Maputo, 11/outubro - O Executivo de Moçambique deu o seu aval para a instalação no país da primeira fábrica de etanol, primeira etapa para geração de biocombustíveis, um polémico empreendimento orçado em 358 milhões de euros, fez saber hoje (quinta-feira) a Lusa. A fonte indica que o pedido de autorização do investimento para a produção de etanol era matéria de discussão secreta entre as autoridades moçambicanas e os seus proponentes.
Um grupo de agricultores do distrito de Chókwé, que beneficiam da mesma barragem que fornecerá água para a produção de cana-de-açúcar, matéria-prima básica para a produção de etanol, denunciou uma alegada catástrofe ambiental que o empreendimento poderá causar nos recursos hídricos da região, devido aos consumos excessivos de água que o cultivo da cana-de-açúcar em moldes industriais acarreta.
Num claro sinal de que a aposta do Governo nos biocombustíveis é para levar a sério, o ministro moçambicano da Agricultura, Erasmo Muhate, anunciou quarta-feira a assinatura do acordo de investimento com o representante da Procana, uma sociedade de capitais estrangeiros e moçambicanos, que vai montar a referida fábrica, Isak Holtzhausen.
Ao abrigo do referido acordo, a Procana vai produzir 120 milhões de litros de etanol por ano, permitindo ao país gerar biocombustíveis, não só para consumo interno, mas também para exportação, sobretudo para a África Austral, referiu Muhate.
A cana-de-açúcar para a produção do etanol será cultivada no distrito de Massingir, província de Gaza, sul do país, e será abastecida pela barragem de Massingir, que irriga os solos agrícolas desta área, mas sobretudo do distrito de Chókwé, uma das zonas mais produtivas do país.
A preparação dos terrenos para o cultivo da cana-de-açúcar começa já na próxima semana e a produção de etanol vai iniciar-se dentro de cinco anos.
"Massingir é um distrito onde muitas pessoas emigram para a África do Sul, espero que com este empreendimento o distrito se transforme em cidade e beneficie mais as comunidades locais", disse o titular do pelouro da Agricultura.
As vantagens com a produção do etanol em Massingir traduzir-se-ão no emprego de sete mil pessoas e em receitas de mais 28 milhões de euros, a partir de 2010, acrescentou Erasmo Muhate.
O representante da Procana mostrou-se satisfeito com o ambiente de investimentos criado pelo Governo, apontando-o como determinante para a opção da sua empresa em instalar a primeira empresa de etanol em Moçambique. (AngolaPress)
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