados deverão estar disponíveis no último trimestre do ano.
Apesar da ausência de relações diplomáticas entre a China e São Tomé e Príncipe, que reconhece Taiwan, a Sinopec dispõe de representação na capital são-tomense e tem vindo a acompanhar de perto o processo de licitação de blocos também na zona económica exclusiva são-tomense, que deverá arrancar em Novembro.
Com a compra da Addax, passa a operar dois dos quatro blocos da ZDC (2 e 4) , além de participar do bloco 1, operado pela norte-americana Chevron, e também no bloco 3 (Anadarko).
A onda de aquisições das petrolíferas estatais chinesas passa também por Angola, onde Sinopec e CNOOC International asseguraram a compra de parte da participação da Marathon Oil, quarto maior produtor de petróleo, no Bloco 32, operado pela Total (30 por cento).
A parceria, detida em partes iguais pelas duas petrolíferas, vai comprar 20 por cento do bloco, pagando integralmente em dinheiro, a um preço em torno de 1,3 mil milhões de dólares, retendo a Marathon uma participação de 10 por cento no consórcio.
“Estamos felizes por a CNOOC ter agarrado esta rara oportunidade de aquisição de capital. Desde que estamos cotados, estamos a aderir à política de avaliações de custo e valor”, comentou o presidente da petrolífera, Yang Hua.
Com uma área total de 5.090 quilómetros quadrados, a 150 quilómetros da costa angolana, o Bloco 32 é considerado rico em petróleo e gás, e situam-se nas suas águas alguns dos mais promissores desenvolvimentos petrolíferos no país, como Gindungo, Canela ou Gengibre.
Pela compra da Addax, a Sinopec vai pagar 7,5 mil milhões de dólares, a maior aquisição feita até hoje por uma empresa no estrangeiro, num negócio que inclui os activos na JDZ e também no Iraque (Curdistão).
O negócio, afirmam os analistas da Petroleum World, demonstra a “agressiva estratégia global de aquisições lançada pelas petrolíferas estatais chinesas na sequência da crise financeira, tendo em vista ampliar as suas reservas e produção petrolífera e consolidar o seu portfólio global de activos em mercados de elevado potencial”.
A Sinopec aumenta assim a sua presença no “upstream” (exploração e produção) e pode integrar melhor as suas operações, para além de reduzir a sua vulnerabilidade à volatilidade dos preços do petróleo” e de ganhar conhecimentos na extracção petrolífera em águas ultra-profundas, que poderão vir a ser úteis em projectos no Mar da China, sublinham.
Hoje, o centro das operações da petrolífera chinesa é a refinação, a qual depende em 70 por cento de importações.
O negócio Sinopec-Addax, defendem os analistas Samuel Ciszuk e Tom Grieder, “contribui para os mais vastos objectivos da política de energia da China”. (macauhub)
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